Alice
Assim que pisei em casa mandei mensagem para Hope. Ela estava com a Kiera, mas o desespero para saber como tudo tinha sido e minha vontade de contar era tanta que disse que ela também poderia vir pra cá. Uma hora todos os meus amigos vão ficar sabendo mesmo. As duas chegaram muito rápido e o melhor de tudo, elas trouxeram comida.
— Conta, como foi? - Hope pede assim que se joga na minha cama.
— Qual parte?
— Tudo. Como são os pais dele? — Começou com a pergunta errada.
— Horríveis. A mãe dele não gostou de mim logo de primeira. O pai até tentou.
— Nossa.
— Eu só vi os dois uma vez, que foi quando a gente chegou, na sexta à noite.
— Menos mal então. — Kiera comenta e eu concordo. Teria sido horrível se eu tivesse que encará-los hoje de manhã. — O que vocês fizeram ontem?
— Eu acordei super tarde, mas deu tempo de ir no Central Park, de ver a estátua da liberdade e ir na Times Square.
— Pelo menos não ficaram correndo de um lado para o outro para ir em muito lugar, é horrível.
— É... -—Coloco um punhado de balinhas de goma na boca e começo a mastigar devagar.
— Vamos, Alice. Você tá com aquela cara de quem quer falar mais.
— Eu vou falar mais, só... esperem. — Confiro meu celular.
— Esperar o quê, exatamente?
— Eu!
— Ethan. — Meu melhor amigo entra no quarto e joga a chave da minha casa para mim. Pedi para ele vir também e avisei que deixaria a porta aberta para ele.
— Ah, agora conta. — Hope está inquieta. Ela já desconfia de alguma coisa.
— Bom, depois de todo o passeio turístico ontem, nós voltamos para o apartamento dos pais dele e... é, vocês sabem.
— Não, não sabemos. — Eles querem me fazer falar.
— Nós transamos.
— Vocês o quê? — Ok, talvez o Ethan estivesse mesmo confuso. — Eu vou matar... peraí. Você queria? — Confesso que é bom ouvir essa pergunta, como se ele quisesse garantir que nada de ruim tenha acontecido.
— Sim? Por isso eu tô aqui, conversando com vocês, e não em uma delegacia.
— Então isso é ótimo. — Ele fala.
— É quase inacreditável. — Kiera observa e eu sou obrigada a concordar.
— Como foi? — Hope é do tipo que gosta de informações completas, mas nesse caso é... pessoal demais, certo?
— Normal, eu acho. Foi minha primeira vez, lembra? — Nem se eu quisesse, teria como comparar alguma coisa.
— Ah.
— Vocês pelo menos usaram camisinha? — Ethan pergunta e eu forço um sorriso. Estava esperando por esse momento.
— História engraçada.
— Ah não, Alice. Eu sou muito novo pra ser tio.
— E eu pra ser mãe. A gente não lembra se realmente usou, então eu tomei a pílula.
— Isso é seguro? — Kiera pergunta e eu tremo um pouco. E se não for seguro?
— Acho que é.
— Uma prima minha já tomou várias vezes, sempre funcionou. — Hope fala e eu respiro aliviada. Óbvio que isso é seguro, por isso é o plano b.
— Então temos. Sem bebê aqui.
— Tomara né.
— Relaxa. Sempre funciona. — Hope fala com tanta certeza que eu me convenço de vez de que é impossível alguma coisa dar errada.
— Agora termina de contar como foi.
— O que mais você quer que eu fale?
— Qual o tam...
— Ethan calado, nos poupe. — Kiera o interrompe e eu não consigo conter uma risada alta. — Como foi hoje?
— Ah, eu acordei com a mãe dele berrando, falando que eu estava manipulando e usando ele. — Falo tão naturalmente que o choque deles é um choque para mim.
— Como é?
— Não importa.
— Alice, o que aquela mulher falou? — O nó volta a se formar na minha garganta e a voz dela ecoa na minha cabeça.
— Nada importante.
— Então por que você tá segurando o choro? — Suspiro.
— Porque ela pode estar certa. Não sobre eu manipular o Louis, óbvio.
— Ela não parece sensata o suficiente pra ter falado algo que preste. — E não é, mas isso não vem ao caso.
— Ela disse que eu não sou a garota certa pro Louis, como se falasse que eu vou atrapalhá-lo. — Não lembro exatamente e ela gritava demais, mas tenho certeza que foi algo desse tipo.
— E como ela poderia estar certa sobre isso? Alice, até hoje tudo que você fez foi ajudar esse menino. Ele te ama. — Sorrio ao me lembrar de mais cedo.
— É, eu sei. Ele falou hoje.
— Ele falou que te ama? E você? — Kiera fica empolgada por causa de uma frase, imagina se um dia essa criatura for pedida em casamento.
— O que tem eu?
— Falou o quê?
— Nada.
— Alice! - Sou repreendida pelos três.
— Da última vez que eu falei que amava alguém... eu nem amava mesmo a pessoa.
— E aí está a diferença. — Hope fala.
— Deixa. Não vai adiantar. — Ethan me ajuda na situação.
— Exatamente.
— Alice, sua vida é muito agitada. — Kiera fala depois de um bom tempo em silêncio.
— Oi?
— Em um final de semana, você foi pra Nova Iorque, transou pela primeira vez, ouviu a mãe do seu namorado falando super mal de você e tá aqui de volta, pleníssima. — Hope completa para a namorada.
— Quase plena, aquela pílula ainda pode falhar.
— Não brinca com essas coisas, Kiera. Não vai falhar. — Ethan a repreende. Com essas coisas não dá pra brincar.
— Nem pode. O Louis nem casa tem mais, imagina sustentar um bebê. — Seria um verdadeiro caos.
— Oi?
— Ele foi deserdado, igual a Lucy.
— Mas e aqui? — Hope fala e eu fico sem entender direito o que ela quer dizer.
— O que tem aqui?
— Ele pode vir morar aqui. — Morar aqui?
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Summer Love
Teen FictionEm 2016, as famílias de Alice e Louis decidiram passar o 4 de julho juntas, fazendo assim, com que os dois adolescentes se encantassem um pelo outro, mas depois do feriado, eles perderam completamente o contato. Três anos mais tarde, Louis cruza o p...