Capítulo 27: Banheiro

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Vanessa: on

  - Por que eu fui me apaixonar por alguém tão teimosa? - pergunta Sara me deixando surpresa juntos aos outros.

  - Pera ai, o que você disse? - pergunto querendo confirmar que não ouvira errado.

  - Bem, o que tá feito tá feito - disse ela passando a mão pelos cabelos enquanto suspirava se aproximando - até acho que deveria ter feito isso antes, quem sabe estaríamos numa situação melhor do que agora? Mas se quer tanto que eu repita, ok, eu sempre estive apaixonada por você Vanessa, agora entre no jipe.

  Sem saber o que dizer ou fazer depois daquela revelação deixo ser levada para dentro do jipe tentando assimilar o que acabara de ouvir, a Sara estava apaixonada por mim? Como é que eu não notei isso antes?

Sara: on

  Todo o caminho até a casa da Vanessa fora em silencio e eu sabia exatamente o porque, que maravilha eu fui me declarar só para que ela ficasse em silencio e pudesse leva-la para casa sem muitos problemas, mas agora que me acalmei vi a burrada que fiz e teria que lidar com as consequências disso mais tarde, quando enfim chegamos notei que o carro do Kenny estaciona logo atrás de mim, com isso desço esperando que a minha amiga fizesse o mesmo: - Nós precisamos conversar - disse ela com a voz ainda afetada pela bebida se aproximando de mim - e dessa vez, não me esconda nada.

  Não havia como negar isso, mas ainda existia um problema se eu contasse tudo com a Vanessa nesse estado existia uma grande chance dela não lembrar no dia seguinte o que faria tudo ser em vão, foi quando uma ideia passou pela minha cabeça e admito que não seria nada agradável, para nos duas: - Você está certa, mas antes - sem dar a chance dela entender o que eu queria, levanto-a do chão como havia feito mais cedo levando-a para dentro da casa ignorando tanto os seus protestos quanto os olhares interrogativos dos nossos amigos somente voltando a solta-la quando estávamos no box do banheiro, aproveitando a confusão que causara pelo o meu gesto ligo o chuveiro e a abraço para que ficasse debaixo da água gelada - desculpa, mas preciso que esteja completamente sóbria para temos essa conversa.     

  Passando alguns minutos assim até  notar o cansaço de Vanessa causado pela bebida e o meu próprio por tê-la carregado escadas a cima, então desligo o chuveiro e me sento junto a ela no chão do banheiro sentindo as roupas colarem em minha pele só esperando a tão temida pergunta vim: - Quando você pretendia me contar o que sentia por mim? - pergunta Vanessa.

  - Pra ser sincera eu não pretendia contar - digo olhando para o lado e vendo as meninas paradas na porta do banheiro que eu havia deixando aberta, com isso sinalizei para que elas nos deixassem sozinhas - não queria que isso atrapalhasse a nossa amizade. 

  - Então, só por curiosidade tem mais alguma coisa que você não me contou? - pergunta Vanessa.

  - Pra dizer a verdade tem - digo me ajeitando um pouco na parede fria do box, é agora ou nunca.

  - E o que seria? - pergunta ela.

  - Bem, eu meio que sou intersexual - respondo com a maior vontade que o chão se abrisse e eu fosse sugada para dentro, com medo de ver a sua reação.

  - Eu já sabia - disse Vanessa me pegando de surpresa.

  - Sabia? - questiono.

  - Sim, eu sabia só estava querendo que me contasse por si mesma - disse ela se ajeitando para ficar mais confortável no chão.

  - A quanto tempo você sabia? - pergunto tentando entender aquilo.

  - Há algum tempo - responde ela com simplicidade - digamos que ouvir algo que não devia.

  - Deixa eu adivinhar, foi pela Lili? - pergunto me fingindo de desentendida.

  - O que eu posso dizer? Vocês não sabem falar muito baixo - constata Vanessa dando de ombros.

  - Se sabia da minha condição, por que continuou fazendo tudo aquilo? - questiono confusa.

  - Seria estranho se parasse de repente - responde ela apoiando a cabeça em meu ombro - e além do mais, gosto de provocar você, é divertido.

  - Obrigado por dizer que o meu sofrimento é divertido pra você - digo suspirando frustrada.

  - Não só o seu sofrimento a sua companhia também é divertida - disse Vanessa - e eu gosto de ficar abraçada com você, me sinto segura.

  - Aí é golpe baixo - murmuro - eu aqui tentando esquecer o que sinto e você diz uma coisa dessas.

  - Ah, Sara? - chama ela olhando em meus olhos.

  - Sim?

  - Você realmente tem que ir embora? - pergunta Vanessa começando a se mostrar triste.

  - Infelizmente, sim eu tenho - respondo - eu prometi aos meus pais e é o meu sonho afinal, não posso desistir tão fácil dele.

  - Então vai desistir da nossa amizade? - pergunta ela.

  - Não aja como se fosse um adeus eu vou poder te visitar nos recessos - digo - agora, acho melhor nos secamos senão vamos acabar pegando um resfriado.

  Com isso começo a me levantar pegando as toalhas enquanto Vanessa se sentava em cima da tampa da privada: - Ainda bem que deixei algumas roupas minhas aqui ou teria que ficar com as molhadas e isso não seria agradável - digo tentando sorrir enquanto enxugava os seus cabelos já que foi por minha culpa ela está assim - espere um pouco eu já vou trazer-las.

  - Espera que eu vou com você - disse ela segurando a minha camisa quando começava a me afastar.

  - Vai acabar molhando todo o corredor - digo.

  - Vai molhar o corredor de qualquer jeito, você está tão molhada quanto eu - disse Vanessa.

  - Me pegou tudo bem pode vim, mas cuidado para não escorregar - digo indo até o corredor junto a ela.

Continua...

Amigas, amigas, sentimentos a parteOnde histórias criam vida. Descubra agora