Capítulo 18

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Alice

Não dá pra acreditar que Hope fez uma coisa dessa. Encaro a mensagem de Louis na tela do celular e só consigo pensar em tudo que já aconteceu. Não pode se repetir, eu não vou deixar isso se repetir, dessa vez não. Hope esteve presente durante tudo aquilo, e ainda assim continua insistindo com uma coisa que ela sabe que não tem como dar certo. Qual a dificuldade de me entender? Principalmente ela.

Olho ao redor na lanchonete e não a encontro em lugar nenhum. Todas as mesas estão vazias, afinal, é madrugada. Faço sinal para um garoto na cozinha e ele ocupa meu lugar, enquanto saio em busca da minha amiga. Hope não pode estar fora daqui, é contra as regras, mas os fundos desse lugar é enorme. Vestiário feminino e masculino para trocarmos de roupa, depósito e... os banheiros. É lá que ela está. Só pode ser.

— Eu sei que você tá aqui. Abre a porta, Hope. — Falo do lado de fora, ouvindo apenas a risada fraca da garota do outro lado.

— Você tá brava?

— O que você acha?

— Numa escala de 0 a 10, o quão irritada você está?

— Eu explodi a escala, sai daí. — Eu não estou tão irritada assim, eu só... queria ter sido pelo menos avisada que ia receber uma mensagem toda confusa de um número aleatório.

— Promete que não vai me bater?

— Não. — Suspiro e abaixo meu tom de voz. — É sério, Hope.

— Paz, por favor. — Ela abre a beirada da porta e estica a mão balançando um pedaço de papel higiênico. Ela é doida. — Eu não fiz por mal.

— Eu sei que não, mas custava ter pensado por dois minutos antes de dar meu número pra ele? Ou me avisar que ia fazer isso?

— Eu quero ajudar.

— E desde quando isso é ajudar? Hope, você sabe que eu não posso me envolver com mais ninguém. — Me sento na escada que leva até o depósito do segundo andar e ela vem até mim.

— Não. Você colocou isso na sua cabeça depois de passar por uma situação ruim.

— Ruim? Você sabe muito bem que não foi só "ruim". — Ela estava lá. Ela viu tudo.

— Alice, eu entendo que você tenha passado por um trauma, mas você não pode se privar de viver por causa de um garoto babaca.

— Eu prometi pra mim mesma que não ia deixar aquela história se repetir, e eu vou cumprir essa promessa.

— Quando você vai entender que não foi culpa sua? Não tinha nada que você pudesse ter feito pra evitar o que houve.

— Sim, eu poderia ter feito muitas coisas pra evitar. - Ela revira os olhos. Não é a primeira vez que falamos sobre isso, e eu sei que não vai ser a última. — Eu posso listar várias aqui agora pra você.

— Alice, eu odeio o fato de você não ter insistido na terapia naquela época. — Fiz umas quatro sessões antes de precisar parar. Depois disso nunca mais voltei.

— Foram meus pais, você sabe.

— Então volta. — Não é tão simples.

— Agora não adianta mais.

— Óbvio que adianta, menina. Você precisa voltar a viver direito, sem medo de sair de casa sozinha. — Como ela sabe disso? — Sem tremer toda vez que aquele sino indica que entrou alguém na lanchonete, com medo de ser ele. — Ou disso. — Sem se esconder e recusar oportunidades incríveis com pessoas incríveis por medo. — Isso eu sei como ela sabe.

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