As crônicas de Maya - A saga do Império Izar - Parte II

O Mush do Aço Negro

Uma pequena chuva tinha começado a cair quando Ryu Hon viu sua nova recruta treinando com os jovens da Mina de Aço Negro. Ele ficou no canto, em silêncio enquanto analisava os movimentos dela. Seu uso das formas do Ju'gam eram acima da media, provavelmente melhores que a media dos soldados rasos, mas nada para se destacar muito.

Quase como ele mesmo tinha sido no passado.

Ele tinha se revelado um lutador habilidoso, um guerreiro poderoso, mas nada mais do que isso. Ele podia liderar seus soldados pelo exemplo, ficando na linha de frente e mostrando que se ele podia fazer, eles também podiam, mas se o assunto fosse montar uma complexa estratégia, então ele estava perdido.

Por muito tempo Ryu Hon tinha se contentado com seu posto da Tash, crendo que era o máximo que alcançaria em sua vida, mas Xi Zhang mais uma vez tinha mostrado para ele que ele podia muito mais.

Apesar de não ser um estrategista como o novo Patriarca ou como o Mush Tou Fuji que estava sob o comando de uma Espada Imperial nos dias atuais, ele ainda conseguia lidar com ameaças menores.

Desde que ele não precisasse enfrentar uma batalha de grande porte contra um oficial muito inteligente, Ryu Hon estava confiante de conseguir vencer simplesmente na força bruta, mas ainda assim, ele sabia que não poderia seguir assim para sempre.

Era por isso que ele contava com os dois Tash sob seu comando ultimamente. Dois antigos soldados, um de sua unidade e outro da antiga unidade de Buco Q'wem, que tinham mostrado seus talentos nos últimos anos.

O Tash Kai era uma pessoa muito parecida com Ryu Hon, mais habilidade de combate do que inteligência estratégica, enquanto o Tash Dong era um especialista em gestão. Uma copia borrada dos talentos de seu antigo superior.

Com o talento dos três juntos, Ryu Hon sabia que podia manter a defesa da Mina de Aço Negro por tempo suficiente para que reforços chegassem para socorre-los.

Mas deixando esses assuntos de lado, o Mush focou sua atenção nos movimentos da jovem recruta. Guardando para si conselhos que seriam uteis serem dados mais tarde. Ela tinha um potencial como guerreira, mas a ficha dela era mais recheada de informações do que a de Ryu Hon tinha sido no passado. O futuro da jovem Hong era muito mais promissor.

- Você vai assumir o inicio do treinamento dela? – Ele perguntou sem se virar para trás.

Um suspiro soou em resposta enquanto o Tash Kai se aproximava e parava ao lado dele, também observando a garota.

- Eu entendo Dong treina-la, afinal, ele tem talentos teóricos muito importantes para serem passados para ela, mas o que eu tenho para ensina-la? Acabei de receber meu posto.

O resmungo de seu antigo soldado colocou um meio sorriso nos lábios de Ryu Hon enquanto ele desviava os olhos da recruta e se focava no homem ao seu lado. Kai Toh era um homem alto e um pouco musculoso demais para os padrões izanitas. O cabelo preto caía até os ombros e uma barba por fazer cobria seu queixo. Ele já tinha mais de trinta anos e tinha se juntado a unidade de Ryu Hon nas terras do sul depois da batalha no Vale do Mar de Pedra.

- Você passou os últimos anos ao meu lado, aprendeu bem como fazer seu trabalho – Ryu Hon respondeu assentindo para o homem a sua frente. – E enquanto Dong ensina ela sobre os procedimentos de logística e coisas do tipo, quero que você mostre a ela como é o trabalho em campo.

- Vamos manda-la nas patrulhas? – Kai Toh perguntou arregalando os olhos chocados.

- Sim. A Academia foi precisa sobre as observações sobre a garota e focaram bem na parte que deveríamos ensina-la o máximo de coisas possíveis.

- Eles estão bem confiantes nas capacidades dela.

Ryu Hon não respondeu, simplesmente se virou para observar a jovem Hong terminando a pratica das formas com os outros. Breve, ele teria que colocar um pouco de pressão sobre ela, talvez enviar alguns soldados veteranos para treinarem juntos.

Seria um choque, mas a garota perceberia que em uma luta justa, ela teria muitas vantagens com o que já sabia, mas quando se está num campo de batalha, o combate era tudo, menos justo.

Se despedindo de Kai Toh, Ryu Hon caminhou por dentro da aldeia da Mina de Aço Negro, vendo a população ali seguindo com seus trabalhos despreocupadamente. Ele cumprimentou as famílias dos mineradores, trocou algumas palavras com os parentes dos soldados e por um momento, sentiu falta de seu sogro que não faria mais visitas para substituir o turno dele e de sua unidade no futuro.

Ele agora possuía setenta e dois soldados sob seu comando. Quarenta deles eram formados pelas unidades dos dois Tash enquanto os outros trinta e dois eram de sua nova unidade pessoal, aumentada graças ao seu novo posto, mas ainda longe do tamanho ideal.

Além da nova recruta, a Academia estava providenciando mais 20 recrutas para ele. Membros das unidades dos alunos do segundo ano que ainda estavam para chegar. Ele só esperava que com a chegada de todos esses reforços, os planos de Xi Zhang e o Conselho de Swam pudessem expandir devidamente as fronteiras deles.

Depois da festa do casamento de Xi Zhang, ele tinha conversado com Buco Q'wem e descoberto que eles estavam negociando com algumas famílias para conseguir alguns imigrantes dispostos a um novo começo.

Talvez alguns fossem alocados na aldeia da Mina de Aço Negro, aumentando mais ainda sua diminuta população, ou talvez fossem usados para a colonização das antigas terras dos Gu.

Ao pensar nisso, ele ficou com um pouco de inveja de Daiko Lulou. O outro novo Mush de Swam tinha conseguido o melhor e mais glorioso trabalho dentre eles. Ele estava indo para as Ruínas de Kashaya para erguer um posto avançado que permitiria Swam a expandir suas terras.

Se tudo desse certo, o progresso deles seria rápido e sem problemas, mas contra medidas foram feitas para lidar caso algum problema surgisse. Eles tinham planos para lidar com Contrabandistas, Fanáticos e Exilados, desde que os números deles não fossem tão grandes quanto os que atacaram os Gu pouco tempo atrás.

É claro que ainda existiam riscos de confrontos contra os Predadores da Noite, um perigo mais imprevisto do que todos gostavam de admitir. As malditas criaturas poderiam surgir de quase qualquer lugar e em números pequenos ou alarmantes. O poder de destruição de hordas de Predadores era tão grande que as próprias Ruínas de Kashaya eram uma prova de seu terror.

Parando por um momento, a testa de Ryu Hon se franziu enquanto lembranças vinham até ele. Lembranças do dia que ele e os outros se posicionaram para enfrentar uma onda de Fanáticos que estavam montados em Predadores da Noite.

Era quando essas lembranças vinham que ele percebia o quanto o mundo estava mudando. Uma guerra civil que quase destruiu a Província das Chuvas Cortantes, um Exercito de Exilados grande o suficiente para causar a queda de uma Família Bronze, Fanáticos saindo das sombras e enfrentando o Exercito Imperial com montarias monstruosas e agora ainda existia essa maldita Forja de Sangue que estava armando com armas tecnológicas quem tivesse meios de pagar.

O numero de inimigos usando armas modificadas com corações de enerjom ficava maior a cada dia, até mesmo o Exercito Exilado possuía canhões em suas fileiras, ameaçando tanto os Fortes e Cidades quanto naves de pequeno porte.

O mundo estava mudando, mudando rápido e o Império precisava correr atrás para não ser engolido por essas mudanças.

Com esse capitulo eu pago minha divida com vocês. Tudo dando certo estarei trazendo na terça o da semana que vem. Esse é o decimo segundo capitulo do decimo Arco, ainda estamos na metade e a historia estará focando na chegada desses novos personagens e no que eles vão impactar para o crescimento das terras de Xi Zhang. Espero que estejam curtindo a historia.

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Desde já, grato.