Capítulo 44

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21 de setembro de 2019

Alice

Eu juro que não sei o que é pior, trabalhar no tédio das madrugadas ou no caos das tardes do final de semana. Na verdade sei sim, pelo menos durante as madrugadas nós ficamos à toa e podemos conversar um pouco, ter crises existenciais e quase chorar uma no ombro da outra. Durante a tarde de sábado é impossível parar pra respirar. Louis me mandou mensagem de manhã, pediu pra avisar quando as coisas se acalmassem por aqui que ele queria me ligar pra falar uma coisa, e por mais que eu esteja morrendo de curiosidade, vou precisar esperar até meu intervalo, que é em sete minutos.

— Alice, leva isso pra mesa três. — Olho e vejo um grupo de garotos no máximo dois anos mais velhos que eu está na mesa em questão. Tem pelo menos uns cinco deles e existe algo bem familiar em alguns.

— Mas é a Hope que está com eles. — Minha amiga normalmente fica com essas mesas pra me ajudar. Ela se preocupa tanto comigo que se submete a cada tipo de coisa... eu não podia ter uma melhor amiga melhor.

— Mas a Hope está presa na mesa sete.

— Tudo bem, mas a gorjeta deles é minha. — Pego a bandeja com os sanduíches e caminho o mais devagar possível, na esperança da minha amiga conseguir se resolver e vir me salvar. — O pedido de vocês. — Coloco tudo na mesa o mais rápido possível e me preparo para voltar para o balcão quando me chamam.

— Ei, cadê a bonitinha que estava atendendo a gente? — Um dos garotos pergunta e eu finjo que não percebi o tom de voz sugestivo dele.

— Perdão, mas ela está com muitas mesas agora, então resolvi ajudá-la um pouquinho.

— Tanto faz, você também serve. — Outro responde, enquanto passa os olhos pelo meu corpo, como se eu não estivesse vendo. Tento me conter ao máximo para não revirar os olhos ou começar a tremer de desespero.

— Bom apetite.

— Ei cara, ela parece aquela ex namorada do Nate. Aquela doida. — Ouço um deles falando alto enquanto eu me afasto, e então o grupo todo ri. Agora eu sei o motivo de achar alguns ali tão familiares. Eu provavelmente saí com eles há dois anos, quando ainda namorava o amigo deles.

— Ali, você tá bem? — Minha amiga finalmente aparece, e então percebo que estou praticamente dentro da cozinha.

— A mesa três é toda sua. — Entrego a bandeja de volta para ela e continuo andando.

— O que aqueles idiotas fizeram?

— Como se você não soubesse. Eles fizeram aquilo com você também. — Não falo sobre o último comentário, não quero que ela fique preocupada, afinal, não é ele. São os amigos que sequer me reconheceram.

— Tive uma ideia. Ei, Nick, faz um favor pra gente? — Ela pede a um dos meninos da cozinha.

— Pode falar.

— Se a mesa três chamar, vai você por favor. — Fizemos esse acordo com ele há algum tempo. Quando uma mesa com caras idiotas chega, trocamos de lugar e ele atende pra gente, enquanto uma de nós cuida da comida.

— Mais uma vez? Vou ter que dar mais uma palestra sobre respeito. É a terceira essa semana.

— Pois é, é uma droga. Ei, sua hora. — Hope me cutuca e eu olho que na verdade já perdi três minutos. — Deu sorte.

— Vou ligar pro Louis e descobrir o que ele queria me contar.

— Vai rápido, eu quero saber logo.

Vou até os fundos da lanchonete e puxo o celular do bolso, desbloqueando e vendo as cinco mensagens do meu namorado perguntando se já posso falar, todas em horários diferentes. Deve ser algo realmente importante, pra estar tão ansioso assim. Mando uma mensagem confirmando que posso falar e em poucos segundos meu celular está tocando, indicando uma chamada de vídeo.

Summer LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora