QUARENTA E TRÊS

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"Ain't no sunshine when she's goneAnd this house just ain't no homeAnytime she goes Away"Ain'n No Sunshine (Bill Withers)

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"Ain't no sunshine when she's gone
And this house just ain't no home
Anytime she goes Away"
Ain'n No Sunshine (Bill Withers)


— La la la la la la la la la la la. — Raphael e Jordan cantam no microfone enquanto eu assisto a plateia batendo palmas no ritmo na música. Seguro a base do microfone e deixo a batida da música me levar, contando os segundos e respirando antes da minha vez de finalizar a música.

O suor escorre pela lateral do meu rosto e eu me sinto muito bem com isso. É o último show da The SafeSound antes das férias de fim de ano, e agora só tocamos juntos na segunda semana de janeiro. A Heaven não abre para shows na época de férias, a cidade completamente vazia não compensa os custos de uma noite de show e festa.

She's a good girl. — Canto junto ao Ethan no microfone e sacudo o pandeiro meia lua que seguro e bato ele na palma da minha mão. — She's such a good girl. She's a good girl.

Olho de relance para o guitarrista e percebo que ele faz o mesmo. Nos encaramos por alguns segundos e isso é o suficiente para que eu perceba o que o Jesse e os outros dizem sobre nós dois em cima do palco. Exalamos química. Ethan pisca um olho castanho para mim, e eu saio do transe de pensamento rápido que eu havia entrado.

She feels so good. — O ritmo vai diminuindo aos poucos e eu volto a fechar os olhos, meus quadris balançam suavemente enquanto o som da guitarra do Ethan se sobressai aos outros instrumentos. — She feels so good. — Passo minha mão direita pela clavícula, pelo pescoço e subo pela lateral do meus rosto, totalmente entregue às ultimas notas da música. — Oh she's a good girl. — Prolongo a última sílaba enquanto balanço o pandeiro antes do Shawn finalizar a canção com uma última batida.

A salva de palmas sobe logo depois.

Não sei quando eu vou me acostumar com isso. Meus pelos do braço se arrepiam no mesmo instante e um sorriso involuntário aparece em meu rosto. É completamente extasiante. Fazia anos que eu não me sentia dessa forma, e agora isso acontece todo fim de semana, com meus amigos ao meu lado.

— Obrigada. — Ethan diz no microfone eu sorrio antes de abaixar minha cabeça em agradecimento. Vejo o resto da banda fazendo o mesmo e sorrio com isso.

É o final do último show antes das férias de fim de ano e eu já me encontro saudosa pela sensação de estar no palco assim que eu me retiro dele. A música eletrônica do DJ da noite toma o ambiente e eu solto um suspiro pesado antes de guardar o pandeiro em meia lua na caixa. Passo os dedos pelo meu cabelo suado e recebo um aperto leve na cintura antes de me virar, assustada.

— Sua casa? Minha casa? — Ethan pergunta em um tom baixo e é como se eu recebesse uma descarga de adrenalina no mesmo instante.

Depois da madrugada de sábado para domingo, Ethan dormiu em minha casa por três dias seguidos. E em nenhum deles nós chegamos a transar. Não houve nada além de carícias leves, beijos simples e cuidado. Foi estranho, mas foi um estranho bom. E o mais esquisito é que nos dois primeiros dias depois que ele foi embora, eu comecei a sentir uma falta insana daquilo.

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