Vespas no céu

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Em uma sala espaçosa com muitas estantes repletas de livros e pergaminho, se encontrava uma mulher sentada diante de uma maciça escrivaninha. Essa mulher inclinava-se sobre a escrivaninha enquanto escrevia em um pergaminho de couro, sua caneta se movendo suavemente enquanto belos caracteres izanitas iam se unindo.

A mulher possuía o nome de Quin Gu, ela já tinha vinte e sete anos e possuía um importante cargo dentre os Gu como a Conselheira do Comercio no Forte Iraguza.

Quin Gu se inclinou para trás de repente e observou o trabalho que tinha em mãos. Ela sorriu para os caracteres belamente organizados no pergaminho de couro. Muitos preferiam usar placas de hologramas para guardar os conteúdos nos dias atuais, mas Quin Gu bem sabia que na falta de um coração, o acesso a todas as informações seria negado ao usuário, por isso ela preferia usar essa maneira rustica que era escrever em pergaminhos e livros.

Quando se preparou para voltar a escrever, ela hesitou e inclinou a cabeça para a porta de seu escritório momentos antes dela ser aberta por um de seus subordinados.

- Eu acredito que já pedi que não entre desta maneira em meu escritório, Shuan Gayon. – Ela falou encarando o recém-chegado com desagrado.

- Peço perdão, minha senhora. – Shuan Gayon falou respeitosamente inclinando a cabeça em direção a Quin Gu. – Mas trago notícias urgentes.

Percebendo o tom esbaforido do chefe de sua guarda, Quin Gu decidiu deixar de lado seu desagrado enquanto pedia para que ele explicasse o que tinha acontecido.

- Acabei de ser informado que um batedor encontrou uma horda de Exilados em nossas fronteiras. – Shuan Gayon falou apressadamente. – Seus números estão na casa dos milhares.

- Os Exilados são uma ameaça comum para o Império. O que tem de tão alarmante na presença deles para te deixar assim? – Voltando sua atenção para seu pergaminho, Quin Gu continuou. – Na verdade, o mais estranho é a ausência de ataques Exilados nos últimos cinco anos.

Assim que terminou de dizer isso, Quin Gu sentiu um certo desconforto, como se estivesse deixando passar algo muito importante, mas antes que pudesse descobrir o que era, Shuan Gayon continuou a falar.

- A senhora está correta como sempre, mas eu vim informa-la porque estão enviando as vespas para dispersar esses Exilados.

A caneta escapou dos dedos paralisados de Quin Gu enquanto ela se virava para encarar o chefe de sua guarda. Ela hesitou somente por um segundo antes de se levantar de sua cadeira.

- Onde ele está?

- Acredito que esteja se encaminhando para sua vespa, minha senhora.

Shuan Gayon deu um passo para o lado, dando passagem para Quin Gu e então seguiu ela, permanecendo a somente dois respeitosos passos de distância. Os dois saíram do escritório da Conselheira enquanto iam em direção ao pátio dos fundos do Forte Iraguza.

Servos e soldados cumprimentavam respeitosamente Quin Gu enquanto eles passavam. A mulher era tão reverenciada naquelas terras quanto o próprio Mush que a governava.

Possuidora de um corpo magro e esguio com uma pele clara e longos cabelos negros na altura da cintura, Quin Gu era considerada como uma das mulheres mais bonitas das terras dos Gu. Ela possuía um nariz pequeno e lábios finos. Seus olhos eram esticados como a maioria dos izanitas, mas ao mesmo tempo, eram um pouco mais estreitos que o normal, o que lhe dava um ar um pouco ameaçador.

Por isso, quando ela encarava aqueles que se demoravam demais em seu caminho, esses se curvavam rapidamente enquanto se moviam para o lado.

Logo atrás dela, Shuan Gayon sorria divertido com o que via. Ele já estava acostumado com aquela situação já que servia como guarda costa de Quin Gu desde de que ela tinha dezessete anos. Para ele, tinha sido surpreendente ver a garota calada com fama de dama de gelo se tornando em uma das pessoas mais ricas da Família Gu.

As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora