As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte II

Geração esquecida

Sobre a muralha de Nova Kashaya, o exército imperial observava os movimentos dos Exilados no horizonte, assumindo suas posições para a batalha que estava por vim. Em uma certa torre na muralha, uma unidade dos Xa estava posicionada de guarda, liderados pela Mush Quon Xa.

Quon Xa estava inquieta, desde que os Exilados tinham chegado, eles tinham gastado o tempo deles sem pressa, erguendo o acampamento deles e posicionando dúzias de canhões que apontavam em direção as muralhas de Nova Kashaya.

Um calafrio passou pela espinha da Mush. O inimigo que a pouco tempo era visto como pouco mais do que um leve incomodo tolerado nas terras vazias do império, agora estava armado para ser uma ameaça a uma das cidades dos Bronzes Imperiais. Como as coisas tinham chegado a esse ponto?

Desde a tentativa dos Aranhas de tomarem a Província cinco anos atrás, as coisas tinham mudado muito no Império, principalmente em Chuvas Cortantes. A força dos Exilados por ali tinha sofrido um salto assustador com seus líderes tendo acesso a armas modificadas e maquinas de guerra.

Quon Xa sabia que essa seria uma batalha sangrenta. Mesmo com os reforços dos Xa, dos Fong e dos Zhang que tinha conseguido a única vitória deles no Forte Iraguza, os Gu ainda estavam em risco de perder sua capital, mais uma vez.

E isso dizia muito do futuro que os esperava.

- Eles ainda não terminaram as preparações deles? – Uma voz desdenhosa se fez presente.

Quon Xa se virou para ver seu parente, o Tash Kako Xa subindo a escada da torre acompanhado pela Tash Mimi Fong e pelo Tash Won Gu. Todos eles estavam vestidos para a guerra.

Kako Xa usava uma armadura blindada e possuía sua almashas presa a argola do cinto enquanto uma lança modificada repousava contra seu ombro. Mimi Fong se movia com passos leves, suas duas kodesh presas em cada lado de seu cinto e Won Gu apresentava uma expressão sombria enquanto contemplava o inimigo do outro lado do campo de batalha. Suas mãos agarrando firmemente o cabo de sua lança.

Assim como ela, aqueles três eram considerados os prodígios de suas respectivas famílias. Gênios no caminho marcial, habilidosos estrategistas e o alicerce para o futuro do nome de suas Famílias.

Seria bom ter Xi Zhang ali com eles. O único que como ela tinha alcançado o posto de Mush, apesar de que se ela fosse ser sincera aqui, ela consideraria que as conquistas do Zhang eram maiores que a dela por uma certa margem.

- Porque nos convocou aqui, Mush? – Won GU perguntou de repente, tirando os olhos das forças inimigas para encarar Quon Xa de maneira bruta.

A falta de respeito do Tash dos Gu fez com que Kako Xa retesasse seu corpo e desse um olhar frio para o lanceiro, mas um único olhar de Quon Xa fez com que ele se contesse.

- É tão estranho que eu convoque aqueles de minha geração para uma última reunião antes da batalha? – Ela perguntou dando de ombros em seguida diante do olhar impassível de Won Gu. – Não tenho nenhum motivo obscuro ou segundas intensões, então pode se acalmar Won Gu.

Ela então se virou e fez um gesto para um soldado que se moveu em direção a uma pequena mesa no canto da cobertura da torre e começou a encher algumas xicaras com uma bebida quente que fumegava enquanto caia dentro das xicaras.

- O que significa tudo isso? – Mimi Fong perguntou com curiosidade.

- Eu gostaria de propor um brinde, a geração esquecida. – Quon Xa respondeu com um meio sorriso no rosto. – Por causa dos acontecimentos daquele ano, nós não recebemos o destaque esperado em nossas Famílias e tivemos que nos sobressair mais do que o esperado na luta contra os Aranhas e os Exilados a cinco anos para que nossos nomes fossem lembrados pelos nossos pares.