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Shino estava incomodado. E Kiba percebia de longe.
— O que foi? — Kiba perguntou cheio de boa vontade. Tinha tomado banho, levava a toalha nos cabelos, secando-os. O treino do dia exauriu-lhe as forças, nada era melhor do que chegar em casa e relaxar. Sentou-se no sofá ao lado de Shino, afastando-se um pouco quando água respingou no trabalho que ele rascunhava — Desculpa!
Shino suspirou.
— Tenho uma prova prática no observatório. Meu supervisor pediu uma aula diferente, para cativar os alunos, algo que fuja do padrão.
— Ee?
—Não consigo pensar nem nada.
Kiba levou a mão ao queixo e refletiu. Na verdade, franziu as sobrancelhas e ganhou um ar engraçado, fazendo tanta forçar que em pouco tempo sairia fumacinha das orelhas do rapaz.
— E se você usasse algum tipo de fantasia? — sugeriu como se fosse uma grande ideia.
Shino hesitou. Aquilo não combinava nada com ele! Na verdade, quem combinava com fantasias (principalmente femininas) era Kiba. E como combinava.
— Oe... que cara é essa? — Kiba ficou desconfiado da expressão "neutra" de Shino, um tanto diferente das expressões "neutras" de todos os dias — Ah, nem vem! Eu não vou vestir uniforme colegial de novo não. A gente nem pagou o prejuízo com a Mamãe Noel, toda vez que a Ino me vê, ela cobra isso e...
— Hn. Não foi o que eu pensei, só que fantasias não combinam comigo.
— Ah.
— Mas...
— Não!
— Tudo bem — Shino não insistiu, apenas ajeitou os óculos no rosto.
Foi a vez de Kiba suspirar.
— A saia de pregas não me serve mais. Eu cresci, Shino! E estou mais forte — resmungou e pensou por alguns segundos —Se você se sair bem nesse trabalho posso até pensar no caso. Vai ser vergonhoso conseguir um uniforme novo, mas acho que a Ino me ajuda e... caralho, Shino!
Exclamou a ultima parte ao ter visto um brilhinho nos olhos de Shino, por baixo das lentes escuras. Seu marido era comportado e calmo a maior parte do tempo, todavia alguma coisa em Kiba e fantasias despertava um lado incontrolável do outro rapaz. Como tal faceta rendia noites muito satisfatórias para ambos, Kiba nem reclamava tanto.
— Temos um acordo — Shino mirou o papel em suas mãos. A tarefa era muito difícil! Como ser um professor diferente e criativo com sua personalidade?
Kiba terminou de secar os cabelos e colocou a toalha no pescoço.
— Ne, Shino? O seu jeito já foge do padrão. As crianças vão se assustar quando você entrar na sala. Mas eu sei que você ama o que faz e faz bem feito, isso vai cativar os moleques e deixar a aula incrível! Acho que ser criativo não significa fugir do que que você é, mas usar isso como arma.
O incentivo surpreendeu Shino. Ele viu a questão sob outra perspectiva e concordou com as palavras do marido.
— Obrigado — agradeceu com sinceridade.
Kiba sorriu largo.
— Por nada! Já vi que vou ter que me meter em roupa de menina de novo...
Shino não respondeu, mas o puxou para um forte abraço.
