A Luz do Amor [Completo]

Capítulo Sessenta e Três

"A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo." -Voltaire

[Luz]

Todo o meu corpo protesta de dor quando lentamente abro os olhos, e pisco as pálpebras com certa dificuldade tentando enxergar alguma coisa sob a escuridão do local onde me encontro.

-Meu Deus, onde eu estou?

Murmuro baixinho com a garganta seca e a voz arranhando. Apoio minhas mãos sobre o chão na intenção de me equilibrar ao colocar-me de joelhos, para em seguida ficar de pé, porém o piso irregular faz com que eu me desestabilize por um instante, escorregue e caia sobre meus joelhos novamente, que na queda se fere com pequenas pedrinhas que estão espalhadas pelo chão.

-Aii...

Eu resmungo de dor, e me curvo de lado quando sinto uma leve fisgada atingir minha barriga de maneira incômoda.

-Por favor, não... Agora não. Ainda não é o momento certo, então aguente só mais um pouquinho, meu amor. Nós vamos sair dessa, está bem?

Eu suplico de olhos fechados ao acariciar meu bebê sobre a barriga com a ponta dos dedos em movimentos circulares, tentanto acalmá-lo assim como a mim mesma também.

-Seu pai deve ter sentido nossa falta e está procurando por nós agora, então não se preocupe, sei que ele irá nos encontrar muito em breve.

Eu continuo a conversar com o bebê em meu ventre, com a voz serena e tranquila, mas com o coração apertado e temeroso. E se Felipe não conseguir nos encontrar? O que farei? Eu mal me recordo como tudo aconteceu, como perdi a consciência num instante e muito tempo depois, acordei aqui, num lugar sem iluminação, o qual desconheço, a mercê de algum lunático que me sequestrou e me prendeu com algum intuito maligno por trás de tal plano.

Quem são essas pessoas e o que querem comigo mantendo-me como refém? Joias? Dinheiro? Poder? Causar terror na família real ou no reino de Navarra? Nesse momento minha mente está tão confusa e perdida que eu não consigo sequer imaginar o propósito de tamanha barbaridade estar sendo cometida.

Tudo o que consigo pensar é nos pequenos fragmentos das últimas horas antes das coisas acontecerem. Eu estava sozinha no antigo quarto de solteira que ocupava no castelo antes de me casar com Felipe, após ter sido chamada com urgência por Cloud, dama de companhia de Francesca, que me levou até o lugar alegando que a princesa estava muito mal e que algo terrível estava prestes a acontecer com a mesma se não a socorressemos imediatamente.

Então mais do que depressa eu havia disparado rumo a direção indicada por Cloud, seguindo a sua frente com passos velozes e a cabeça preocupada com o que poderia ter ocorrido com minha cunhada. Eu entrei no quarto como uma louca, com as mãos nos cabelos e olhando para todos os lados em busca do paradeiro de Francesca.