A Luz do Amor [Completo]

Capítulo Trinta e Três

"Só podemos medir a nossa força quando nos deparamos com um obstáculo." -Antoine de Saint-exupéry

[Princesa Francesca]

O incômodo que sinto a cada passada que dou a caminho do gabinete do nosso pai se torna cada vez mais acentuado, entretanto finjo normalidade como de costume, para que Frederick não perceba que há algo de errado acontecendo comigo.

Esboço um semblante tranquilo e impassível em meu rosto, sob a mira desconfiada de seu olhar atento de gavião em mim, e trago a tona assuntos aleatórios para distraí-lo pelo tempo necessário de chegarmos à nosso destino.

-Felipe, Luz!

Eu os chamo em um sussurro apressado no momento em que as portas do gabinete real se abrem para que Frederick e eu entre, e os guardas as fecham quando nos encontramos já do lado de dentro.

-Como vocês estão? Vocês se feriram, irmão? Como e quando essas coisas aconteceram? Meu Deus, eu fiquei tão assustada quando Frederick me procurou hoje para contar o que ocorreu... -digo em um fôlego só, e me dirijo com urgência para perto do divã onde Felipe e sua noiva estão deitados.

-Calma, Francesca... -Felipe ergue a mão dos cabelos de Luz e a estende em minha direção em um pedido mudo de calma e paciência, as quais eu não possuo no instante, então continuo a falar feito uma torrente de águas descontroladas.

-Ele não me explicou a situação com  clareza, então eu vim durante todo o trajeto até aqui formando milhares de cenários horríveis em minha mente. -eu confesso com o coração acelerado ao me sentar na ponta do divã, e desvio o olhar para o rosto adormecido de minha cunhada que começa a dar indícios de que está despertando.

-A pior parte já passou, irmãzinha. Eu estou bem, não se preocupe comigo.

Felipe puxa minha mão para si e deposita um beijo carinhoso no dorso da mesma com uma piscadela de olho divertida.

-Mas e você, Fran? Não se feriu ontem à noite, certo? Quero saber se a senhorita foi para o abrigo e ficou em segurança durante o ataque, como manda o protocolo.

-Eu... -minha garganta parece fechar devido o poder que os olhos azuis de Felipe exercem sobre mim, exigindo a verdade, enxergando o âmago da minha alma.

Por um segundo temo cair em contradição aos meus objetivos, e acabar revelando a verdade para meu irmão mais querido. Felipe e eu temos um elo tão forte de amor, fraternidade e cumplicidade, onde sempre existiu sinceridade entre nós, que se torna uma tarefa árdua, ter que esconder um problema imensamente doloroso e delicado para mim, e não poder dividi-lo com ele, meu melhor amigo e confidente.

-Olhe, Luz acordou!

Aproveito a oportunidade para mudar de assunto rapidamente, quando noto as pálpebras da mesma tremerem e se abrirem logo em seguida.