Louis
Cheguei a conclusão que nem se eu desenhasse, Lucy ia dar uma folga. Pelo menos o passeio não foi completamente perdido, mostrei pra Alice o melhor sorvete da vida dela.
Descobri que ela é igual uma criança e não consegue se conter com tantos sabores diferentes e acaba misturando vários no pote. Mas quando o assunto é milkshake, nós dois entramos em um consenso.
— Óbvio que o de morango é melhor, Lucy! — As duas estão nessa discussão desde que saímos da sorveteria, e nós já estamos quase de volta em casa.
— Alice, eu não consigo concordar, ele é o mais sem graça.
— Ei, calma bebê, ela não sabe o que diz. — Alice fala com o copo gigante na mão. Mesmo depois de tanto sorvete, ela precisou trazer um milkshake com ela.
— Eu vivi quinze anos com a Lucy e nós nunca discutimos por isso, você em quinze minutos transformou em uma guerra.
— É uma das únicas coisas que eu realmente me orgulho de amar.
— Ah é? Quais as outras? — Tento arrancar mais informação sobre ela, já que parece que eu nunca vou saber o suficiente.
— Livros. E dança.
— Você dança? — Pergunto em choque. Ela realmente é uma caixinha de surpresas.
— Mais ou menos. — Ela parece envergonhada.
— Nem vem, não existe isso. — Lucy contesta.
— Tá, eu faço parte de uma companhia de dança, mas sempre fiquei no fundo, não é como se eu fosse uma das melhores.
— Eu daria tudo pra te ver dançando um dia. — Assim que termino de falar, vejo Alice ficando vermelha e desviando o olhar. Espera, eu realmente dei a entender o que eu tô pensando?
— Garoto, fecha essa boca. — Deus, não. Não foi isso que eu disse.
— Mas eu nem falei nada demais. — Tento contornar tudo me fazendo de sonso.
— Ei, parece que o pai de vocês não tá muito feliz não. — Alice muda de assunto, apontando para a casa. Vejo que ela tem razão.
— Que horas são? — Pergunto rápido e minha irmã pega o celular.
— A gente tá dentro da hora certa... mas eu tenho cinco chamadas não atendidas dele. — Ops.
— Alice, vê aí se alguém te ligou. — Peço.
— Três chamadas do meu pai. Como a gente não ouviu nada?
— O meu vive no silencioso, só o alarme tem som.
— Qual o problema de vocês? Pra quê vivem grudados nesses aparelhos se não atendem uma ligação? — A voz irritada do meu pai se faz presente no lugar.
— Filha, nós ficamos preocupados. Você precisa ficar mais atenta. — Ele é tão calmo com ela, duvido que algum dia essa garota já tenha ficado de castigo.
— Tudo bem, eu vou ficar. — Pai e filha se abraçam e eu me pego com um pouco de inveja da relação deles.
— Vocês dois, pro carro, nós estamos saindo. — Meu pai fala novamente.
— Mas as nossas coisas...
— Nós já arrumamos. Vamos logo. — Minha mãe fala e se dirige para o veículo.
— Por que a pressa? — Questiono. Nós tínhamos pelo menos mais uma hora. Uma hora que eu ia usar pra ficar sozinho com a Alice. É oficial, o universo me odeia.
— Seus primos voltaram mais cedo e ligaram pedindo pra gente voltar antes também, eles querem ver vocês.
— A gente pode pelo menos se despedir direito?
— Cinco minutos. — Meu pai fala e entra no carro.
— Tchau Alice. — Minha irmã fala e a abraça. Quando se soltam, as duas dão uma risada alta, mas não deixo de notar as bochechas de Alice rosadas.
— Você é maluca, mas também gostei de te conhecer. — Lucy se afasta e eu finalmente me aproximo.
— O que ela disse?
— Pergunta pra ela, depois.
— Não acredito que você vai fazer isso comigo.
— Não é nada importante. — Nos encaramos em silêncio. Ah se estivéssemos sozinhos. — Tchau, Louis.
— Tchau loirinha. — Ela sorri. — Qualquer dia a gente se esbarra outra vez.
— É... quem sabe.
— Aí eu te levo pra tomar milkshake de morango outra vez. — Outro sorriso. Eu poderia viver para fazer essa menina sorrir.
— Eu gosto dessa ideia. — Meu pai buzina.
— Preciso ir.
— Toma, não quero mais, pode ficar. — Ela me entrega o milkshake ainda pela metade.
— Valeu. — A abraço. — Prometo que no nosso próximo encontro eu vou terminar o que eu já comecei vez. — Falo baixo, no ouvido dela.
— Espero que sim. — Mais uma vez ele buzina. Cara dá um tempo. — Vai logo antes que seu pai te deixe aqui.
— Eu não reclamaria de forma alguma. — Eu juro que daria tudo pra ficar aqui, perto dela e longe deles.
— Vai logo Louis.
E então ouço o barulho do carro ligando. Corro e entro antes que eu leve mais bronca. Pela janela, observo Alice ficando cada vez mais distante, cada vez menor, até desaparecer. Olho para o copo de plástico na minha mão. A bebida rosa nele está praticamente líquida por causa do calor. As gotas de água fora dele indicam que eu preciso terminar de tomar isso rápido, antes que vire um suco morno que vai me dar uma baita dor de barriga. Eu preciso encontrar essa garota outra vez. Eu vou encontrar essa garota outra vez.
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Summer Love
Novela JuvenilEm 2016, as famílias de Alice e Louis decidiram passar o 4 de julho juntas, fazendo assim, com que os dois adolescentes se encantassem um pelo outro, mas depois do feriado, eles perderam completamente o contato. Três anos mais tarde, Louis cruza o p...