Capítulo 9

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7 de julho de 2016

Louis

A primeira coisa que eu faço quando chego em casa, é jogar minhas malas no quarto e já sair para a casa do Max. Ele e James não sabem que eu já voltei, já que só tive meu celular de volta há dez minutos. Nós moramos no mesmo bairro, então a caminhada até a casa dele não é longa. Assim que chego, liberam minha entrada por já me conhecerem e eu vou direto para o quarto do meu amigo. Se eu bem conheço, eles estão jogando videogame. É a única coisa que fazem durante as férias.

— Oi, gracinhas. — Brinco enquanto entro, sem bater na porta, e imediatamente me lembro de Alice e seu odiado nome do meio.

— Quando você chegou? — James pausa o jogo.

— Agora.

— E ficou esse tempo todo sem falar com a gente... — Max começa a fazer o drama dele.

— Ele avisou que estava sem celular.

— Era sério? Eu jurei que era uma birra da sua mãe e que ia passar em dez minutos.

— Eu bem que queria.

— Tá, agora conta como foi. Fez muito biscoito com sua vó? — Max pergunta, já que quando eu contei que ia pra casa dela, essa foi um piada constante.

— Engraçadinho. Uma vez só. — Ela realmente gosta de me incluir nas atividades. — Nós fomos pra Santa Mônica, passamos o feriado lá.

— Assim, do nada?

— Um amigo do meu pai chamou. Parece que eles trabalharam na mesma empresa.

— E como foi?

— Foi... divertido. A filha dele ajudou a passar mais rápido. — Na verdade, com ela o tempo passou voando.

— Filha?

— É uma criança? — James tenta fazer algum tipo de piada.

— Ela definitivamente não é uma criança.

— Você ficou com ela! — Ele conclui e eu me jogo na cama dele.

— Eu bem que queria. E ela também.

— E você pode explicar o motivo de não ter beijado ela? — Max está tão indignado quanto eu. Ainda não caiu a ficha que eu passei quatro dias com ela e não consegui um beijo.

— Falta de oportunidade. Todas as vezes alguém atrapalhou a gente. A Lucy, o cara do pedido de casamento, meu pai.

— Você tem foto dela?

— Não, como eu teria?

— Vai saber. Mas você pegou o número dela? — Ah, droga. Como eu esqueci disso? Era só anotar num papel. Eu sou inútil.

— Não.

— Você passou o seu?

— Também não.

— Caro amigo, você é uma anta. — É, eu sei.

— Tá, vou tentar encontrar essa menina em alguma rede social. — James puxa o celular do bolso e se prepara para digitar. — Fala o nome dela.

— Alice.

— Louis, tem mil garotas com esse nome só nesse bairro. Sobrenome meu filho. — Qual era mesmo? Era algo diferente, difícil de falar.

— Eu não me lembro.

— Como assim, não se lembra?

— É diferente. Ela disse que ele era... espanhol? Ou era russo? Ela tem mais cara de russa. Ou era alemão? — Nossa minha cabeça deu um nó.

— Você não consegue se lembrar de nada?

— Era alguma coisa com O. Ou H. Mas eu sei que termina com N. — Eu acho. Eu realmente devia ter prestado mais atenção nisso, ao invés de só ficar olhando para ela.

— Hernandez? — Max pergunta.

— Termina com N, animal. — James contesta por mim.

— Guzmán? — O final parece familiar, mas não acho que tenha um G.

— Não sei... era algo assim, mas acho que não era isso.

— Como ela é?

— Linda. — Tenho certeza que estou com cara de bobo apaixonado agora. Idiota..

— Detalhes Louis, precisamos de detalhes.

— Loira, magra e tem um olho diferente do outro.

— O cara zoando a menina. — Max ri.

— Não, é um negócio que deixa um olho com cor diferente do outro. Heterofobia.

— Heterocromia, seu imbecil. — James me corrige bravo e eu nem entendo o que eu falei errado.

— Não foi o que eu disse?

— Isso do olho diferente pode ajudar a gente. Ela só tem esse sobrenome difícil?

— Não, ela tem um nome do meio... mas ela odeia, não usaria em rede social.

— A gente nunca vai encontrar essa menina.

— Ah eu vou sim. Qualquer dia eu volto pra Los Angeles e encontro com ela.

— Ele sabe que aquela cidade é tipo... gigante? — James cochicha com Max e eu os encaro confuso. Eles sabem que eu posso ouvir o que estão falando? — Deve ter umas dez meninas chamadas Alice em cada rua.

— Os pais dela não tinham um nome menos clichê não? — Nós dois encaramos o garoto que tem um dos nomes mais comuns do universo. — Que foi?

— Nada. Max. — Falo.

— Mas sério, acho que você vai viver pra sempre com o arrependimento de não ter ficado com essa menina.

— Pra sempre é muito tempo.

— O menino se iludiu de verdade né? — Eles voltam a conversar entre si.

— Aham.

— Eu não tô iludido.

— Tá sim. Mas logo as aulas começam e as alunas novas te distraem. — A forma como Max fala me assusta. Ele sempre falou assim ou isso começou agora?

— Fala direito das meninas, cara. São pessoas, não brinquedos.

— Chato. Foi só um jeito de falar. — Ele soa um pouco como o pai dele e eu entendo de onde isso veio.

— Mas é isso que tem que mudar. Naturaliza falar de menina desse jeito, e não é legal.

— Tá bom, senhor politicamente correto. — Reviro os olhos enquanto James apenas observa nossa discussão. — Quer fazer o que agora? — Ele muda de assunto.

— Ganhar de você nesse jogo.

— Aposto um milkshake que eu ganho de você. — Ele vai realmente brincar com meu ponto fraco?

— Milkshake de quê?

— O vencedor escolhe.

— O meu é de morango. — Falo e reinicio a partida deles.

Ganho as três primeiras rodadas e ele finalmente desiste de pedir uma revanche. Nós três saímos e eu ganho meu prêmio por ter vencido a aposta. Enquanto tomo o milkshake, lembro de Alice com aquele copo gigante e da metade do dela que eu tomei. Ai como eu queria reencontrar essa garota. Vai ser tão difícil esquecer dela, do quanto ela é divertida, do sorriso, da forma como fala do que gosta. Eu tô ferrado.

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