Speed of Pain

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 Robert Lewandowski

Pelas ruas, os ventos úmidos carregam as folhas secas para onde se voltam. A noite esfria à medida que o céu escurece. Carrego Marco em meus ombros, envolvendo seu ombro em meus braços. Sua cabeça está pendendo para frente, está ficando pálidas, suas forças lentamente abandonando-o.

O alemão já não é mais capaz de andar por conta própria. Tudo parece se transformar em uma corrida contra o tempo.

Deito Marco com o máximo de cuidado no banco do carro; envolvo sua mão sangrenta com uma faixa de tecido limpo. Seu semblante se contorce em dor aguda, os olhos já semicerrados e marejados, como se estivessem prestes a se fecharem a qualquer momento.

Ligo o motor e acelero em direção à farmácia mais próxima, o som do motor ressoar contra a tempestade lá fora. Com uma mão no volante, retiro o telefone do bolso e, mantendo os olhos na estrada, ligo para meu médico, instruindo-o com urgência a preparar uma sala de emergência para Marco.

Enquanto dirijo, escuto a respiração dele se tornar cada vez mais irregular, cada arfada um lembrete cruel de sua condição debilitada. As gotas de chuva fria deslizam pelo retrovisor, misturando-se com as lágrimas silenciosas que continuam a escorrer por seu rosto.

Estaciono o carro em frente à farmácia, ainda iluminada, suas luzes lançando um brilho fraco que contrasta com a escuridão densa das nuvens acima. Antes de sair, ajeito a jaqueta ao redor dos ombros dele. Ajusto o cinto de segurança, preocupado em minimizar qualquer desconforto que ele possa sentir enquanto estiver fora.

— Não tente sair do carro, eu voltarei rápido. — Minha voz é suave, mas carregada de urgência, e eu me esforço para parecer o mais tranquilizador possível.

Sem esperar uma resposta, saio do veículo, as gotas de água escorrendo pela pele enquanto corro apressado até a farmácia. Ao adentrar, sigo diretamente para o corredor de primeiros socorros, pegando pacotes de bandagens, antissépticos e analgésicos.

— Preciso de atendimento urgente! — Exijo ao atendente, que me encara com uma expressão surpresa, seus olhos fixando-se na minha aparência desgrenhada e encharcada.

Pego uma garrafa d'água para ajudar a manter Marco acordado, agarro um último pacote de medicamentos antes de me dirigir ao caixa. Os segundos são arrastados, o atendente passa os itens, viro o rosto para trás, apenas para me certificar de que Marco continua dentro do carro.

Depois de pagar pelos medicamentos, não perco tempo retorno rapidamente para o carro, as gotas de chuva ainda caindo ao redor. Abro a porta do veículo e adentro-o, tentando sacudir o frio que se ameaça a instalar.

— Sei que te deixei esperando, mas trouxe os remédios para aliviar a dor. — Murmuro, tentando manter a calma e a concentração.

— Está difícil... Respirar; não tenho muito mais tempo, Robert.

Suas palavras são difíceis, não consigo suportar essa possibilidade.

— Não pense nisso, Marco; nem sequer ouse. Você VAI ficar bem, vamos... — Entrego-o um analgésico junto com a garrafa d'água, acompanhado com outros comprimidos. Seus dedos trêmulos agarram a garrafa, levando os comprimidos à boca com esforço, tentando lutar contra a fraqueza que ameaça dominá-lo.

— Isso não vai dar para esperar. Marco, é provável que o analgésico ainda não tenha reagido, então vou precisar que seja forte e que não tente se concentrar na dor, me entendeu? — Minhas palavras saem com firmeza, enquanto entrelaço meus dedos aos dele. Com a outra, abro e coloco os medicamentos e suprimentos ao alcance.

Retiro a jaqueta junto com a camisa por baixo, uma série de hematomas e cortes na pele pálida do alemão são revelados.

Começo o rápido procedimento para tratar as feridas de Marco. Aplico a solução antissépticas nas feridas mais profundas, limpando cuidadosamente o sangue seco e a sujeira que se acumularam. Ainda que esteja parcialmente preso pelo cinto de segurança, Marco se contorce dolorosamente a cada contato, tentando suportar a dor que o rasga por dentro.

Ao chegar ao olho roxo, vejo como a pele ao redor está inchada e descolorida, uma visão que faz meu coração se partir. Pego a compressa fria, improvisada com os recursos, e a pressiono suavemente contra a área afetada.

Seguro-o firme pela nuca, Marco se contorce contra o banco e tenta se afastar o rosto da compressa, ele arfa e geme de dor, quase chorando; a dor claramente severa. Ele pede para eu parar, pressionando os dedos contra meu antebraço, tentando afastá-lo do seu rosto.

— Por favor, Marco, só mais um pouco. Você está conseguindo! — Murmuro, para tentar reconfortá-lo em meio a angústia indescritível que enfrenta.

Apesar de sua resistência, continuo a aplicar as ataduras, cobrindo cada ferida e abrasão. Aplico o spray anestésico na pele ao redor do olho, com cuidado para não atingir o globo ocular. Marco desaba em lágrimas pela dor, seus olhos marejando e a respiração entrecortada.

— Tudo vai dar certo, estou aqui. — Repito, dou um último toque no olho roxo, aplicando a compressa com cuidado, antes de me afastar ligeiramente, dando a ele um momento para respirar.

Ainda prestativo ao alemão ao lado de mim, dirijo em direção a clínica do meu médico. Acaricio seus cabelos suavemente, enquanto torço para que a dor comece a diminuir com o efeito do analgésico.

Enquanto dirijo, a lembrança de seu choro é revivida e martelada repetidamente dentro de minha mente. Sinto meu sangue ferver a cada vez que lembro que foi Milik o responsável por tudo isso.

Depois de uma tensa e silenciosa viagem, cheguei à clínica do meu médico, uma pequena instalação já iluminada pela luz fraca dos postes da rua. A chuva ainda caía pesada, mas não me importei. Estacionei o carro na entrada e rapidamente saí, indo até o lado do passageiro.

Sem hesitar, abro a porta e me inclino para pegar Marco, sentindo o peso de seu corpo debilitado nos meus braços. Ele está quase totalmente inconsciente, o rosto pálido e os lábios levemente trêmulos. Com Marco aninhado contra meu peito, carrego-o até a entrada da clínica.

Dois enfermeiros prontamente se aproximam com uma maca, o médico acompanhando logo atrás, uma expressão de seriedade tomando conta de seu rosto.

— A sala já está pronta, precisamos levá-lo imediatamente. — Escuto a voz firme, mas ainda compassiva do médico, enquanto se aproxima para ajudar os enfermeiros a tirar Marco dos meus braços e posicioná-lo na maca conforme o protocolo.

Os enfermeiros começam a trabalhar rapidamente, ajustando as correias da maca e verificando seus sinais vitais. Sem palavras, o médico me deu um olhar reconfortante, mas seguro, indicando que fariam o melhor disponível.

— Leve-o para dentro. Fique tranquilo, senhor Robert, cuidaremos do diagnóstico dele. — Assegurou, enquanto observei a maca sendo levada para o interior da sala médica.

Fico parado por um momento, molhado e exausto, observando a porta se fechar atrás dele. Embora soubesse da competência dos meus médicos, sinto que pela primeira vez em tanto tempo, não posso ter a certeza do que poderia acontecer.

Suspiro pesadamente, levando as mãos até o rosto enquanto me deixava cair em uma das cadeiras do corredor de espera. O ambiente parecia subitamente frio e silencioso, dando espaço apenas para o tique-taque contínuo do relógio na parede.

As horas se arrastavam, e cada minuto parecia uma eternidade terrível. Sentado nessa cadeira desconfortável, não consigo pensar em nada além de querer escutar do médico a certeza de que Marco ficaria bem.

Embora o esgotamento começasse a se pesar sobre mim, por mais que tentasse ou quisesse, não conseguia relaxar. Era como se uma lâmina afiada estivesse perfurada nas minhas costas, rasgando-se a cada minuto que se passava sem resposta.

A espera se tornou insuportável, e o medo de perder Marco me consumia. Soluçava, com os olhos já marejados pelas lágrimas, pela primeira vez em tanto tempo senti a imponência se alastrar dentro de mim. 

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⏰ Última atualização: Aug 30 ⏰

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