Capítulo 27

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26 de agosto de 2019

Louis

Visitar minha avó se tornou rotina desde que eu cheguei, pelo menos uma vez por semana estou sentado na sala dela, comendo biscoitos e tomando leite. É como se eu retornasse a infância. Santa Barbara não é muito perto mas ainda assim vale a pena. Sem meus pais por perto, qualquer coisa fica melhor. E confesso que cada dia gosto mais de conversar com a dona Emily.

Não sei se foi quando expulsaram Lucy de casa, ou depois da morte do meu avô, ou até mesmo se foram as duas coisas acontecendo num intervalo de tempo tão curto, mas minha avó se revelou uma pessoa muito esperta e o completo oposto do marido e dos filhos. Ou talvez, eu que nunca tenha percebido o quão boa ela é.

— Ei vó, como a senhora está? — Pergunto enquanto entro na casa dela, que está como sempre. Impecável.

— Estaria melhor se você e sua irmã viessem mais. — Toda vez que eu venho é essa reclamação, mas a entendo, já que passamos anos longe.

— Mas vovó, eu vim não tem nem uma semana direito.

— Está morando praticamente aqui do lado, pode vir mais vezes. — Ela se senta no sofá da sala e eu a acompanho.

— Eu já disse, é difícil por causa das aulas.

— Tudo bem. Contando que meu menino dos olhos verdes esteja feliz, eu estou feliz. — Nunca contei a ela sobre a música. Prefiro que ela acredite que eu realmente quero cuidar dos negócios da família. Sei que ela me apoiaria, mas nunca aceitaria que eu vivesse uma vida que eu não quero. — E sua irmã?

— Não pôde vir hoje, mas mandou dizer que da próxima vez que eu vier, ela dá um jeito. — Ela concorda em silêncio.

— Você quer comer alguma coisa? Eu fiz um bolo hoje mais cedo, mas eu posso fazer um pouco daqueles biscoitos que você ama.

— Não precisa vó, eu não estou com fome.

— Não tá com fome? Onde já se viu. — Eu ainda me pergunto por que eu ainda nego quando ela me oferece alguma coisa. — Vem comigo e me ajuda.

— Tudo bem então. — A acompanho até a cozinha, sabendo que no final, vou ficar só olhando enquanto ela faz tudo.

— Aproveita e me conta o que tem tirado seu sono. — Ela é algum tipo de bruxa?

— Como a senhora sabe?

— Ah Louis, eu troquei suas fraldas. Sei quando tem algo te preocupando. E sei também que não é de hoje, da última vez que você veio aqui, já estava assim com alguma coisa.

— Como é possível você me conhecer melhor do que a minha própria mãe? — Na verdade, não é muito difícil.

— Oh menino, não é muito difícil perceber que sua mãe nunca levou muito jeito com vocês.

— A senhora tem razão. Lembra quando ela esqueceu a Lucy no shopping? — Pergunto me segurando pra não rir, porque hoje pode ser engraçado de lembrar, mas na época foi uma bagunça só.

— Sua irmã tinha só dez anos, e vocês tinham acabado de se mudar.

— Lembro das duas chegando e a minha irmã chorando horrores. — Fiquei tão preocupado com ela. Lucy nunca foi de chorar e vê-la daquele jeito me assustou um pouco.

— A coitadinha ficou tão assustada. Agora pode falar, o que está te incomodando? — Ela não esquece das coisas mesmo né?

— É uma garota.

— Você está apaixonado? — Não sei, estou?

— Ainda não, mas eu gosto muito dela vó.

— E ela gosta de você?

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