Os Gan entram em ação

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Abaixando lentamente a luneta que ele tinha recebido da Forja de Sangue, Yan Gan começou a observar com seus próprios olhos o que se tornaria em pouco tempo um campo de batalha.

Uma fraca chuva caia em volta dele e de seus guerreiros, todos montados em Drags. Aquela chuva era uma benção para ele, já que fazia com que seus inimigos não tivessem a mínima ideia do perigo que se aproximava deles.

Yan Gan ergueu novamente a luneta, um objeto de uns trinta centímetros de forma cilíndrica, um brilho azul vinha de seu interior que dava ao velho Patriarca uma melhor visão do terreno a frente, mesmo estando a noite e com a chuva criando uma cortina cinzenta.

Ele girou um anel de bronze que envolvia a forma cilíndrica da luneta e a distância entre ele e o horizonte a sua frente pareceu diminuir. Yan Gan rapidamente localizou sua filha liderando um grupo de quase vinte guerreiros dos Gan, todos avançando sobre seus Drags em alta velocidade.

Mais da metade deles estava ali para serem usados como guardas dos poucos Lançadores que viajavam no centro da formação deles.

Yan Gan girou novamente o anel de bronze afastando um pouco seu foco antes de mover um pouco a luneta e reajustar a distância com outro giro do anel de bronze.

Ele focou dessa vez em uma passagem entre dois paredões rochosos que separavam as terras dos Gu das dos Fong. Lá era possível ver algumas barricadas, assim como alguns poucos soldados de guarda.

A poucas horas atrás, o Patriarca dos Gan estava com seu exército em uma vila abandonada dos Gu, se abrigando da chuva que tinha acabado de começar. Ele estava desfrutando de uma calma refeição com sua família e outros Grandes Guerreiros dos Gan quando um batedor retornou informando de um exército imperial acampado a poucas horas da Torre de Shaga.

A princípio, ele estranhou que os Gu já tivessem algum reforço esperando nas proximidades, afinal, ele tinha certeza de que tinha sido cuidadoso o bastante para não ter sido percebido por ninguém em seu caminho até ali.

Mas depois de pensar um pouco, ele chegou à conclusão de que os outros já tivessem sido notados. Um exército do tamanho que eles tinham erguido não conseguia passar despercebido pelas terras imperiais.

Sabendo que não conseguiria evitar por mais tempo o combate, o Patriarca dos Gan teve que pensar com cuidado em como agiria dali para frente. Fazer um ataque direto a Torre seria perigoso, já que esses reforços poderiam aproveitar esse momento para ataca-los por trás, fazendo um movimento básico que muitos chamavam de martelo e bigorna.

Outra opção seria atacar o acampamento com os reforços que provavelmente eram dos Fong, mas isso avisaria os Gu da presença deles tão próximos e as defesas da Torre seriam erguidas mais rápido, dificultando um pouco o trabalho dos Gan de conquistar o lugar.

Foi assim que Yan Gan decidiu dividir suas tropas. Normalmente esse tipo de planos podia ser falho, mas ele sabia exatamente como devia proceder. A missão dele era a de tomar a Torre de Shaga dos Gu, para isso sua infantaria era mais do que o necessário. Ele então deu a ordem para que seu filho mais velho levasse os guerreiros a frente e lançasse um ataque surpresa a Torre.

Enquanto isso, ele liderou todos os seus guerreiros em Drags para fazer uma visita aos reforços imperiais. Eliminar todos os soldados era um bônus que talvez pudesse acontecer, mas o objetivo dele era somente fazer com que eles não interferissem no ataque a Torre.

E assim ele deu a sua filha o direito de começar o ataque, já que o irmão dela ficaria com a gloria de tomar a Torre. Assim como Yan Gan esperava, os imperiais não perceberam a aproximação de sua filha com os outros guerreiros.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora