A Luz do Amor [Completo]

Capítulo Quarenta e Dois

"Para conseguir a amizade de uma pessoa digna, é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades daquela que admiramos." -Sócrates

[Príncipe Frederick]

Eu preciso de tempo.

Preciso de tempo e um pouco de ar puro para pensar com mais clareza sobre tudo o que acabo de ouvir. É muita coisa para assimilar, muitos fatos que não fazem nenhum sentido e que de alguma maneira não se encaixam nessa história toda.

Mas eu não irei desistir.

Enquanto não descobrir ponto por ponto, não deixarei esse assunto de lado. Existe alguma coisa, alguma motivação oculta por trás desses planos a qual eu saberei mais cedo ou mais tarde. Não posso ignorar o que meus instintos estão me alertando com urgência. É algo grave, eu sinto isso, vindo de todo esse segredo e mistério. Eu só tenho que ser um homem paciente, inteligente, cauteloso, e agir no momento certo, então tudo se esclarecerá.

Dessa forma, despeço-me de meu pai após encerrarmos a conversa recheada de tensão e segredos, e decido ir para a cidade, me colocar a par pessoalmente de como a situação ficou por lá depois do ataque, para que assim, seja feito um relatório registrando os danos, e as providências adequadas sejam tomadas de acordo com as necessidades que existirem.

Reúno-me com Felipe e mais alguns soldados, e juntos seguimos o caminho por cerca de uns trinta minutos que leva a vila. Durante o trajeto não tenho coragem de encarar o rosto Felipe,  sabendo muito bem que estou escondendo um segredo dele, que na verdade eu mal sei o que é, coisa que nunca houve em nossa vasta relação de irmãos ao longo anos dos anos.

Por essa razão, evito ficar próximo a ele durante o percurso, arranjando qualquer desculpa para me manter ocupado, e com isso não ter que lidar com Felipe em nenhum momento.

Talvez isso possa até ser considerado uma atitude covarde e omissa da minha parte, entretanto, eu me conheço e sei que não irei conseguir mentir olhando dentro dos olhos de Felipe. Se meu irmão ao menos imaginar que algo está acontecendo, e me questionar a respeito do assunto...

Eu não posso mentir para ele.

Mas também não posso dizer a verdade, pois isso significaria que estarei sendo desleal ao meu pai e quebrando minha promessa. Eu dei minha palavra e pretendo honra-la até que toda a verdade seja revelada. Entretanto, por hora, preciso conter-me e calar minha boca grande para não arruinar tudo. Será difícil, todavia é uma promessa que pretendo cumprir.

A hora certa vai chegar, Frederick! Acalme-se, homem! Apenas acalme-se!

Dessa forma, decido me concentrar naquilo que vim fazer e que exige muito da minha atenção, que é sondar perdas e danos, e com alguma sorte, encontrar pistas ou rastros deixados para trás por aqueles bastardos com os quais estamos lidando.