Valentina
O clima em casa estava tenso, todos sentados ao redor da mesa para o café da manhã, ninguém se atrevia em dizer uma palavra, era como se alguém tivesse plantado uma mina terrestre e qualquer um que habitava aquele lugar estivesse propenso a pisa e explodir no mesmo instante.
No fundo eu sabia que o fato de ter terminado meu namoro estava causando aquele mal estar. Todos sem exceção achavam que agora sem o Bruno, eu era seria capaz de cometer outra loucura.
O que eles não sabiam é que o Bruno não é o motivo da minha melhora, e sim minhas sessões com meu terapeuta.
Fazer terapia me ajudava demais, aquelas sessões me davam um Norte e me faziam sentir que eu não era uma aberração. Outro motivo que me fez levantar foi a igreja, descobri que lá havia a paz que eu precisava, eu me sentia muito bem naquele lugar.
Só que meus familiares não conseguiam enxergar meu progresso. Eles só sabiam lhe dar com o meu problema de forma hostil, o que me deixava ainda mais para baixo.
- Você não vai para de ir na igreja porque se separou do Bruno, vai?!? – meu pai perguntou sem me encarar.
Ele estava evitando esse contato comigo, parecia com vergonha. Será que ele estava com vergonha de mim?
- Não pretendo! – respondi o encarando para ver se ele me olhava.
- É o mínimo – se intrometeu minha mãe – pelo menos não vai se afastar do caminho certo.
- Qual seria esse caminho? – perguntei no mesmo instante.
Meu tom não era nada amigável, eu ouvia essa mulher e o homem a minha frente falando as mesmas coisas o tempo todo. Como uma reprise que passava na minha cabeça toda hora.
“ela não é minha filha!”
“Ela é seu pecado”- O de Deus é óbvio!! Espero que não comece a andar com aquela menina de novo, ela não é boa influência. – Eu gargalhei.
- E quem é? – Perguntei com raiva – Você? – Apontei para ela – Meu pai? – ele enfim me olhou – O Bruno?
- Cuidado com as palavras minha filha. – Meu pai tentou me aconselhar.
- Todos aqui tem o teto de vidro – me levantei – que atire a primeira pedra quem nunca pecou?
Me afastei antes de ouvir qualquer resposta. Não havia uma palavra que eles dissessem que me faria pensar diferente ou me sentir melhor.
Coloquei os fones no ouvido e fui para o colégio, não queria mais pensar em nada. Tudo o que eu desejava naquele momento era a Ayla.
Entrei no colégio e lá estavam, revirei os olhos. Eu realmente queria a Ayla, mas não com aquele grude no seu pescoço.
Me juntei as meninas sem dizer uma palavra. Apenas de corpo presente pois a minha mente estava em Nárnia.
- Valentina? Hey? Planeta Terra chamando!!!
- Oi? – despertei com a Fantine me chamando.
- Você está bem?? – ela perguntou atenção.
Mais eu não conseguia olhar para outro lugar a não ser para a Ayla ainda nos braços daquele idiota.
- Valentina? – ela me chamou de novo – Tá tudo bem? – ela me perguntou mais uma vez.
- Está! – foi a única palavra que eu disse, antes de sair de lá.
Eu não sei se iria suportar essa situação, eu e a Ayla não tínhamos conversado sobre isso. Ontem na casa da Fantine foi maravilhoso, conversamos e eu pude conhecer a tal Alice.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sentimentos
Lãng mạnEstava ali, na minha frente o tempo todo. Eu não consegui enxergar, tive que perder para entender, não sei. Ela estava ali, eu Ayla nunca soube o que fazer. Agora eu Valentina já havia decidido que o fim era a solução. Agora estamos em um empasse qu...