4 de julho de 2016
Louis
Sigo Alice pela casa enquanto a menina grita com a mãe, com raiva por estar sendo obrigada a se arrumar para ir assistir os fogos com todo mundo, na praia. Ontem ela me garantiu que isso não aconteceria, e agora cabe a mim convencê-la de que não vai ser tão ruim, porque meu pai, não contente em ver toda a confusão formada, quis que eu viesse atrás da garota, enquanto garantia aos pais dela que eu tenho um poder de persuasão inacreditável.
O caminho da área externa até o quarto dela não parecia ser tão longo, mas enquanto ouço as reclamações, sinto que estamos dando a volta ao mundo. Ela não pode fechar a boca por um segundo? Quando finalmente chegamos, ela tenta fechar a porta antes que eu entre no quarto e só então percebo que ela provavelmente não tinha percebido que eu estava bem atrás dela, esse tempo todo.
— O que você tá fazendo? — Ela me pergunta de forma mal humorada.
— Andando atrás de você. — Tento não soar tão sarcástico.
— Isso eu sei, mas por quê? — Ela finalmente solta a porta e eu entro no quarto junto com ela.
— Segundo meu pai, é meu dever te convencer a ir com a gente pra praia mais tarde.
— E ele realmente confia em você pra isso? — Obviamente não, mas ele vem tentando me fazer ter mais responsabilidades.
— Acho que ele tenta.
— É uma pena que você não vai conseguir isso.
— Por que você é tão teimosa? Sua mãe só quer passar um tempo com você.
— Não, ela quer me obrigar a fazer o que eu não quero. — Vai ser muito mais difícil do que eu pensei que seria.
— Você fala como se nunca tivesse feito nada contra sua vontade. — Falo e ela encara o chão em silêncio. Isso não pode ser sério. — Espera aí, você sempre fez o que quis?
— Desde que eu me lembro sim. — Ela dá de ombros, enquanto a encaro em choque. — Eu sou filha única, não me culpe.
— Que tal fazer uma coisinha contra a sua vontade? Só dessa vez.
— Não vai rolar.
— Sério, você tinha que ter visto a cara da sua mãe. Seu pai também, pediu um milhão de desculpas pros meus pais. — Tento apelar para o emocional, não é possível que essa menina, além de mimada, seja insensível.
— Só por que eu não quero sair? — Ela é insensível.
— "Eu não vou pra lugar nenhum, eu nem queria estar aqui e vocês não vão me obrigar a fazer o que eu não quero." — Faço uma imitação do que ela gritou há alguns segundos atrás.
— Eu não falei assim.
— Não. Foi mais num tom "parem de falar ou então eu mato vocês". — Ela segura um sorriso e eu já fico satisfeito. — Dá só uma chance.
— Eu não quero me arrumar pra dar dez passos pra fora de casa. Prefiro ficar aqui mesmo.
— E se, a gente não for dar só dez passos pra fora de casa? — Talvez eu tenha tido uma ideia, mas vou precisar de ajuda.
— Duvido que não seja isso.
— Faz o seguinte, se arruma do jeito que quiser, e vem com a gente. — Ela fica um tempo em silêncio, como se analisasse minha opção. — E então?
— Não sei não. — Meu pai amado, que menina difícil de lidar.
— Eu prometo que se você não estiver gostando mesmo, eu volto com você.
— Por que você tá fazendo isso? — Nem eu sei, eu só precisava mostrar pro meu pai que tinha tentado, mas agora eu realmente quero passar um tempo com ela.
— Pra te mostrar que nem sempre é ruim fazer o que a gente não quer. Então, combinado pra mais tarde?
— Acho que sim. — Ela fala desanimada. — E nem roupa pra isso eu trouxe, que saco.
— Não precisa de muita coisa, você é bonita de qualquer forma. — O que eu acabei de falar?
— Ah, obrigada. — As bochechas dela estão vermelhas?
— Eu falei sério. Você é muito bonita. — Repito para que ela saiba que não foi algo da boca pra fora, mesmo que eu tenha falado por não ter me controlado direito.
— Você também não é nada mal. — Percebo o tom de brincadeira.
— Ouch.
— Tô brincando, mas confesso que seria melhor se você falasse menos... — É um mal meu, eu sou o tipo de aluno que os professores querem jogar pela janela, porque eu converso até com a cortina.
— Você não gosta de conversar? — Pergunto enquanto me aproximo dela.
— Depende muito da ocasião. — Ela responde de forma sugestiva. Ela realmente entrou no meu jogo?
— Entendi. — Me aproximo ainda mais e coloco uma das mãos na cintura dela. E então um barulho alto nos assusta e faz com que eu me afaste rápido dela.
— Ei, o que você tá fazendo aqui? — É minha irmã. Um misto de alívio e raiva me invade. Ela precisava ter me atrapalhado?
— Conversando. — Falo o mais rápido possível, para que Alice não tenha chance de pensar em qualquer outra desculpa
— Alice, posso roubar sua companhia por cinco minutinhos?
— Fique a vontade. — Ela responde tímida e minha irmã me arrasta para fora do quarto.
— Você perdeu a noção do perigo? — Levo um tapa no braço.
— Ai, do que você tá falando? — Tento me fazer de desentendido.
— Eu não sou idiota, Louis, eu sei muito bem o que você estava prestes a fazer. — É, não vai funcionar.
— E você me atrapalhou. Obrigada Lucy.
— Maluco, tá todo mundo em casa, e nem fechada a porta estava. Se o pai dela passa e vê vocês dois se beijando? — Eu provavelmente morreria de vergonha. O cara parece ser legal, mas a situação seria no mínimo constrangedora.
— Vale a pena o risco. Eu estava pertinho de conseguir um beijo dela, e você me atrapalhou. — E eu nem sei de onde aquela coragem surgiu, agora está tudo arruinado.
— Vão ter outras oportunidades.
— Vão mesmo. — Disso eu não duvido, só acho que não vou ter coragem suficiente para tentar alguma coisa outra vez. — E você vai me ajudar. Hoje a noite eu vou levar a Alice lá naquele píer que o papai pediu a mamãe em casamento.
— Que coisa de filme clichê. Não tinha nada mais original?
— Pensa comigo, a praia vai lotar hoje, mas lá não. É um lugar mais calmo. Por favor, faz todo mundo sair antes e depois inventa que eu encontrei uns amigos meus.
— Não. — Ela fala tão naturalmente que minha vontade é esganar minha irmã.
— Você me deve isso, Lucy. Você acabou de estragar tudo.
— Quem te garante que ela quer te beijar? — Bom, ela não se afastou dessa vez? Mas também nem teve tempo pra isso.
— Eu nunca vou saber se eu não ficar mais de dez minutos sozinho com ela. Por favor, o que eu to pedindo nem é muita coisa.
— Tá bom, mas só tô aceitando pra você parar de me perturbar.
— Obrigado irmãzinha.
— Ei, eu sou a mais velha.
— Mas eu ainda sou o mais alto. — Implico. Ela odeia isso com todas as forças.
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Summer Love
Novela JuvenilEm 2016, as famílias de Alice e Louis decidiram passar o 4 de julho juntas, fazendo assim, com que os dois adolescentes se encantassem um pelo outro, mas depois do feriado, eles perderam completamente o contato. Três anos mais tarde, Louis cruza o p...