Sentimentos

Capítulo 12

Valentina

Ela foi a primeira pessoa que eu pensei em ligar, não havia mais ninguém que eu pudesse compartilhar esse momento ruim da minha vida. Ela iria me entender, a Ayla sempre me entendia.

Quando o celular dela tocou a primeira vez, pensei em desistir. Caramba nós duas não éramos tão próximas para eu ligar para ela e contar o que estava acontecendo comigo.

Tudo o que estava me afligindo, era íntimo demais para compartilhar com qualquer um e a Ayla já não fazia muita questão de estar presente na minha vida.

Nós duas de alguma maneira nos tornamos estranhas e isso era ruim demais. Eu amava aquela leveza que tínhamos.

Eu e ela não precisávamos falar, no olhar a gente se entendia. Ayla só de me ver sabia dizer se eu estava bem ou não e vice-versa.

Tudo com ela era tão fácil, mas agora eu estava aqui insegura com uma ligação. Minhas mãos tremiam e suavam ao segurar o celular.

Já não sabia o que esperar da minha antiga melhor amiga.

- Alô!! - eu disse quando a ligação foi atendida.

Mais o silêncio permaneceu e eu insisti.

- Alô? - Disse mais uma vez esperando que a Ayla me respondesse do outro lado.

Mas minha espera foi em vão, segundos depois eu escutei o que eu mais temia, tum tum tum tum.

Ela havia desligado o telefone na minha cara e aquilo havia dilacerado meu coração, como ela podia fazer aquilo comigo quando eu mais precisava dela.

Triste e muito chateada para insistir. Eu deixei meu celular de lado, apaguei as luzes e tentei em vão dormir.

Eu precisava desesperadamente dormi para esquecer tudo aquilo que eu havia escutado.

Depois de convencer meu pai que estava bem e não precisava de um médico tudo o que me restou foi o escuro do meu quarto e a solidão que me consumia.

Minha vontade de sumir só aumentava, aquele sentimento que outrora eu havia conseguido reprimir estava mais presente do que eu era capaz de controlar.

Nada me consolava, nada me confortava. Eu sabia exatamente o que tinha que fazer, eu também sabia que se eu colocasse um fim em tudo as pessoas viveriam melhor e conseguiriam ter paz.

Eu sou o problema e existe uma maneira pratica de acabar com ele. Morrendo!

O sentimento da tristeza e desilusão me consumia quando meu celular acendeu anunciando que alguém lembrará de mim.

Olhei sem muito entusiasmo e lá estava a foto dela, aqueles malditos olhos verdes me encarando como se ela soubesse que eu estava pensando besteira.

Não atendi e ela não insistiu. Aquilo me deu uma ponta de esperança e depois de pensar que talvez ela tivesse se arrependido de não me atender, eu adormeci.

Já pela manhã quando todos ainda dormiam, eu tomei banho e me arrumei para ir ao colégio.

Não avisei ninguém, apenas sai em pleno silêncio para que não percebessem. Cheguei no colégio muito cedo, não havia ninguém apenas eu.

Imaginei que isso poderia acontecer, por isso levei um livro para aproveitar o tempo livre que me cabia.

Cada minuto passou voando com a minha distração e quando eu notei a frente do colégio já estava cheia. Mais não havia ninguém que aparecia por lá que chamava minha atenção, eu não queria que ninguém me incomodasse, mas ela podia.