A Luz do Amor [Completo]

Capítulo Setenta e Dois

"Na verdade, as mulheres são mais corajosas do que os homens, são mais impetuosas, mas racionais quando a questão é amar e desamar." -Sócrates

[Luz]

A princesa fugiu!

Sinto um calafrio percorrer minha espinha e arrepiar os fios dos meus cabelos ao ouvir que minha fuga já foi percebida e que agora, nesse exato instante dezenas de soldados estão a minha procura como cães farejadores por todas as partes do castelo de Valois.

Meu coração não perde o compasso dessa vez, na verdade, a adrenalina potencializa algo dentro de mim e me faz querer correr como nunca, por mais que a barriga possa dificultar um pouco, contudo sei que posso fazer isso. Basta somente que Deklan indique o caminho o qual devemos seguir e eu estarei pronta para ir para onde quer que seja.

-Que raio! Sabia que tínhamos pouco tempo para encontrar a saída antes que o seu desaparecimento fosse percebido pelos guardas, entretanto agora esse tempo se esgotou. Temos que sair logo daqui, Luz!

Deklan anuncia com certa contrariedade e resmunga alguma coisa inaudível, como se discutisse consigo mesmo, de modo que não consigo compreender uma única palavra do que diz. Mas como isso não importa agora, tudo o que precisamos fazer é correr, e correr sem sermos flagrados por ninguém.

-Agora não é hora para nos lamentarmos, Deklan. Falar o que deveria ou não ter acontecido não irá mudar os fatos ou a circunstância em que nos encontramos. O que está feito está feito. Diga-me por onde iremos por favor, e chega de murmurar feito um velho ranzinza, homem!

Tento assumir a compostura de mulher madura e racional para poder lidar com o príncipe de Inverness, que de alguma forma está começando a me irritar com seus resmungos incoerentes e contrariados.

Ora, ele não é um homem de guerra, um grande soldado como gosta de afirmar para todos, treinado durante anos para saber enfrentar as adversidades que surjam em seu caminho e encontrar soluções para diversos problemas? Então que ele comece a fazer o bom uso daquilo que carrega dentro de sua cabeça, sua mente brilhante, e nos tire logo dessa com algum plano ou estratégia.

-Não brigue comigo, mulher! Eu sei o que fazer, só fiquei um pouco nervoso por um instante. Não há motivos para se estressar. Tente manter a calma pois eu não estou preparado para fazer o parto de nenhum bebê, está me ouvindo? Terá que se virar sozinha nessa.

Deklan reclama inconformado por ter levado uma reprimenda feito um menino birrento, e mesmo com o semblante fechado, ajuda-me a me colocar de pé outra vez com cuidado, e faz com que eu ande a sua frente pelo segundo corredor o qual adentramos após uma segunda bifurcação que cruzamos há alguns metros.

-Eu sei muito bem que não posso contar com você para isso, Deklan.

Eu o alfineto em provocação com um revirar de olhos debochado que ele não percebe por seguir logo atrás de mim.

-Vamos, por aqui Luz.

Deklan finge não escutar o que digo e eu me contenho para não rir da carranca feia que ele ostenta na face. Eu até que me divirto um pouco em provocá-lo, mesmo que não seja um momento oportuno, mas tomada por uma reconfortante sensação de proteção como a de um irmão mais velho, sou impelida por algo que desconheço para continuar tirando-o do sério.

Deklan é um bom homem, meio fechado em seu próprio mundo particular, mas que pode se mostrar bastante engraçado quando se deixa revelar de verdade. Ele é uma pessoa do bem, que necessita apenas de um leve empurrãozinho para se tornar ainda melhor do que já é, e melhorar seus bons modos.

-Eu é que estou grávida e é você que anda devagar como se estivesse parindo, Deklan? Pelos céus! Acelere mais esses passos, homem.

Eu brinco, enquanto percorremos mais alguns metros do caminho indicado. Estou cansada, bufando e com a testa molhada de suor, mas eu não desisto de continuar correndo, pois nossas vidas dependem disso. Ignoro a dor nas pernas e as pequenas pontadas que sinto atingir-me na altura do ventre de tempos em tempos.

Apenas sigo em frente, em silêncio, sem protestar ou dizer qualquer coisa a Deklan para não interrompermos nossa caminhada. O instinto de sobrevivência, e de proteção ao meu filho me fazem resistir a tudo e renovar as forças que eu sequer sabia que possuía, mas que estou descobrindo que existe dentro de mim.

-Prefiro não respondê-la a altura para não ferir seus delicados ouvidos, princesa.

Deklan rebate sarcástico e nós rimos em conjunto, mas extremamente concentrados em não cair ou tropeçar em alguma pedra ou degrau durante o percurso.

Eu lidero a frente determinada a não parar por nada, seguindo na direção que Deklan está me instruindo, e por um momento eu me pego ponderando sobre como ele gravou tão bem toda essa longa trajetória, mesmo não tendo uma boa visão devido a parca iluminação, e não ter esquecido ou confundido nenhuma parte da rota.

Como ele consegue? Devo parabenizá-lo por esse feito, apesar das circunstâncias Deklan merece tal reconhecimento por seus feitos.

Minha mente está trabalhando ao máximo para desviar o foco das crescentes dores que estão gradativamente se apoderado do meu corpo já exausto pelo esforço. Qualquer coisa que me faça pensar em algo que não seja ajoelhar nesse chão duro e gritar de dor, será válido para me ajudar.

Está cada vez pior e pressinto que não poderei aguentar por mais tempo esse martírio. Com os olhos cheios de lágrimas, a garganta seca e o ar escasso em meus pulmões, cesso meus passos já sem forças para prosseguir.

O desespero bate forte em meu peito depois de tanto correr em vão, e faz com que meu corpo inteiro congele no instante em que nós paramos próximo a uma superfície robusta e envelhecida de madeira, a qual aparenta ser uma porta camuflada que provavelmente leva a alguma saída da passagem secreta.

O barulho do objeto se movendo indica que alguém está abrindo a passagem e vindo exatamente em nossa direção. Deklan e eu não temos como ou para onde correr agora. Nós estamos encurralados. Sem saída. Meu coração erra uma batida, eu perco o equilíbrio ao ser dominada por uma vertigem e desmorono para frente. Mas não caio no chão. Sou amparada com agilidade e força por um par de mãos hábeis que me seguram no mesmo instante.

-Amor, você está bem?

Completamente incrédula, lentamente ergo os olhos para o alto para me certificar de que não estou delirando ao ouvir a voz tão conhecida. Isso é um sonho?

-Felipe?

Balbucio seu nome com os lábios trêmulos e a visão turva, totalmente fora de mim.

💡💡💡

Hello, filhos da Luz! Tudo bem? Então beleza! Não esqueça de deixar sua estrelinha e o seu comentário ou o bichinho do amor vai passar longe da sua telinha! haha

⏳Faltam 3 capítulos + Epílogo ⌛