Capítulo 6

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Alice

Louis ter me convencido a sair só serviu pra me ensinar duas coisas. Eu realmente odeio me arrumar pra nada e ele demora mais do que tudo pra ficar pronto. Tanto que a Lucy convenceu nossos pais a saírem mais cedo. Felizmente eles tinham duas cópias da chave e deixaram uma delas comigo. Esse garoto está demorando tanto que eu estou há um passo de trancar a porta e ir pro meu quarto. Não é possível que um ser humano leve tanto tempo pra tomar banho e vestir uma roupa.

— Demorei? — Ele finalmente aparece na sala. — Nossa!

— Que foi? — Pergunto quando percebo que ele está me encarando mais do que eu gostaria de ser encarada.

— Você. Conseguiu ficar ainda mais bonita. — Tenho certeza que estou vermelha, não sei receber elogios, aliás, ninguém que eu conheço sabe.

— Você também está bem bonitinho. — É, eu também não sei elogiar.

— Mas então, demorei muito?

— Eu estava prestes a dormir aqui. — Tento brincar, mas o garoto fica sério.

— Sério?

— Pra que isso tudo? — Mudo de assunto, ainda rindo da reação anterior dele. — A gente só vai ali do lado.

— Só vem, Alice. — Ele segura minha mão e me puxa para fora da casa.

— Calma, eu preciso trancar a porta. — Ele me solta e eu passo a chave pelo trinco. — Pronto.

— Vem comigo. — Ele começa a andar e eu logo percebo algo estranho. Esse não é o caminho certo.

— Ei, eles foram pro outro lado. Minha mãe avisou e me explicou onde eles iam esperar a gente.

— E quem disse que nós vamos com eles? — Ah não, o que ele vai arrumar?

— O que você tá pensando?

— Quero te levar num lugar, acho que você vai gostar.

— Você nem me conhece direito pra saber do que eu gosto.

— Eu sei que você tem um nome do meio que é uma gracinha, já é o suficiente. — Percebo a brincadeira e o olho séria.

— Nunca mais cite meu nome do meio. — Começo a acompanhá-lo e por um bom tempo ficamos em silêncio. — Pra onde a gente tá indo?

— Um lugar que meus pais levavam eu e minha irmã quando éramos pequenos.

— Você já morou aqui?

— Não exatamente. A gente morava em São Francisco antes dos meus pais resolverem atravessar o país. Como era mais perto, nós acabávamos vindo mais vezes pra cá.

— Você se mudou com quantos anos?

— Eu tinha acabado de fazer sete. — Por um segundo, tento imaginar como era o Louis criança.

— E como foi?

— Horrível. Eu era muito tímido na época e fiquei desesperado. Cheguei na escola nova todo encolhido, pronto para ouvir todos rindo de mim.

— Mas você não parece ser tão tímido, fala pelos cotovelos. — Brinco e ele ri comigo.

— Não mais. Em uma semana conheci Max e James. Até hoje nós somos melhores amigos. Nossos pais nos chamavam de três mosqueteiros. A Lucy preferia "trio do terror".

— O que vocês faziam com a pobre coitada?

— Pegadinhas. Eu e ela sempre fomos bem próximos e nos demos super bem, mas eu amava fazer pegadinhas com ela. Quando fizemos doze anos começou a perder a graça e paramos.

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