Summer Love

Capítulo 14

Louis

O café realmente se transformou em milkshake, e eu não me arrependo nem um pouco disso. Eu poderia viver de sobremesas, eu sempre penso que posso passar mal, só que nunca aconteceu. Mas como eu ainda sou um idiota, esqueci a carteira na lanchonete. Infelizmente isso acontece com bastante frequência comigo. Eu fico distraído, normalmente com o celular, e esqueço todo o resto. Uma vez, além de esquecer a chave do carro, eu esqueci que tinha saído de carro, então voltei pra casa a pé. Só me dei conta quando cheguei e percebi que estava sem a chave de casa também.

Agora não tem mais jeito, preciso voltar e torcer pra alguém ter encontrado a carteira e deixado no balcão. Todos os meus cartões estão nela, além dos meus documentos. Perder tudo isso vai me dar uma dor de cabeça gigante. Bloquear os cartões, refazer identidade, essas coisas são tão chatas.

— Bom dia, desculpe o incômodo, mas alguém deixou uma carteira por aqui, hoje? — Pergunto para uma garota loira, que está de costas arrumando algumas bandejas.

— Não tenho certeza, só um minuto. — Essa voz me lembra alguém. — Tem algum documento nela? — Ela pergunta enquanto mexe em uma caixa de plástico azul.

— Tem sim. Louis, Louis Campbell. — Noto que ela para por alguns segundos.

— É essa. — Assim que ela se vira, sei de onde conheço a voz dela. — Oi.

— Alice? — É quase impossível acreditar que é ela na minha frente. Depois de tanto tempo.

— Oi Louis. — É ela, mas ao mesmo tempo é como se não fosse. Tem algo diferente.

— Eu pensei que nunca mais fosse te ver.

— Eu também...

— Como você tá?

— Bem. Trabalhando. E você?

— Bem também. Acabei de me mudar pra cá. Vou fazer faculdade aqui.

— Isso é... muito bom.

— Ei, talvez a gente possa sair algum dia. — Não custa nada tentar, certo? Talvez eu consiga terminar o que começamos há três anos.

— Eu acho que não. — Como é? — Eu trabalho, tenho a faculdade. É complicado. — Ela não está nem mesmo olhando para mim. O que aconteceu?

— A gente pode marcar em algum final de semana.

— Acho difícil.

— Por quê?

— É complicado, Louis. — É só o que ela sabe dizer?

— Me explica. Talvez eu consiga te ajudar a descomplicar um pouco.

— Você não pode.

— Você não tem certeza disso. Quem sabe se...

— Não. — Ela me corta. — Você não pode ajudar. Deus, você continua tagarela. — O tom de voz dela indica irritação e eu fico ainda mais confuso.

— Você não achava tão irritante.

— Bom, muita coisa muda. — Ok, definitivamente aconteceu alguma coisa. Não é possível que ela tenha mudado de uma garota simpática e alegre para uma tão... vazia?

— Oi. O que tá rolando? — Outra menina aparece.

— Você é a menina que me atendeu né?

— Sou eu sim. Prazer, Hope.

— Hope, esse é o Louis. — Alice me apresenta.

— O Louis, Louis? — Hm, então ela sabe de mim?

— É.

— O Louis de Santa Mônica?

— Ele mesmo.

— O do...

— Hope. — Alice interrompe a amiga e eu fico curioso pra saber o que ela ia falar.

— Ok.

— Hm... o Louis Louis tá aqui ainda. — Falo, tentando chamar a atenção das meninas, que parecem realmente terem se esquecido de mim.

— Desculpa.

— Ela gosta de me irritar.

— Não é nada disso, é que...

— É que você vai ficar quietinha agora. — Mais uma vez. As duas juntas são engraçadas.

— Gostei de você. — Falo para Hope.

— Também gostei de você. Aparece mais vezes. — Ela nem precisava falar. Eu já ia voltar aqui antes, mas agora que sei que Alice trabalha aqui, é ainda melhor.

— Pretendo.

— Hope, preciso falar com você. — A loira pede, quase que em desespero.

— Pode falar.

— Lá dentro.

— Ok. Tchau, Louis.

— Tchau?

As duas saem do meu campo de visão e eu fico me perguntando o que aconteceu. Tenho certeza que Hope sabe o motivo de Alice estar assim, resistente. Tão diferente. E eu pretendo conseguir descobrir isso. Eu amava ver a Alice sorridente, entrando nas minhas brincadeiras e fazendo piadas sobre eu ser irritante. Mas essa Alice que eu vi hoje, não é quem eu costumava conhecer, eu tenho certeza disso. E eu vou fazer o que for preciso para trazê-la de volta.