Capítulo 5

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4 de julho de 2016

Louis

Sigo Alice pela casa enquanto a menina grita com a mãe, com raiva por estar sendo obrigada a se arrumar para ir assistir os fogos com todo mundo, na praia. Ontem ela me garantiu que isso não aconteceria, e agora cabe a mim convencê-la de que não vai ser tão ruim, porque meu pai, não contente em ver toda a confusão formada, quis que eu viesse atrás da garota, enquanto garantia aos pais dela que eu tenho um poder de persuasão inacreditável.

O caminho da área externa até o quarto dela não parecia ser tão longo, mas enquanto ouço as reclamações, sinto que estamos dando a volta ao mundo. Ela não pode fechar a boca por um segundo? Quando finalmente chegamos, ela tenta fechar a porta antes que eu entre no quarto e só então percebo que ela provavelmente não tinha percebido que eu estava bem atrás dela, esse tempo todo.

— O que você tá fazendo? — Ela me pergunta de forma mal humorada.

— Andando atrás de você. — Tento não soar tão sarcástico.

— Isso eu sei, mas por quê? — Ela finalmente solta a porta e eu entro no quarto junto com ela.

— Segundo meu pai, é meu dever te convencer a ir com a gente pra praia mais tarde.

— E ele realmente confia em você pra isso? — Obviamente não, mas ele vem tentando me fazer ter mais responsabilidades.

— Acho que ele tenta.

— É uma pena que você não vai conseguir isso.

— Por que você é tão teimosa? Sua mãe só quer passar um tempo com você.

— Não, ela quer me obrigar a fazer o que eu não quero. — Vai ser muito mais difícil do que eu pensei que seria.

— Você fala como se nunca tivesse feito nada contra sua vontade. — Falo e ela encara o chão em silêncio. Isso não pode ser sério. — Espera aí, você sempre fez o que quis?

— Desde que eu me lembro sim. — Ela dá de ombros, enquanto a encaro em choque. — Eu sou filha única, não me culpe.

— Que tal fazer uma coisinha contra a sua vontade? Só dessa vez.

— Não vai rolar.

— Sério, você tinha que ter visto a cara da sua mãe. Seu pai também, pediu um milhão de desculpas pros meus pais. — Tento apelar para o emocional, não é possível que essa menina, além de mimada, seja insensível.

— Só por que eu não quero sair? — Ela é insensível.

— "Eu não vou pra lugar nenhum, eu nem queria estar aqui e vocês não vão me obrigar a fazer o que eu não quero." — Faço uma imitação do que ela gritou há alguns segundos atrás.

— Eu não falei assim.

— Não. Foi mais num tom "parem de falar ou então eu mato vocês". — Ela segura um sorriso e eu já fico satisfeito. — Dá só uma chance.

— Eu não quero me arrumar pra dar dez passos pra fora de casa. Prefiro ficar aqui mesmo.

— E se, a gente não for dar só dez passos pra fora de casa? — Talvez eu tenha tido uma ideia, mas vou precisar de ajuda.

— Duvido que não seja isso.

— Faz o seguinte, se arruma do jeito que quiser, e vem com a gente. — Ela fica um tempo em silêncio, como se analisasse minha opção. — E então?

— Não sei não. — Meu pai amado, que menina difícil de lidar.

— Eu prometo que se você não estiver gostando mesmo, eu volto com você.

— Por que você tá fazendo isso? — Nem eu sei, eu só precisava mostrar pro meu pai que tinha tentado, mas agora eu realmente quero passar um tempo com ela.

— Pra te mostrar que nem sempre é ruim fazer o que a gente não quer. Então, combinado pra mais tarde?

— Acho que sim. — Ela fala desanimada. — E nem roupa pra isso eu trouxe, que saco.

— Não precisa de muita coisa, você é bonita de qualquer forma. — O que eu acabei de falar?

— Ah, obrigada. — As bochechas dela estão vermelhas?

— Eu falei sério. Você é muito bonita. — Repito para que ela saiba que não foi algo da boca pra fora, mesmo que eu tenha falado por não ter me controlado direito.

— Você também não é nada mal. — Percebo o tom de brincadeira.

— Ouch.

— Tô brincando, mas confesso que seria melhor se você falasse menos... — É um mal meu, eu sou o tipo de aluno que os professores querem jogar pela janela, porque eu converso até com a cortina.

— Você não gosta de conversar? — Pergunto enquanto me aproximo dela.

— Depende muito da ocasião. — Ela responde de forma sugestiva. Ela realmente entrou no meu jogo?

— Entendi. — Me aproximo ainda mais e coloco uma das mãos na cintura dela. E então um barulho alto nos assusta e faz com que eu me afaste rápido dela.

— Ei, o que você tá fazendo aqui? — É minha irmã. Um misto de alívio e raiva me invade. Ela precisava ter me atrapalhado?

— Conversando. — Falo o mais rápido possível, para que Alice não tenha chance de pensar em qualquer outra desculpa

— Alice, posso roubar sua companhia por cinco minutinhos?

— Fique a vontade. — Ela responde tímida e minha irmã me arrasta para fora do quarto.

— Você perdeu a noção do perigo? — Levo um tapa no braço.

— Ai, do que você tá falando? — Tento me fazer de desentendido.

— Eu não sou idiota, Louis, eu sei muito bem o que você estava prestes a fazer. — É, não vai funcionar.

— E você me atrapalhou. Obrigada Lucy.

— Maluco, tá todo mundo em casa, e nem fechada a porta estava. Se o pai dela passa e vê vocês dois se beijando? — Eu provavelmente morreria de vergonha. O cara parece ser legal, mas a situação seria no mínimo constrangedora.

— Vale a pena o risco. Eu estava pertinho de conseguir um beijo dela, e você me atrapalhou. — E eu nem sei de onde aquela coragem surgiu, agora está tudo arruinado.

— Vão ter outras oportunidades.

— Vão mesmo. — Disso eu não duvido, só acho que não vou ter coragem suficiente para tentar alguma coisa outra vez. — E você vai me ajudar. Hoje a noite eu vou levar a Alice lá naquele píer que o papai pediu a mamãe em casamento.

— Que coisa de filme clichê. Não tinha nada mais original?

— Pensa comigo, a praia vai lotar hoje, mas lá não. É um lugar mais calmo. Por favor, faz todo mundo sair antes e depois inventa que eu encontrei uns amigos meus.

— Não. — Ela fala tão naturalmente que minha vontade é esganar minha irmã.

— Você me deve isso, Lucy. Você acabou de estragar tudo.

— Quem te garante que ela quer te beijar? — Bom, ela não se afastou dessa vez? Mas também nem teve tempo pra isso.

— Eu nunca vou saber se eu não ficar mais de dez minutos sozinho com ela. Por favor, o que eu to pedindo nem é muita coisa.

— Tá bom, mas só tô aceitando pra você parar de me perturbar.

— Obrigado irmãzinha.

— Ei, eu sou a mais velha.

— Mas eu ainda sou o mais alto. — Implico. Ela odeia isso com todas as forças.

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