As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte II

Perigo oculto

Os grunhidos e gemidos dos feridos e moribundos preenchiam o local enquanto os soldados ainda em condições tentavam salvar o maior número de companheiros e eliminar os soldados inimigos que ainda respiravam.

Xi Zhang ignorou isso, fechando seu coração para a perda de tantos soldados, seus e de seus companheiros, focando simplesmente naquilo que tinha que fazer.

Ele se reuniu com os oficiais Xa e o Mush Bo Sum para traçar o resto do plano.

Infelizmente, ou não, nenhum dos soldados Seto tinha sobrevivido depois que os reforços tinham chegado. Isolados como estavam do outro lado do campo de batalha, eles foram feitos em pedaços quando o motivo para sua sobrevivência até aquele momento tinha chegado ao fim.

- Como iremos proceder? – perguntou Bo Sum, verificando distraidamente uma ferida n braço esquerdo. – Perdemos muitos dos nossos nessa última batalha e não fazemos ideia de quantos mais ainda teremos que enfrentar daqui para frente.

- Não creio que ainda haja muito deles – respondeu o Patriarca olhando para as outras passagens que se conectavam com o local onde estavam. – Viemos enfrentando vários deles até chegar aqui, mas de repente os números diminuíram até que encontramos grandes grupos concentrados aqui e onde os outros estavam. Essas devem ter sido as últimas tentativas de nos deter deles. Felizmente conseguimos supera-las.

- Então aquele homem que você matou era o líder aqui? – questionou um dos oficiais dos Xa.

- Talvez, mas precisamos verificar o resto da estrutura para ter certeza. – Xi Zhang então tentou entrar em contato com a superfície, mas ainda havia muita interferência o impedindo. – Não sabemos como andam as coisas lá em cima, mas nossos reforços devem ter lidado com seus oponentes. Devemos verificar se há mais inimigos e garantir que é seguro tirar os prisioneiros daqui.

Os outros assentiram concordando com ele e rapidamente começaram a se preparar. No final. Sessenta soldados foram selecionados para continuar seguindo o Patriarca enquanto o resto ficava para trás. Além de uns poucos soldados ainda em condições de lutar, quase todos que foram deixados para trás eram feridos que não podiam ser movidos até que equipes medicas especializadas chegassem.

Sem muita pressa, Xi Zhang liderou os soldados pelos tuneis subterrâneos e galerias que se conectavam com a estrutura construída da Forja. Eles passaram por inúmeras salas cheias de matérias produzidos ou em produção da Forja de Sangue. Armas, armaduras, maquinas. Tinha de tudo.

Foram preciso horas para garantir que o andar onde estavam e aqueles mais acima estavam devidamente seguros e nesse meio tempo os reforços começaram a chegar, socorrendo os feridos e abrindo caminho para que os prisioneiros fossem evacuados em segurança.

Cem soldados das forças da fronteira se reuniram sob a liderança de um Mush e responderam a Xi Zhang, informando que as coisas na superfície já estavam sob controle e que todos os Predadores da Noite já tinham sido eliminados nesse meio tempo.

Isso encheu o Patriarca de alivio. Agora, sabendo que tudo dali até a superfície estava resolvido, Xi Zhang tomou a iniciativa para ir para os pisos inferiores da Forja, onde qualquer última possível resistência de seus inimigos estaria esperando, além do possível líder deles caso não fosse o homem de armadura completa que ele enfrentou.

Os passos sincronizados dos soldados ecoavam por cada passagem que eles tomavam, encontrando salas vazias, câmeras desertas e um caminho abandonado.

Como Xi Zhang suspeitava, parecia que toda a resistência do inimigo tinha desmoronado nos últimos dois confrontos que houveram. O Patriarca duvidava que houvesse muito mais para ser enfrentado dali para frente, se ainda houvesse algo.

Muitos andares foram tomados pelo império até agora, e se houvessem muitos mais, então a força da Forja deveria ser temida em outro nível, já que seria algo assustador de se construir.

Aos poucos, eles começaram a encontrar um tipo diferente de salas, daquelas usadas para observar o complexo, ou dormitórios e até mesmo alguns armazéns com armas e armaduras. Sim, era dali que os inimigos tinham observado todo o desenrolar do ataque imperial.

- Está deserto – comentou Bo Sum, constatando o obvio para todos.

- Será que já enfrentamos todos? – perguntou um Tash Xa.

Seria mesmo isso? Se perguntou Xi Zhang. Teriam todos os inimigos deixados seus postos aqui em baixo para enfrentar a investida imperial? Eles teriam se reunido para lutar, sem deixar ninguém para observar o desenrolar das batalhas contra as duas forças imperiais?

Algo estava errado ali, Xi Zhang podia sentir.

Os soldados com Xi Zhang estavam em formação em um grande corredor que dava para a sala cheia de hologramas e telas que mostravam a superfície e os corredores da Forja. O Patriarca conseguia ver o estado desastroso das coisas na superfície e os soldados ainda evacuando os prisioneiros pelos níveis superiores da Forja, mas estranhamente, nenhuma tela mostrava algo sobre aquele andar.

Seu desconforto foi recompensando com os gritos de alerta dos soldados na retaguarda quando as rajadas de enerjom começaram a acerta-los. Soldados inimigos surgiram de algum lugar pelo caminho que eles tinham vindo, com alfings e outras armas modificadas, trazendo a morte para os soldados imperiais.

Xi Zhang queria retornar rapidamente para ajudar seus soldados, mas foi impedido quando soldados inimigos começaram a se materializar dos cantos da sala das telas holográficas, portando armas modificadas e pegando os soldados de surpresa.

O próprio Patriarca quase não conseguiu reagir ao ataque rápido demais que foi lançado contra ele. A almashas inimiga foi bloqueada e Xi Zhang foi forçado a recuar quando o seu segundo oponente do dia trajando uma armadura de enerjom completa se revelou.

- Fiquem atentos, eles possuem capas de inviabilidade – ele bradou para seus soldados, mesmo seu aviso chegando tarde demais.

- É quase divertido o número de vezes que você ficou em meu caminho, jovem Patriarca. – Uma voz mecanizada pelo elmo fechado chegou aos ouvidos de Xi Zhang. – Quando foi a primeira vez que nos encontramos mesmo? No Teste de Sangue da Academia? Quando matei seus companheiros de classe?

A menção daquele fatídico dia acertou Xi Zhang como um raio. Ele explodiu em movimento, sua lâmina banhada em enerjom deslizando para frente e sendo bloqueada todas as vezes que se movia para acertar seu alvo.

Aquele na sua frente era Arkagim, o terrorista, o assassino. Aquele responsável pela primeira vida humana que Xi Zhang tirou.