Capítulo 47

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22 de setembro de 2019

Alice

Não percebi quando adormeci, muito menos sei quanto tempo eu dormi, mas quando acordo e percebo que tem alguém do meu lado, levo um susto e me sento na cama rápido e sentindo minha cabeça doendo muito. Olho para os lados e só então me lembro do que aconteceu ontem. Eu estava com Louis. Eu estava sozinha com o Louis. Eu tive uma crise de ansiedade. Eu contei tudo pra ele. Observo o garoto ainda adormecido ao meu lado e me pergunto que horas são. Eu disse a Hope que avisaria quando chegasse em casa, se for muito tarde ela vai estar prestes a chamar a polícia.

— Bom dia. Dormiu bem? — Ele fala calmo e se senta na cama, deixando um espaço considerável entre nós dois.

— Que horas são? — Preciso ter alguma noção de quanto tempo dormi.

— Sete e meia. — Como assim? Tenho certeza que já tinha passado disso quando eu... não pode ser.

— Meu Deus, como eu dormi tanto? Eu passei a noite aqui?

— Sim, nós dormimos muito. Você estava cansada. — Ele tenta me acalmar quando percebe todo o meu desespero.

— Louis, eu preciso ir pra casa. — Reviro o cobertor até finalmente encontrar meu celular, que quase se espatifa no chão. — Preciso falar com a Hope. É de se admirar que a polícia não tenha invadido a casa durante a noite, eu disse que mandaria mensagem pra ela e... — Ai. — Minha cabeça dói mais quando tento me levantar.

— Alice, você tá bem? Senta aqui. — Ele se levanta rápido e me leva de volta para a cama.

— Eu tô bem, só preciso ir pra casa. Seus amigos devem ter chegado e... — Tento me levantar mais uma vez e ele me impede, com calma.

— Loirinha, se acalma. Primeiro: Hope não chamou a polícia porque eu avisei que você tinha dormido e ela disse que era melhor te deixar descansar. — Pelo menos isso faz algum sentido agora. — Segundo: você precisa respirar pra falar.

— Ah, ok. — Mais uma pontada na cabeça e eu coloco a mão no lugar da dor. Pelo visto todo o choro de ontem teve algum efeito colateral dessa vez.

— Você está bem?

— Minha cabeça dói um pouco. Não é nada. — Provavelmente é o estresse acumulado.

— Você está há muito tempo sem comer. Vou pegar alguma coisa na cozinha e aproveito pra trazer um remédio também. Não se atreva a levantar dessa cama.

— Tudo bem.

Ele sai e deixa a porta aberta. Pelo menos o quarto dele é o último do corredor, então se algum dos amigos dele estiver em casa, as chances de passar por aqui são mínimas. Ou eu pensei que seriam...

— Lou... ei, eu te conheço? — Um garoto alto, apenas com uma calça de moletom e algumas tatuagens a mostra aparece na porta do quarto. Ele não dá indício algum de que vai sair logo, o que me deixa um pouco desesperada.

— Eu... — Quero gritar pelo Louis, quero que ele expulse esse garoto desconhecido daqui, mas minha voz não sai, meus pensamentos não se organizam e eu travo.

— Espera, você é a Alice né? — Não consigo me mexer, nem ao menos para confirmar. — Você sabe onde o Louis está? Eu sou o Max. — Ele fica em silêncio por alguns segundos e o fato dele estar cada vez mais dentro do quarto me deixa ainda mais angustiada. Eu não o conheço, não faço ideia de quem seja. Não importa que seja amigo do Louis, eu não ligo. Eu só quero ele fora daqui. — Você está bem? — Ele começa a se aproximar de mim e eu me afasto, à medida que ele chega perto.

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