Capítulo 16

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Alice

Desde cedo estou aérea. Rever Louis depois de tanto tempo não foi tão bom quanto eu imaginava no início. Fiz meus amigos acreditarem que eu tinha visto Louis em todos os lugares possíveis quando na verdade nunca tinha sido ele. Passei semanas idealizando um reencontro com ele antes de perceber que nunca aconteceria. E agora, justo agora, isso acontece. Fiquei o resto do dia viajando e quase derrubei três pedidos. Não ter dormido direito não me ajudou, e mesmo que minha vontade seja sair da lanchonete e ir direto pra casa, não posso fazer isso.

Tenho uma hora pra sair daqui e entrar na sala de aula pra ficar sentada ouvindo o professor falando por quatro horas. Normalmente Ethan passa aqui com o carro e nos dá carona até a faculdade, o que já adianta cerca de vinte minutos. Eu consideraria isso sorte se Hope não tivesse inventado de tocar no assunto Louis. Assim que ela citou o nome dele, Ethan, Lisa e Emma começaram a fazer perguntas no carro e minha amiga respondia todas, me livrando de falar sobre o garoto.

— E você, Alice? — Lisa chama minha atenção.

— Eu o quê? — Me faço de boba. Óbvio que eu sei o que me perguntaram, só não quero ter que responder.

— O que achou do Louis depois de tanto tempo? — Ela repete.

— Nada demais, pra mim ele continua igual. — Tento dar a resposta mais genérica possível.

— Só isso? — Emma parece decepcionada.

— Ele não pode continuar igual depois de três anos.

— Sei lá, acho que ele cortou o cabelo. — O que ele realmente fez, e o deixou ainda mais bonito.

— Alice, você falou desse menino por semanas quando voltou daquele feriado, e agora que se reencontraram, é só isso que você tem pra dizer? — Ethan está decepcionado com isso, e eu também. Mas é o máximo que eu me permito.

— O que você quer que eu diga?

— Sei lá, mas não é possível que você não tenha se abalado nem um pouquinho.

— Ele chamou ela pra sair. — Hope me denuncia. Eu nem sabia que ela tinha escutado isso. — E ela recusou. — A olho com raiva. Ela só pode estar de brincadeira.

— É mentira né? — Lisa está indignada, mas não a culpo. Eu também ficaria.

— Alice, pelo que você sempre falou e a Hope confirmou, o garoto é lindo, não dá pra te entender. — E ele tem razão. Louis é lindo e esse é o problema.

— Gente, por favor, vamos só esquecer esse menino. — Quase imploro.

— Agora você quer esquecê-lo?

— Quero, Emma.

— Mas por quê?

— Você sabe muito bem. Todo mundo aqui sabe. — Falo mais alto do que o normal e percebo que todos me encaram, menos Ethan, que alterna o olhar entre o retrovisor e a rua. — Eu não vou ficar repetindo isso.

— Alice, isso já tem dois anos. — Ethan fala, voltando a prestar atenção no caminho.

— Sim, não é como se tivesse acontecido ontem. — Lisa concorda.

— Pode não ser pra vocês, mas quem tava lá era eu. Quem passou por tudo aquilo fui eu. — Suspiro num misto de irritação e frustração. — Ethan para o carro.

— Tá maluca?

— Eu quero descer.

— Alice, a gente tá quase chegando. — Hope tenta me acalmar, mas eu preciso ficar sozinha.

— Eu posso ir andando daqui.

— Eu não vou deixar você ir andando.

— Mas eu quero.

— Para de ser teimosa, você não vai sair desse carro.

— Se você não parar, eu vou pular. — Obviamente eu não vou fazer isso, mas não custa nada testar.

— Alice, a gente não falou por mal. — Lisa tenta arrumar as coisas, mas a bagunça já está feita. Foi feita há anos aqui dentro.

— Eu sei, mas eu preciso pensar. Quero ficar um tempo sozinha.

— Nem pensar. Ethan tô segurando ela, pode continuar. — Hope agarra meu braço.

— Será que uma vez você pode não me tratar como se eu fosse de vidro? Eu não vou desaparecer, só preciso ficar sozinha. Ethan para a porcaria do carro.

— Tá, calma. — Ele encosta o carro e eu desço, respirando o ar poluído e quente do lado de fora.

— Alice, foi mal.

— Gente, tá tudo bem, eu só preciso pensar.

— Vai querer carona de volta pra casa?

— Vou, me esperem.

— Manda mensagem quando chegar lá.

— Você não é minha babá, Hope. Eu vou ficar bem. — E então Ethan volta a dirigir. Vejo o carro se afastando aos poucos e então começo a caminhar.

Eu não sei se vou ficar bem, mas quando a vontade de chorar me atinge, a única certeza que eu tenho é que não quero ninguém por perto. Eu preciso do meu espaço, do meu tempo pra me recuperar das lembranças. Eles tem razão, já fazem dois anos, eu já deveria ter superado isso, mas não é tão simples quanto parece, não é como arrancar um curativo, não acontece de uma hora pra outra. É mais complexo, mais difícil. Ou será que eu realmente estou exagerando? Será que não é isso tudo e eu estou fazendo tempestade em um copo d'água? E se eu realmente estiver confundindo tudo?

É muita coisa na minha cabeça e pouco sentimento dentro de mim. Estou vazia mais uma vez e eu odeio me sentir assim. Mesmo que signifique que eu não vou criar expectativas e me iludir com outra pessoa, também significa que eu não odeio a pessoa que causou tudo isso, que nesse caso, sou eu mesma. Eu preciso pensar, mas também preciso ir pra aula. Não vou ter futuro nenhum se fugir pra ir chorar em um canto qualquer e por mais que eu precise desabafar, preciso ainda mais das notas do trabalho de hoje.

Respirar. É só o que eu preciso fazer. Respirar. Eu vou ficar bem, eu vou conseguir me perdoar por isso. Mesmo que demore, eu espero de verdade que algum dia eu seja capaz de me perdoar por ter deixado me machucar dessa forma.

Segunda eu fiquei tão atolada com a faculdade que não tive tempo pra atualizar, então hoje compensei com dois capítulos juntos. Mais uma vez obrigada a quem está lendo. Votem, comentem e compartilhem por favor, isso dá mais motivação pra continuar escrevendo. Beijos, Vee 

Summer LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora