Lágrimas que caem

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Robert Lewandowski

Apesar de ainda estar sob observação, sou liberado da ala médica. Caminho em silêncio pelos corredores, frios e estéreis, cada passo ecoando suavemente, até minha sauna, um refúgio pessoal temporário onde posso reorganizar meus pensamentos.

Fecho as portas após entrar na câmara, deixo minhas roupas de lado e entro na água aquecida, mergulhando até os ombros.

A temperatura confortável e o vapor ao redor proporcionam um alívio imediato aos meus músculos e mente. Apoio minhas costas na boda, fechando os olhos e deixando o calor ameno penetrar minha pele, me isolando do mundo exterior.

As lembranças da festa reverberam em minha mente, fragmentos desconexos de uma noite tumultuada. As doses de álcool e metanfetamina abalaram minha percepção, deixando uma dissonância neurológica.

A sensação de vertigem e confusão, gosto amargo do álcool junto com a ardência da droga, luzes distorcidas, vozes indo e vindo e rostos borrados.

Sob a penumbra, estou aqui, tentando clarear minha mente, mas tudo está embaralhado e caótico; nada faz sentido.

De repente, a porta da sauna se abre com um leve rangido. Vejo a silhueta de alguém se aproximando, caminhando até a borda da água antes de acender as fortes luzes acima de mim.

— Mas que... Desliga essa merda, está brilhando forte demais! — resmungo, tampando os olhos dilatados com as mãos.

— Bem-vindo oficialmente de volta, Lewy. Como se sente? — Ele ajusta as luzes, reduzindo a intensidade. Levanto o olhar para ele, meus olhos ainda levemente pesados.

— Não estou no meu melhor dia, mas já estive pior. — Faço uma pausa, tentando avaliar a situação. — Por quanto tempo estive fora?

Minha expressão mostra sinais de palidez, com leves olheiras ao redor dos olhos. Levanto-me lentamente da piscina, sentindo o calor da água escorrer pela minha pele.

Pego uma toalha e seco o rosto antes de cobrir minha cintura, voltando-me diretamente para Milik.

— Duas ou talvez três horas, desde que o trouxe até aqui.

— É... Isso explica a ressaca. Não era para o álcool ter me causado isso. — Murmuro, tentando recompor meus pensamentos. — E como estão as notícias?

Pego uma garrafa d'água e bebo todo o líquido em segundos. Arremesso a garrafa vazia na lixeira com precisão antes de me voltar novamente para Milik, esperando por uma resposta.

— Nada fora do comum, alguns assuntos menores, nada que não dê para resolver em poucas horas. A prioridade era seu estado.

Aceno com a cabeça, reconhecendo a importância da situação.

— Fez bem, Milik. O médico já disse que estou em bom estado. Enfim, é melhor me vestir e me preparar para voltar para a cidade.

— Tem certeza, Robert? Pode descansar um pouco mais. Acabou de acordar. — A preocupação na voz de Milik não passa despercebida.

— Relaxa, já estou bem, não corro risco. Tenho um compromisso pessoal, e prezo pela minha palavra. Marco precisa saber que estou bem.

Enquanto me viro para me despedir, algo estranho chama minha atenção. Milik está usando luvas, e há hematomas e arranhões visíveis em seu rosto.

— Milik, antes de eu ir, o que são essas feridas e ataduras no seu rosto?

— Foi um acidente recente. Você não é o único que precisa de um médico de vez em quando, Lewy. — Sua linguagem corporal tenta disfarçar de maneira sutil que há algo mais, algo que o deixa desconfortável.

Leweus - Fica ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora