"Sangue frio"- Substantivos masculino. Autocontrole para se comportar com tranquilidade em situações difíceis. Calculista. Domínio de si.
Atena considera-se diferente da maioria das pessoas. Afinal, a garota de olhos quase amarelos não considera san...
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"But you never came back to ask it out Go ahead and watch my heart burn With the fire that you started in me But I'll never let you back to put it out." &burn (Billie Eilish)
Já é a terceira vez que a Jordan me liga em menos de quarenta minutos e eu xingo ela mentalmente antes de saltar do carro. Sei que estou atrasando a nossa viagem para Manchester, mas tem uma coisa que eu preciso fazer antes, que é entregar o presente de Natal da garota de olhos amarelados. Comprei ele faz alguns dias e gosto de entregar presentes pessoalmente, principalmente os de Natal, que é uma das minhas datas comemorativas preferidas.
Esfrego meus braços antes de fechar o sobretudo que estou usando e caminhar em direção ao prédio universitário. Imediatamente me lembro do domingo passado, que eu passei enfurnado no apartamento da Atena, conversando, arrumando alguns arranjos no violão novo dela, me inebriando com a sua presença, com seu cheiro, gosto e voz.
Não me sinto pronto para falar sobre dar um passo em frente nessa relação. Na verdade, é como a própria Atena disse, rótulos só atrapalham as coisas na maioria das vezes. E eu não tenho o interesse em ficar com ninguém a não ser ela, e acho que o sentimento é recíproco. Estamos bem juntos, o domingo foi prova disso. Eu gosto dela e ela gosta de mim. Ponto.
Uma garota ruiva, que eu sei ser vizinha de frente do Shawn, passa pelo portão de entrada e o deixa entreaberto para que eu consiga entrar. Mostro a ela um sorriso simples em agradecimento antes de entrar no prédio que o Atena e Shawn moram.
Meus dedos estão suando, um claro sinal de que estou nervoso. Desse modo, para acabar logo isso, não demoro nem um pouco antes de andar até a porta do apartamento da Atena e apertar a campainha. Ouço alguns gritos vindos de lá e ergo as sobrancelhas ao ouvir uma voz masculina desconhecida soltando uma série de xingamentos resmungados. E não me surpreendo quando é o dono daquela voz grossa que abre a porta.
Os olhos verdes escuros me analisam do coturno preto sujo até o gorro cinza simples cobrindo meu cabelo despenteado. Um sorriso de lado se forma no rosto do homem, quando ele parece me reconhecer. E eu demoro alguns instantes para associar o nome ao rosto também.
Mason Rider.
O tio da Atena não é nada parecido com a sobrinha. O homem em minha frente é um clássico britânico, desde a postura até o nariz levemente arrebitado. E eu tenho que dizer, ele é bonito para caralho. O cabelo escuro como a noite com alguns fios grisalhos que podem ser contados nos dedos está devidamente penteado, e a barba em seu rosto está devidamente aparada.
De um certo ângulo ele parece com Derek Shepherd de Grey's Anatomy, e eu tenho certeza de que eu se eu falar isso para a Jordan ela vai surtar e querer vir até aqui.
— O guitarrista, presumo. — Ele cruza os braços, tomando cuidado para não amassar o colete preto que usa. — Minha sobrinha me falou bastante sobre você pelo telefone.
Mordo minha língua antes que pergunte o que, exatamente, ela anda falando de mim para o tio. Se ela comentou sobre o que somos um para o outro, mesmo que eu não saiba exatamente o que, ou se eu sou apenas um colega de banda. Estendo minha mão para ele, que me olha surpreso pelo ato.
— Ethan David O'Brien. — Me apresento e um sorriso lupino toma o seu rosto. E é um tanto que assustadora aquela expressão, principalmente quando ele analisa meu rosto por inteiro, como se quisesse absorver cada detalhe antes de apertar a minha mão.
Entendo de onde a Atena aprendeu a ser tão intimidante, mas também existe a possibilidade de o pai ter ensinado isso a ela e não o tio. Tenho minhas dúvidas em relação a isso.
— Mason Rider, mas acho que já sabe. — Ele declara e eu concordo com a cabeça antes de soltar minha mão do seu aperto forte. — Com o que posso ajudá-lo?
— Atena está? Vim entregar a ela uma coisa. — Dou de ombros e enfio minhas mãos no bolso do sobretudo. — É rápido, tenho que cair na estrada daqui a alguns minutos.
— ATENA! — Mason grita para dentro do apartamento, perdendo a pose de predador por um instante e logo depois a retoma ao me olhar. — Vai viajar no feriado? Passar as festas com a família?
— Exato. — Solto um suspiro leve. — Sou de Manchester. — Acrescento rápido e vejo ele me analisar de cima a baixo mais uma vez. O que é estranho para cacete e me faz querer dar o fora dali o mais rápido possível. Onde está a Atena? Por que eu tinha que inventar de dar esse presente pessoalmente?
— Boa cidade, da última vez que eu fui lá briguei em um bar. — Mason Rider soa saudoso e minha sobrancelha se ergue no mesmo instante. Seus olhos verdes se encurtam em minha direção. — ATENA! — Ele grita mais uma vez para dentro do apartamento, me assustando. — Você quer entrar?
— Não precisa. — Tiro a caixinha prateada de papelão com um laço amarelo de dentro do meu bolso e estendo para ele. — Só vim entregar... — Paro no mesmo instante ao ver um cara enorme aparecendo no corredor enrolado na toalha, acho que ele tem o tamanho do Noah.
Ele caminha com uma casualidade, como se não fosse a primeira vez dele ali e não se preocupasse com a presença do Mason ali, ou com a minha. Seus olhos escuros estão presos em mim, exalando a mais pura curiosidade, o cabelo castanho está molhado indicando que ele acabou de sair do banho.
O cheiro de pêssego invade as minhas narinas.
— Ela está tomando banho, o que foi? — Ele soa casual e eu engulo seco antes de morder minha bochecha internamente, o cheiro de pêssego me deixando um tanto que perdido. Eu não sei o que fazer.
— Nada demais. — Respondo antes que Mason fale algo sobre mim. — Só vim entregar isso. — Mostro um sorriso sem dentes e estendo a caixinha para o tio dela. — Pode entregar, por favor? — Tento não olhar para o ouro cara naquela sala, focando somente no Rider em minha frente.
— Claro. — Mason responde um tanto que entediado e pega a caixinha em minha mão. — Mais alguma coisa?
— Não. — Respondo rápido demais e trinco o meu maxilar. — Quer dizer, diga que o presente é meu e do Noah. — Digo sem pensar e me arrependo por um instante daquilo, mas não consigo deixar de sentir o cheiro de pêssego no cara de toalha no meio da sala. — Tenho que ir pegar a estrada movimentada. — Dou um passo para trás e enfio as mãos no bolso. — Foi um prazer.
— Digo o mesmo Ethan. — Mason responde baixinho, analisando as minhas expressões e eu mostro mais um sorriso sem dentes antes de dar as costas.
Ouço a porta do apartamento se fechando antes que eu chegue no portão de saída do prédio, mas a única coisa que eu consigo pensar é o quão idiota eu sou. Idiota, estúpido, e simplesmente,
