Foi tudo uma mentira

102 7 4
                                    

POV Robert

Seguro Marco desacordado em meus braços. Seu rosto está muito avermelhado, a sensação de vê-lo desse jeito me dói o peito, devia ter pego mais leve com o garoto. Sinto o sentimento de culpa percorrer em mim...

O coloco no sofá e não parece que vá acordar tão cedo. Sento ao seu lado, o dia no Brasil é muito quente, os raios solares batem com força em minha pele, dando uma sensação de ardência em minha pele.

Pego um copo com uísque e me sirvo. Minhas mãos suam, incontáveis pensamentos percorrem por minha cabeça... Não consegui acabar com ele, se fosse outra pessoa, eu teria terminado sem hesitar, mas com ele não consegui.

Milik aparece sentando em minha frente na poltrona. Está bebendo uma lata de cerveja. Ele olha para Marco e abre um sorriso irônico.

— Esses são agentes da policia no Brasil? Esse país tá condenado mesmo.— Ele começa a gargalhar Ignoro e olho de canto para o loiro desacordado ao meu lado.

— Hum? Robert? Por que essa cara emburrada?

Engulo mais um gole desse uísque.

— Fiz o que tinha que fazer, mas isso não quer dizer que gostei de ter feito aquilo. Não nem sei se sequer devia ter feito isso.

Tomo mais outro gole. A amargura do álcool toma mais ainda minha boca.

— Tá de sacanagem né? — Consigo ouvir indignação em sua voz. — Está com peninha desses otários desde quando? Aproveita que ele tá desacordado, vai ser fácil. Dois segundinhos e boom! Vai tá morto. — Aperto forte o copo de uísque e sinto meu sangue ferver com o que acabo de ouvir.

— Não! Esbravejo. — Ninguém, aqui além de mim encosta um dedo nele, eu mesmo decido o que irei fazer com ele, mais ninguém! Entendeu?

Me fita surpreso, e um tanto quanto indignado com minha resposta. Revira os olhos logo em seguidas e cruza os braços.

— Faça com ele o que queira Lewy. Mas saiba que deixar ele vivo é qualquer coisa menos inteligente.

Milik levanta da poltrona e quem parece que está com a cara emburrada agora é ele, e se dirige para um outro cômodo da casa.

A imagem de Marco me fitando antes de cair desmaiado, é a única coisa que consigo pensar. Conseguia ver em seus olhos: Raiva, desespero e decepção, este último com mais intensidade que os demais. Sinto-me péssimo e culpado.

Agora ele deve me odiar, e com razão. Tentei mata-lo e não consegui, seria um fardo pesado demais para mim. Beijo sua testa e faço um cafuné em seus lindos cabelos loiros e macios, e fico por algum assim...

POV Marco

Sinto uma dor de cabeça infernal, não para de latejar... Eu só consigo me lembrar de estar sendo estrangulado e cair no chão e tudo que vejo ficar escuro... Era Robert quem fez isso comigo! Como ele pôde me trair assim?

Abro lentamente os olhos, a visão está embaçada mas está melhorando conforme o tempo, não sei se realmente estou consciente o bastante.

— Até que em fim acordou, meu loiro. — Ouço uma voz masculina ao lado de meu corpo. Viro a minha cabeça, meu rosto fica pálido, é ele, Robert! Me fitando abrindo um sorriso meigo?

— Fica longe de mim! — Quase dou um pulo da cama. Tento mexer meu braço direito, mas está preso a cabeceira da cama por uma algema. Meu coração bate tão rápido que acho que vai escapar por minha boca. Procuro por minha arma, mas não está comigo, entro em desespero.

— Calma! — Fito confuso ele, não entendo.

— O... O que você quer? — Digo meio gago, estou com medo do que esse homem possa a fazer comigo.

—Relaxa Marco, não vou te machucar. — Como se não fosse ele que tentou me matar horas atrás.

— Você é um deles, não é verdade? — Falo com desdém.

— Na realidade, loiro... Eu sou muito mais que um deles, eu sou O Polonês.

O QUE!?

Arregalo os olhos, demoro um pouco até raciocinar.

— Claro! Milik só fingiu ser o chefe para enganar a polícia e suspeitas de quem seria o polaco!

Ele sorri irônico para mim, como se estivesse orgulhoso.

— A arma também foi você, não é? — Nunca me esqueci de recarregar uma arma, ontem não devia ser coincidência...

— Até que você é bem espertinho para um loiro afinal. Mas respondendo a sua pergunta, fui eu sim.— Começa a rir. Franzo o rosto. Como consegue fazer graça agora? Um babaca.

— Você... Você me usou e me traiu! — Sinto meus olhos quererem lacrimejar, mas seguro, esse homem não vai ter esse prazer de me ver chorar, não mais.

— Admito que te usei para me dar informações da polícia e ter conhecimentos das suas táticas. — Isso só me deixa cada vez mais irritado, esse desgraçado vai me pagar por tudo que me fez! Meu único desejo agora é socar a cara desse imbecil.

— Você é um filha da...— Não consigo concluir, a dor de cabeça ficou insuportável, me fazendo gemer. Coloco a mão na cabeça.

— Marco? — Ele tenta se aproximar e colocar a mão em minha cabeça, mas institivamente me afasto do contato de sua mão. Robert levanta da cama e vai em direção a uma gaveta e a abre procurando por algo.

— Não tenho nenhum remédio para dor de cabeça aqui. Tenho que ir a farmácia comprar. Tem alguma preferência por remédio? Alergia, ou algum que prefira tomar? — Reviro os olhos, não respondo. — Não? Vou indo então.

Robert saí do quarto. Se esse homem não é louco, não sei o que é. E o que acontece comigo agora? Ou ele me mata ou ele vai querer que eu seja um cumprisse dele. Tento me libertar da algema mas é inútil e estou fraco.

Todas aquelas demonstrações de afeto e carinho... Tudo mentira!

Como estive tão cego? Todos os sinais estavam ali. Robert LEWANDOWSKI, aquele sobrenome só podia ser polonês. Estar sempre usando o celular e ele desaparecer e aparecer de repente e o pior, o seu comportamento estranhamente carinhoso. Eu sentia isso, mas ignorei.

Fui feito de idiota e agora isso pode custar minha vida.

Acabo chorando, não sei se por desespero em minha vida ou por ser traído por alguém que confiei cegamente. Agora eu não sei o que me aguarda. 

Leweus - Fica ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora