Capítulo 58

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Alice

Assim que pisei em casa mandei mensagem para Hope. Ela estava com a Kiera, mas o desespero para saber como tudo tinha sido e minha vontade de contar era tanta que disse que ela também poderia vir pra cá. Uma hora todos os meus amigos vão ficar sabendo mesmo. As duas chegaram muito rápido e o melhor de tudo, elas trouxeram comida.

— Conta, como foi? - Hope pede assim que se joga na minha cama.

— Qual parte?

— Tudo. Como são os pais dele? — Começou com a pergunta errada.

— Horríveis. A mãe dele não gostou de mim logo de primeira. O pai até tentou.

— Nossa.

— Eu só vi os dois uma vez, que foi quando a gente chegou, na sexta à noite.

— Menos mal então. — Kiera comenta e eu concordo. Teria sido horrível se eu tivesse que encará-los hoje de manhã. — O que vocês fizeram ontem?

— Eu acordei super tarde, mas deu tempo de ir no Central Park, de ver a estátua da liberdade e ir na Times Square.

— Pelo menos não ficaram correndo de um lado para o outro para ir em muito lugar, é horrível.

— É... -—Coloco um punhado de balinhas de goma na boca e começo a mastigar devagar.

— Vamos, Alice. Você tá com aquela cara de quem quer falar mais.

— Eu vou falar mais, só... esperem. — Confiro meu celular.

— Esperar o quê, exatamente?

— Eu!

— Ethan. — Meu melhor amigo entra no quarto e joga a chave da minha casa para mim. Pedi para ele vir também e avisei que deixaria a porta aberta para ele.

— Ah, agora conta. — Hope está inquieta. Ela já desconfia de alguma coisa.

— Bom, depois de todo o passeio turístico ontem, nós voltamos para o apartamento dos pais dele e... é, vocês sabem.

— Não, não sabemos. — Eles querem me fazer falar.

— Nós transamos.

— Vocês o quê? — Ok, talvez o Ethan estivesse mesmo confuso. — Eu vou matar... peraí. Você queria? — Confesso que é bom ouvir essa pergunta, como se ele quisesse garantir que nada de ruim tenha acontecido.

— Sim? Por isso eu tô aqui, conversando com vocês, e não em uma delegacia.

— Então isso é ótimo. — Ele fala.

— É quase inacreditável. — Kiera observa e eu sou obrigada a concordar.

— Como foi? — Hope é do tipo que gosta de informações completas, mas nesse caso é... pessoal demais, certo?

— Normal, eu acho. Foi minha primeira vez, lembra? — Nem se eu quisesse, teria como comparar alguma coisa.

— Ah.

— Vocês pelo menos usaram camisinha? — Ethan pergunta e eu forço um sorriso. Estava esperando por esse momento.

— História engraçada.

— Ah não, Alice. Eu sou muito novo pra ser tio.

— E eu pra ser mãe. A gente não lembra se realmente usou, então eu tomei a pílula.

— Isso é seguro? — Kiera pergunta e eu tremo um pouco. E se não for seguro?

— Acho que é.

— Uma prima minha já tomou várias vezes, sempre funcionou. — Hope fala e eu respiro aliviada. Óbvio que isso é seguro, por isso é o plano b.

— Então temos. Sem bebê aqui.

— Tomara né.

— Relaxa. Sempre funciona. — Hope fala com tanta certeza que eu me convenço de vez de que é impossível alguma coisa dar errada.

— Agora termina de contar como foi.

— O que mais você quer que eu fale?

— Qual o tam...

— Ethan calado, nos poupe. — Kiera o interrompe e eu não consigo conter uma risada alta. — Como foi hoje?

— Ah, eu acordei com a mãe dele berrando, falando que eu estava manipulando e usando ele. — Falo tão naturalmente que o choque deles é um choque para mim.

— Como é?

— Não importa.

— Alice, o que aquela mulher falou? — O nó volta a se formar na minha garganta e a voz dela ecoa na minha cabeça.

— Nada importante.

— Então por que você tá segurando o choro? — Suspiro.

— Porque ela pode estar certa. Não sobre eu manipular o Louis, óbvio.

— Ela não parece sensata o suficiente pra ter falado algo que preste. — E não é, mas isso não vem ao caso.

— Ela disse que eu não sou a garota certa pro Louis, como se falasse que eu vou atrapalhá-lo. — Não lembro exatamente e ela gritava demais, mas tenho certeza que foi algo desse tipo.

— E como ela poderia estar certa sobre isso? Alice, até hoje tudo que você fez foi ajudar esse menino. Ele te ama. — Sorrio ao me lembrar de mais cedo.

— É, eu sei. Ele falou hoje.

— Ele falou que te ama? E você? — Kiera fica empolgada por causa de uma frase, imagina se um dia essa criatura for pedida em casamento.

— O que tem eu?

— Falou o quê?

— Nada.

— Alice! - Sou repreendida pelos três.

— Da última vez que eu falei que amava alguém... eu nem amava mesmo a pessoa.

— E aí está a diferença. — Hope fala.

— Deixa. Não vai adiantar. — Ethan me ajuda na situação.

— Exatamente.

— Alice, sua vida é muito agitada. — Kiera fala depois de um bom tempo em silêncio.

— Oi?

— Em um final de semana, você foi pra Nova Iorque, transou pela primeira vez, ouviu a mãe do seu namorado falando super mal de você e tá aqui de volta, pleníssima. — Hope completa para a namorada.

— Quase plena, aquela pílula ainda pode falhar.

— Não brinca com essas coisas, Kiera. Não vai falhar. — Ethan a repreende. Com essas coisas não dá pra brincar.

— Nem pode. O Louis nem casa tem mais, imagina sustentar um bebê. — Seria um verdadeiro caos.

— Oi?

— Ele foi deserdado, igual a Lucy.

— Mas e aqui? — Hope fala e eu fico sem entender direito o que ela quer dizer.

— O que tem aqui?

— Ele pode vir morar aqui. — Morar aqui?

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