TRINTA E SEIS

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"So I start a revolution from my bed'Cause you said the brains I had went to my headStep outside, summertime's in bloom

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"So I start a revolution from my bed
'Cause you said the brains I had went to my head
Step outside, summertime's in bloom."
Don't Look Back in Anger (Oasis)

Nunca pensei que discursos de festas da alta sociedade pudesse ser tão chatos quanto são em alguns filmes. No entanto, uma coisa eu tenho que admitir, a mãe da Atena tem uma oratória excepcional, não é à toa que a empresa de advocacia em seu nome é famosa para cacete. E eu acho que essa é a única coisa que Atena e Amanda Rider possuem em comum, porque de aparência as duas são bem diferentes, no máximo um traço ou outro.

E quando Amanda é aplaudida pela terceira vez vejo Atena pegar mais uma taça de champanhe enquanto se remexe nas botas desconfortáveis. Afrodite, ao seu lado, bate leve palmas, assumindo o seu papel de filha com orgulho da mãe, mas o seu rosto demostra o mais puro tédio.

Noah e o Galani mais velho estão parados juntos ao pai do Dominic, antes do início do discurso, os três estavam em uma conversa animada sobre esportes que me deixou completamente entediado. Jesse saiu para fumar um cigarro depois de ter discutido com o pai sobre o uso do helicóptero, Raphael o acompanhou até a varanda.

Atena se contorceu por inteira quando o Jesse a chamou para fumar, mas ela negou depois de pensar um pouco. Sei que ela está tentando, ao máximo, manter parte do seu papel de Hwang Rider, filha mais que perfeita, e que por dentro está surtando por isso.

Mais uma salva de palmas e ela se prepara para virar a taça de cristal de champanhe. Seguro o seu braço e puxo a taça para mim delicadamente, seus olhos amarelados queimam ao olharem para os meus, mas eu não desvio o olhar nem por um segundo. Nem quando deslizo minha mão vazia para o final de suas costas e faço sinal com a cabeça para que me siga.

A taça cheia em minha mão é abandonada na primeira bandeja que eu vejo passar em minha frente. Sinto os dedos da Atena se enlaçarem com os meus, o gelado dos anéis de prata contra a minha pele quente, enquanto passamos entre as pessoas e ela lidera o caminho até a escada de incêndio lateral, destrancando a porta com um cartão branco.

Em silêncio e com muita calma nós subimos até o primeiro andar do escritório e eu a ouço respirar pesadamente quando eu bato a porta atrás de mim.

Cabides e mais cabines de mesas pequenas preenchem o local, há estantes cheias de livros espalhadas por todo o ambiente. Ela caminha até uma cadeira acolchoada e se joga ali, com a cabeça para trás e olhos fechados.

— Não sabia se meu cartão antigo iria funcionar. — Atena roda o fino objeto entre os dedos e eu assisto aquilo calado. — Quero ir para casa. — A ouço choramingar pela primeira vez na vida.

— A gente pode descer e pedir um táxi. — Digo com a voz rouca demais e dou um passo à frente, meus pés tocam os dela.

— Não, não vou dar esse gostinho a ela e a Artêmis. — Ela sorri amargamente e eu cruzo os braços, ainda olhando para o seu rosto. — Você vê? — Ela cobre o rosto com as mãos, as unhas grandes pintadas de preto. — Você vê o modo que todas aquelas pessoas a aplaudem? Como se minha mãe fosse a melhor pessoa do mundo! — Uma risada de escárnio escapa dos seus lábios. — Como se ela nunca tivesse deixado claro para mim o quão decepcionante eu sou para ela, que desejava, pensava e queira tanto que eu não tivesse nascido. — Ao dizer isso seus olhos se arregalam no mesmo instante. — Eu nunca lhe disse isso. — Ela aponta seu indicador para mim.

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