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— Isso não pode continuar assim.
A voz de Kiba foi taxativa. Os olhos do rapaz passaram de Akamaru para Shino, ambos em pé no meio da sala, enquanto Kiba estava sentado no sofá, com os braços cruzados e uma expressão muito séria.
— Estou desapontado com os dois! Como que antes vocês se davam bem? Agora só brigam? Akamaru, você comeu os sapatos do Shino, marcou território nas cuecas, sapateou no trabalho que ele precisa entregar amanhã e arrastou um casaco pra sua casinha no quintal!
— Seu cachorro é um monstro — Shino estava de péssimo humor.
— E o senhor... senhor Aburame — Kiba cortou a reclamação apontando um dedo para o marido. Mas a voz morreu e o dedo foi abaixando devagar. Não tinha do que acusar o companheiro! Na verdade, precisava assumir que Shino foi muito paciente com todas as traquinagens ciumentas de Akamaru — Caralho, Akamaru. Você está sendo um monstrinho mesmo. Não sei porque começou a se comportar tão mal.
O cachorro latiu, abanando o rabo devagarinho.
— Eu sei que a gente não sai pra brincar que nem antes. Mas a culpa não é do Shino. Eu não sou mais criança, sabe? E você não é mais um filhote. Eu tenho os treinos pra virar Hokage, passei a semana toda em missão. Então tenho que dividir o tempo com você e com o Shino.
Akamaru latiu de novo, mal humorado.
— Por favor, Akamaru, peça desculpas pro Shino e prometa que vai se comportar — Kiba levantou-se do sofá e foi ajoelhar-se em frente ao ninken para abraçá-lo apertado — Eu amo vocês dois e quero que se deem bem que nem antes.
O animal ganiu baixinho, mas acabou voltando o focinho para o homem que "roubou" seu humano e latiu forte.
Shino ajeitou o óculos no rosto, em dúvida sobre aquele pedido de desculpas. Mas Kiba também o olhou, e havia tanta expectativa naquele rosto que derrubou-lhe todas as barreiras.
— Está desculpado — suspirou — Vamos tentar nosso melhor daqui para frente.
— Ótimo! — Kiba sorriu aliviado — Mas não posso deixar passar em branco. Akamaru, vá para a sua casinha e reflita sobre o que fez. O casaco, os sapatos e as cuecas são o de menos. Mas estragar o trabalho foi muito feio!
Akamaru abaixou as orelhas e saiu da sala em passos sofridamente lentos, demorando um tempão para sair da sala, como um grande condenado rumo à forca.
— Desculpa, Shino. Eu te ajudo com o trabalho, posso tentar passar a limpo... ou eu posso ir ditando enquanto você reescreve.
A oferta comoveu Shino. Tanto quanto a bronca que presenciou. Sabia como era difícil para Kiba contrariar o mascote com o qual cresceu. Ali estava mais uma prova de que entravam na vida adulta, lidando com todas as responsabilidades inerentes ao processo.
— Obrigado, conto com sua ajuda — teriam que refazer o trabalho de um mês em uma noite. Paciência.
Kiba levantou-se e cruzou as mãos atrás da cabeça.
— Vamos lá garantir sua nota dez!
Esperavam que Akamaru passasse pela fase "rebelde" depois dessa confusão.
