Capítulo 46

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Louis

Os gritos de Alice foram tão altos que por um segundo eu pensei que ela tivesse realmente se machucado, mas assim que me recompus e consegui me levantar do chão, vi uma cena que eu nunca imaginei ver. A garota sentada na cama, abraçada nas pernas, chorando de forma descontrolada e vez ou outra, passando as próprias mãos pelo corpo. Eu não sou tão lerdo, sempre imaginei que o tal ex namorado dela tivesse feito alguma coisa que ela não tinha contado e mais cedo, com toda resistência pra ficar aqui sozinha comigo, agora isso. Eu espero estar muito enganado sobre isso.

Tento de aproximar outra vez, mas ela se encolhe ainda mais e eu me afasto rápido. Eu não sei o que fazer, não sei como ajudar. Quanto mais ela chora, mais eu fico desesperado, andando pelo quarto, tentando pensar em alguma coisa que possa ajudar, mas não vem absolutamente nada na minha cabeça. Eu não sei ajudar e isso só faz com que eu me sinta inútil nesse momento. Eu não sei ajudar... mas talvez alguém saiba. Procuro meu celular e fico feliz de encontrá-lo no meu bolso, já que a outra opção seria vasculhar a cama e a última coisa que eu quero agora é invadir o espaço de Alice.

— Hope! Eu preciso da sua ajuda. — Falo desesperado, já no corredor, assim que a garota atende o telefone.

— Louis? O que aconteceu? — A voz dela exala preocupação e eu tenho certeza que a minha não está muito diferente.

— Eu não sei. A Alice, acho que é uma crise de pânico. — Falo rápido, mas baixo, querendo evitar ao máximo que Alice ouça que estou falando dela. Mesmo que seja para pedir ajuda.

— O que você fez?

— Nada! — Respondo quase que automaticamente.

— Louis, é sério, você fez alguma coisa? Algo que sei lá, passasse um pouco dos limites.

— Eu não sei, eu acho que não. Hope, ela não parecia estar desconfortável. — É a verdade. Eu nunca teria feito nada se tivesse notado algum desconforto, mas até se sentar na cama comigo ela aceitou, algo que eu realmente não esperava.

— Ela falou alguma coisa? Louis, se você tiver feito alguma coisa essa é a hora de me contar. — A insistência dela me dá ainda mais nervoso.

— Mas que merda, Hope. Eu já disse que não fiz nada, qual o seu problema? — Qual a dificuldade de acreditar no que eu falo? Qual a dificuldade de acreditar que eu não faria nada, mesmo... — Desculpa, de verdade, me perdoa. Eu tô estressado, preocupado com a Alice chorando sem parar naquele quarto.

— Quarto?

— Eu não fiz nada! — Suspiro. Ao mesmo tempo que me pergunto como ela pode achar que eu fiz alguma coisa, entendo a desconfiança. Agora eu percebi o motivo de tantas perguntas. — Ela chegou, eu ofereci pra gente ficar na sala e ela concordou em vir pra cá. Por favor só me ajuda.

— Louis, eu não sei direito como você pode ajudar. Pega um pouco de água e fica afastado até ela conseguir se acalmar.

— Não quero deixá-la sozinha aqui em cima, Hope. Ela não parece muito bem. — Eu não entendo muito de crises de ansiedade, mas já ouvi histórias de pessoas que fizeram todo tipo de coisa quando estavam tendo uma. Não quero Alice sozinha.

— Ela não vai fazer nada, pode ir. — Fico em silêncio e só o que consigo ouvir é o choro de Alice no quarto. Tenho certeza que Hope também. — Confia em mim, Louis.

— Tudo bem... Hope. — Chamo quando já estou descendo as escadas.

— Hm.

— A história com o tal ex namorado da Alice... é mais do que aquilo que ela me disse não é? — Pergunto enquanto coloco água em um copo e guardo a garrafa na geladeira outra vez. Não é como se eu precisasse de uma confirmação. Todas as reações que ela teve hoje deixaram tudo bem explícito.

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