Capítulo 57

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3 de novembro de 2019

Louis

Droga, esqueci de fechar a cortina ontem a noite. Na verdade, não pensei em muita coisa. O preço é acordar antes das sete da manhã, com o Sol começando a clarear o quarto. Me levanto o mais devagar possível, para não acordar Alice. Atravesso o cômodo e fecho as cortinas, fazendo com que fique parecendo que ainda é madrugada. Tomo todo cuidado do mundo para pegar uma roupa e me vestir sem fazer muito barulho. Sei que ela tem o sono leve e ainda precisa dormir mais. Desço as escadas devagar, ouvindo meus pais conversando no andar de baixo e percebendo que é agora ou nunca.

— Bom dia. — Falo sério e me sentando em uma cadeira na mesa.

— Bom dia, filho. Café? — Meu pai coloca uma xícara na minha frente e eu bebo um pouco. Amargo.

— Obrigado.

— Por que não foi nos encontrar ontem? — Minha mãe reclama.

— Estávamos cansados. Andamos o dia inteiro.

— E Alice?

— Dormindo. — Respiro fundo e penso por alguns segundos se eu preciso mesmo fazer isso agora. — Eu preciso falar com vocês.

— Pode falar.

— Tem uma coisa, que eu preciso contar pra vocês. — Os dois me encaram. — Não vai ser muito fácil.

— Já sei o que é. — Impossível. Ela não pode saber o que é porque ela nunca soube que eu realmente gostava de música.

— Sabe?

— Esse problema tem a ver com ela né? Você veio pedir dinheiro?

— Mãe, do que você tá falando? — É inacreditável.

— Também não entendi.

— A garota está grávida. — Por que todos sempre acham que é sobre isso? — Eles querem o dinheiro para o aborto. — Essa mulher só pode ser louca.

— É isso?

— Não! — Sou firme, mas mantenho a voz baixa, não quero um escândalo. — Não tem nada a ver com a Alice. Eu nem cheguei a falar que era algum problema.

— Então... — Eles estão impacientes e isso não é nada bom.

— Eu vou sair da faculdade. — Falo rápido, como se estivesse arrancando um curativo, mas a reação dos dois não é nada parecida com o que eu esperava.

— A troco de quê você faria isso?

— Ele não está falando sério. Louis sabe que precisa se formar para cuidar da empresa. — Ela está tão certa disso.

— Mãe, eu não vou cuidar da empresa. Eu não quero isso pra minha vida.

— E você pretende viver como? — Meu pai parece querer tentar me entender melhor, mas ainda assim não vai ser fácil, foi ele quem decidiu expulsar Lucy quando foi ela.

— Da música. Do que eu realmente gosto de fazer. — O choque é bastante visível. E então eles começam a elevar o tom de voz.

— Você está louco. Eu nunca vou permitir isso.

— Você não precisa permitir nada, eu já tenho dezoito anos. — Eu preciso me impor, preciso mostrar que tenho tudo sob controle.

— Garoto, você não sabe nada da vida, vai fazer o mesmo que a sua irmã e apostar em algo incerto. — É a primeira vez que um dos dois cita a existência de Lucy e minha mãe não parece gostar muito. — Você não vai fazer isso.

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