Valentina
Pisei dentro de casa e o interrogatório já estava pronto.
- Aonde você estava? Roberto me disse que tinha ido embora mais cedo por que não estava se sentindo bem. Mas quando cheguei em casa você não estava aqui.
- Nossa Lorena, para! - Falei baixo.
Eu estava um trapo, mentalmente acabada e sentimentalmente destruída.
- Você está me traindo não é? - ela começou a choramingar - Encontrou outra melhor que eu...
- Nossa Lorena, da pra parar por favor! Eu não aguento mais essas suas desconfianças, esse seu ciúmes doentio esta me sufocando.
- Mais é lógico você me da motivos, some e não me diz aonde esta. Não atende minhas ligações. Volta assim... - apontou pra mim - Toda estranha.
Coloquei a mão na cabeça e olhei para o teto; Deus o que eu fiz de grave pra merecer isso?! Pensei.
- Eu só precisava andar um pouco, não estava me sentindo bem e não quis vir aqui pra casa e ficar trancada. Eu só fui andar.
Mentir para a Lorena era algo que eu nunca pensei em fazer, até porque seu ciúmes era possessivo.
Ela cronometrava quanto tempo eu levava de casa para o trabalho e vice-versa.
Eu sempre relevei porque eu achava que ia passar, mais no fundo aquela situação me incomodava. Ela sai cedo e voltava tarde do trabalho. Não tinha hora pra entrar tão pouco para sair e ganhava muito bem.
Ela era livre. Mas quando se tratava de mim, era tudo diferente. Eu sempre achei muito estranho mais nunca perguntei, até porque ela dava um jeito de virar o jogo contra eu.
- Você tem outra, eu sei que tem!
Entrei para o quarto e deixei ela falando sozinha.
- Entao agora vai ser assim? Vai me ignorar? - ela começou a erguer o tom.
- Desculpa Lorena, da próxima vez que eu precisar respirar eu peço autorização pra você. - Falei cheia de ironia - Agora me deixa tomar um banho em paz. - Arqueei uma sobrancelha e ela se retirou muito irritada.
Entrei no chuveiro e chorei. Senti aquela dorzinha, no peito. Aquela que me incomodava desde que eu despertei, desde recobrei minha memória. Sempre achei que era algo relacionado a todo o acontecido, mas não.
Aquela dor que me atormentava tinha nome: Ayla. Claro que desde o início eu tentei me convencer que ela tinha seguido em frente e que tinha escolhido me esquecer.
Eu tentei me convencer disso, as redes sociais dela me dizia isso. Mas hoje olhando nos seus olhos, aqueles olhos malditamente verdes e perfeitos, eles me diziam outra coisa.
O espanto em me ver a sua frente era de alguém que não esperava me ver. Ela parecia estar vendo um fantasma, ela não parecia acreditar no que seu olhos lhe mostravam. E meu coração bobo que era, bateu tão forte que parecia que ia sair do peito.
Não importava o quanto a Lorena fazia por mim, não importava. Quando eu ouvia o nome da Ayla esse músculo idiota batia tão forte que chegava a doer. Eu me sentia uma traidora por ter esses sentimentos pela Ayla.
Por não amar a Lorena com a mesma intensidade que eu amava a Ayla. Exatamente era algo que eu jamais iria admitir em voz alta, mas eu amava a Ayla de maneiras inexplicáveis.
E isso me parecia uma puta sacaangem com a mulher que estava ao meu lado. Ela não era perfeita, mas era alguém importante.
Ela é importante pra mim e eu era um lixo de mulher. Meia esposa, que não conseguia dar o tamanho do amor que Lorena merecia.

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Sentimentos
RomanceEstava ali, na minha frente o tempo todo. Eu não consegui enxergar, tive que perder para entender, não sei. Ela estava ali, eu Ayla nunca soube o que fazer. Agora eu Valentina já havia decidido que o fim era a solução. Agora estamos em um empasse qu...