NOVE

30 4 1
                                    

"I go crazy, crazy baby, I go crazyYou turn it onThen you're goneYeah, you drive me crazy"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"I go crazy, crazy baby, I go crazy
You turn it on
Then you're gone
Yeah, you drive me crazy"

Crazy(Aerosmith)

Meus dedos voltam a apertar o volante com toda a força que consigo. Vejo os nós mudarem de vermelho para branco assim que eu aumento a pressão. Poderia estar fumando um cigarro para me acalmar, mas sei que é proibido entrar na instituição com aquele cheiro forte.

Jesse assiste a cena de modo apreensivo, analisando toda e qualquer ação que eu tome. Não sei se foi uma boa ideia trazer ele aqui, talvez a Afrodite surte ao ver alguém conhecido que não seja da família.

— Vamos. — Digo baixo antes que eu desista de entrar e ligue para o helicóptero nos levar de volta para San Patrick.

Espero o Jesse sair do carro antes de trancar o veículo e atravessar a rua em direção a entrada da instituição. A reabilitação particular de Boston é enorme, e de longe se parece mais com um asilo de idosos cheios da grana. Dou o meu nome e o do Jesse na recepção, a funcionária teme um pouco ao ver que o nome do meu amigo não está na lista dada pela minha mãe, mas eu reforço que ele está comigo e tudo dá certo.

O detector de metais apita ao chegar em meu piercing no umbigo e eu sou obrigada a levantar a blusa. Celulares, bolsa e as correntes do Jesse ficam trancadas no armário de pertences de visitantes antes de entrarmos na ala dos pacientes.

É tudo em um tom de branco, cinza, verde e marrom. É impossível dizer que o local não é aconchegante, mas é essa a questão: É aconchegante demais. Não sei como a minha irmã está aqui a mais de seis meses, eu já teria enlouquecido.

Tudo acontece tão rápido que eu só me toco que já estou no salão de visitas quando a minha irmã mais nova passa pela porta e caminha até mim e o Jesse.

Eu costumava ter inveja da Afrodite quando eu era mais nova. Ela fazia jus ao nome, sua beleza era, e é, estonteante, quando passava por mim parecia que ela brilhava, quase como o sol. Tanto que era assim que meus pais a apelidaram: Sol. Porém, hoje, Afrodite está opaca. Talvez mais do que quando eu a vi a duas semanas atrás, da última vez que eu vim visitá-la.

Faz mais de seis meses que ela não brilha como antes. Na verdade, pelo o que a psicóloga dela me diz, faz anos que a Afrodite não sabe o que é brilhar de verdade, e isso me deixa preocupada.

Como eu não percebi que ela havia deixado de ser o sol que era?

— Jesse! — Ela abre um sorriso surpreso e fraco, me fazendo perceber o quão mais magras estão as suas maçãs do rosto.

Ela está mais magra.

Poderia dizer, quase com cem por cento de certeza, que até o número do seu sutiã diminuiu. Eu havia desconfiado disso a duas semanas atrás, mas ela estava usando um pijama muito folgado para me fazer ter uma boa noção. Hoje ela está usando uma regata rosa e uma calça de pijama quadriculada preta e cinza.

COLD BLOODOnde histórias criam vida. Descubra agora