Capítulo 26

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Louis

Não entendi nada. Ontem estava beijando Alice no píer, pensando que tinha entrado num sonho, e agora parece que eu realmente sonhei. As mensagens dizendo para eu me afastar e não procurá-la mais vieram acompanhadas do bloqueio do meu contato no celular dela. Nenhuma mensagem minha é recebida, a foto de perfil desapareceu. E eu estou sentado com cara de tacho no sofá da casa de Lucy, enquanto ela fala sobre alguma coisa da banda.

— Louis, presta atenção. Isso é importante. — Minha irmã estala os dedos na frente dos meus olhos e eu volto pra realidade.

— Desculpa, do que tava falando?

— De você me emprestar o carro no dia do show que a banda tem em Vegas. — Enquanto ela fala, começo a divagar novamente, me lembrando da hora que fui deixar Alice em casa ontem.

— Ah sim.

— Desisto. O que aconteceu? — Ela me conhece extremamente bem.

— Alice aconteceu. Essa menina vai me deixar maluco. — Jogo a cabeça pra trás no sofá e fico encarando o teto.

— Explica, Louis.

— Eu não sei nem por onde começar. — Continuo na mesma posição estranhamente confortável.

— Pelo começo.

— Lucy, é sério. — Encaro minha irmã. — Tem alguma coisa errada com ela.

— Não fala assim da menina, Lou.

— Não, você não entendeu. — Corrijo rápido. Eu não quis dizer o que pareceu. — Vou tentar te contar o que aconteceu ontem.

— Tô esperando.

— Eu estava na lanchonete quando o turno das meninas acabou. — Recebo um olhar confuso. — Hope e Alice.

— Ah.

— Eu ofereci uma carona e elas acabaram aceitando. Deixei Hope em casa primeiro porque ela mora super longe e então pensei que ia ser uma boa ideia levar Alice pra Santa Mônica outra vez. Nós conversamos e ela aceitou.

— Ok, isso é mentira. — Ela fala rindo e eu a encaro sério. Se essa garota continuar com as piadinhas eu paro de falar.

— Lucy, eu realmente tô tentando falar sério. — Acho que ela percebeu que não dá pra ficar brincando muito agora e que a minha paciência está incrivelmente reduzida pra isso. — Quando a gente chegou lá, fomos ao píer e, acredite ou não, ela me beijou.

— Ela te beijou, ou você a beijou? — Ok, eu entendo essa dúvida. Até eu teria ela se fosse alguém me contando essa história.

— Ela. Eu disse que estava nas mãos dela. E ela me beijou.

— Isso é quase inacreditável. — Eu sei Lucy, eu sei muito bem. Ela é muito pra mim.

— Exatamente. — Suspiro me lembrando do que aconteceu logo depois. — Depois disso... tudo mudou. A expressão dela era outra, as reações. Ela pediu pra ir pra casa e eu aceitei, óbvio. Não sou doido de obrigar a menina a ficar lá comigo.

— Criei direitinho.

— Ela dormiu no caminho de volta.

— O que você fez? — Ah pronto. Não era ela que estava toda orgulhosa há dois segundos?

— Nada. Eu juro. Quando fui acordá-la, ela deu um pulo, toda assustada. Lucy, ela não deixava eu chegar perto dela, foi muito estranho. E então hoje... — Mostro meu celular aberto na conversa com Alice.

— Nossa. Ela parece com medo de alguma coisa. — Eu sei, percebi isso desde o início dessa história.

— Exatamente. — Fico um tempo em silêncio. Tentando pensar no que pode deixá-la com tanto medo. — Se ela ao menos me dissesse se eu fiz algo errado, se foi alguma coisa que eu falei.

— Louis, você mesmo já falava antes que ela te evitava.

— E evitava, mas não assim. — É diferente agora. — A gente começou a se entender, mas alguma coisa deu errado.

— Já parou pra pensar que o problema pode não ser em você? — Do que ela tá falando?

— Como assim?

— E se ela perdeu alguém que amava muito? — Que pesado.

— Você acha que isso é possível?

— É uma opção. As pessoas se apaixonam, se encantam, idealizam e criam uma vida inteira do lado de alguém. Mas algumas vezes, coisas ruins acontecem e as tiram de nós mais cedo do que gostaríamos. Nem todo mundo aprende a lidar com essa dor. — Isso foi tão... profundo?

— Você está me dizendo, que Alice pode ter me afastado, porque já perdeu alguém que amou muito, e agora tem medo de me amar da mesma forma, e me perder também?

— Não deixa de ser uma opção. Mas... tem outra coisa.

— O quê? — Eu sei o que é, não sou idiota, mas preciso ter certeza de que ela cogita isso.

— Não gosto nem de pensar nisso, é horrível demais só pensar que isso pode ter acontecido com ela.

— Eu sei do que você está falando. Não é como se eu não tivesse pensado nisso, mas também prefiro acreditar que ela não passou por algo do tipo.

— Então ficamos com a teoria do amor perdido? — Minha irmã parece realmente convencida disso.

— Não. Lucy, eu quero descobrir o que aconteceu. Óbvio que pode ser isso, mas se foi algo que eu disse ou fiz, eu preciso saber o que foi pra consertar.

— Dá um tempo pra ela.

— Eu vou, relaxa. Ela me bloqueou em tudo. — Ou seja, nem se eu não quisesse dar um tempo pra ela. — Vou esperar alguns dias e se ela não me desbloquear, eu vou na lanchonete pra tentar falar com ela.

— E se ela não quiser falar com você? — O que ela espera que eu diga? Que vou obrigar a garota a falar comigo?

— É direito dela. Mas eu não vou desistir.

— Vai atormentar a amiga dela né? — É minha única saída.

— Só um pouquinho. Se for algo muito pessoal, ela não vai expôr a Alice. Eu tenho certeza.

— Lou, só não deixa sua vida virar do avesso por causa disso. Alice é uma menina legal e pode ter se assustado com o beijo, sei lá. Dá tempo pra ela e talvez um dia vocês voltem a se falar, como amigos. — Como amigos. — Sem pressão.

— É, talvez um dia né.

— É sério.

— Eu sei. Vou me afastar, como ela pediu. — Eu não tenho outra opção. Pelo menos não agora. E mesmo se eu tivesse, ainda respeitaria o espaço dela.

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