Louis
Não entendi nada. Ontem estava beijando Alice no píer, pensando que tinha entrado num sonho, e agora parece que eu realmente sonhei. As mensagens dizendo para eu me afastar e não procurá-la mais vieram acompanhadas do bloqueio do meu contato no celular dela. Nenhuma mensagem minha é recebida, a foto de perfil desapareceu. E eu estou sentado com cara de tacho no sofá da casa de Lucy, enquanto ela fala sobre alguma coisa da banda.
— Louis, presta atenção. Isso é importante. — Minha irmã estala os dedos na frente dos meus olhos e eu volto pra realidade.
— Desculpa, do que tava falando?
— De você me emprestar o carro no dia do show que a banda tem em Vegas. — Enquanto ela fala, começo a divagar novamente, me lembrando da hora que fui deixar Alice em casa ontem.
— Ah sim.
— Desisto. O que aconteceu? — Ela me conhece extremamente bem.
— Alice aconteceu. Essa menina vai me deixar maluco. — Jogo a cabeça pra trás no sofá e fico encarando o teto.
— Explica, Louis.
— Eu não sei nem por onde começar. — Continuo na mesma posição estranhamente confortável.
— Pelo começo.
— Lucy, é sério. — Encaro minha irmã. — Tem alguma coisa errada com ela.
— Não fala assim da menina, Lou.
— Não, você não entendeu. — Corrijo rápido. Eu não quis dizer o que pareceu. — Vou tentar te contar o que aconteceu ontem.
— Tô esperando.
— Eu estava na lanchonete quando o turno das meninas acabou. — Recebo um olhar confuso. — Hope e Alice.
— Ah.
— Eu ofereci uma carona e elas acabaram aceitando. Deixei Hope em casa primeiro porque ela mora super longe e então pensei que ia ser uma boa ideia levar Alice pra Santa Mônica outra vez. Nós conversamos e ela aceitou.
— Ok, isso é mentira. — Ela fala rindo e eu a encaro sério. Se essa garota continuar com as piadinhas eu paro de falar.
— Lucy, eu realmente tô tentando falar sério. — Acho que ela percebeu que não dá pra ficar brincando muito agora e que a minha paciência está incrivelmente reduzida pra isso. — Quando a gente chegou lá, fomos ao píer e, acredite ou não, ela me beijou.
— Ela te beijou, ou você a beijou? — Ok, eu entendo essa dúvida. Até eu teria ela se fosse alguém me contando essa história.
— Ela. Eu disse que estava nas mãos dela. E ela me beijou.
— Isso é quase inacreditável. — Eu sei Lucy, eu sei muito bem. Ela é muito pra mim.
— Exatamente. — Suspiro me lembrando do que aconteceu logo depois. — Depois disso... tudo mudou. A expressão dela era outra, as reações. Ela pediu pra ir pra casa e eu aceitei, óbvio. Não sou doido de obrigar a menina a ficar lá comigo.
— Criei direitinho.
— Ela dormiu no caminho de volta.
— O que você fez? — Ah pronto. Não era ela que estava toda orgulhosa há dois segundos?
— Nada. Eu juro. Quando fui acordá-la, ela deu um pulo, toda assustada. Lucy, ela não deixava eu chegar perto dela, foi muito estranho. E então hoje... — Mostro meu celular aberto na conversa com Alice.
— Nossa. Ela parece com medo de alguma coisa. — Eu sei, percebi isso desde o início dessa história.
— Exatamente. — Fico um tempo em silêncio. Tentando pensar no que pode deixá-la com tanto medo. — Se ela ao menos me dissesse se eu fiz algo errado, se foi alguma coisa que eu falei.
— Louis, você mesmo já falava antes que ela te evitava.
— E evitava, mas não assim. — É diferente agora. — A gente começou a se entender, mas alguma coisa deu errado.
— Já parou pra pensar que o problema pode não ser em você? — Do que ela tá falando?
— Como assim?
— E se ela perdeu alguém que amava muito? — Que pesado.
— Você acha que isso é possível?
— É uma opção. As pessoas se apaixonam, se encantam, idealizam e criam uma vida inteira do lado de alguém. Mas algumas vezes, coisas ruins acontecem e as tiram de nós mais cedo do que gostaríamos. Nem todo mundo aprende a lidar com essa dor. — Isso foi tão... profundo?
— Você está me dizendo, que Alice pode ter me afastado, porque já perdeu alguém que amou muito, e agora tem medo de me amar da mesma forma, e me perder também?
— Não deixa de ser uma opção. Mas... tem outra coisa.
— O quê? — Eu sei o que é, não sou idiota, mas preciso ter certeza de que ela cogita isso.
— Não gosto nem de pensar nisso, é horrível demais só pensar que isso pode ter acontecido com ela.
— Eu sei do que você está falando. Não é como se eu não tivesse pensado nisso, mas também prefiro acreditar que ela não passou por algo do tipo.
— Então ficamos com a teoria do amor perdido? — Minha irmã parece realmente convencida disso.
— Não. Lucy, eu quero descobrir o que aconteceu. Óbvio que pode ser isso, mas se foi algo que eu disse ou fiz, eu preciso saber o que foi pra consertar.
— Dá um tempo pra ela.
— Eu vou, relaxa. Ela me bloqueou em tudo. — Ou seja, nem se eu não quisesse dar um tempo pra ela. — Vou esperar alguns dias e se ela não me desbloquear, eu vou na lanchonete pra tentar falar com ela.
— E se ela não quiser falar com você? — O que ela espera que eu diga? Que vou obrigar a garota a falar comigo?
— É direito dela. Mas eu não vou desistir.
— Vai atormentar a amiga dela né? — É minha única saída.
— Só um pouquinho. Se for algo muito pessoal, ela não vai expôr a Alice. Eu tenho certeza.
— Lou, só não deixa sua vida virar do avesso por causa disso. Alice é uma menina legal e pode ter se assustado com o beijo, sei lá. Dá tempo pra ela e talvez um dia vocês voltem a se falar, como amigos. — Como amigos. — Sem pressão.
— É, talvez um dia né.
— É sério.
— Eu sei. Vou me afastar, como ela pediu. — Eu não tenho outra opção. Pelo menos não agora. E mesmo se eu tivesse, ainda respeitaria o espaço dela.
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Summer Love
Teen FictionEm 2016, as famílias de Alice e Louis decidiram passar o 4 de julho juntas, fazendo assim, com que os dois adolescentes se encantassem um pelo outro, mas depois do feriado, eles perderam completamente o contato. Três anos mais tarde, Louis cruza o p...