Capítulo 11

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Valentina

Depois de muita insistência por parte da Ayla, eu aceitei que a tia Júlia me levasse até em casa.

Já era um pouco mais de dez horas, quando entrei em casa. Da porta eu ouvi minha mãe falando mais alto que o normal.

- Eu já não aguento mais. Fazer de conta que sou a mãe dessa garota quando ela não me respeita como uma. – eu me escondi para poder ouvir melhor – eu disse para ela estar em casa antes das dez e já são 22:20 e ela não está aqui – ela estava furiosa só por que eu passei um pouco do horário – ela fica enfiada na casa daquela menina, fazendo sabe Deus o quê.

- Eu achei que já tínhamos encerrado esse assunto mulher, quando você aceitou meu pecado, me prometeu que amaria minha filha como se ela fosse sua também.

- Não consigo! Ela é a cara da sua amante, toda vez que eu olho para ela, me lembro do que você fez.

Senti meu estômago embrulhar, o que eu estava ouvindo? Filha, amante... O que está acontecendo afinal.

- Eu já disse que esse assunto está acabado mulher, e também deixei bem claro que não quero que a Valentina saiba nada disso. Você concordou com isso anos atrás, não quero ter que lhe dar com suas crises depois de tanto tempo.

- Depois de tanto tempo? – ela foi sarcástica – Eu tive que receber essa menina aqui e aceitar sua traição de bom grado, já que a mãe dela se matou.

- Valéria, já chega! – meu pai rosnou.

Com essas palavras o assunto se encerrou, meu pai foi para o quarto dele e minha mãe – que parece que não é minha mãe – ficou parada no mesmo lugar, encarando o nada, deixando suas lágrimas escorrerem.

Eu não fiquei parada no mesmo lugar por muito tempo, fui para o meu quarto correndo e me joguei na cama. Caramba eu não estava entendendo nada. Ou eu não queria entender.

Será que eu ouvi direito, meu pai teve um caso?

Eu não consigo imaginar meu pai fazendo esse tipo de coisas já que ele é tão severo. Deitada na cama olhando para o teto eu não conseguia para de pensar e cada palavra ecoava na minha cabeça, me deixando mais pilhada.

O dia amanheceu e eu não preguei o olho, não consegui. Sentia que minhas entranhas estavam fora do lugar, meu estômago embrulhava, eu suava de nervoso e minha cabeça parecia que ia explodir.

Ouvi uma batida na porta e logo em seguida a voz do meu pai.

- Valentina, você irá se atrasar. – ele mal terminou de falar e eu corri porta a fora para o banheiro.

Não suportei segurar mais e vomitei. Sentia aquele sensação horrível crescer dentro de mim, não sabia exatamente o que pensar.

Não conseguia olhar para o homem parado na porta do banheiro, aparentemente preocupado.

- Filha, está tudo bem? – aquilo fez minha cabeça girar – Foi algo que você comeu? Quer ir ao médico.

Fiz que não com um movimento de cabeça.  E senti meu estômago embrulhar mais uma vez.

A única coisa que eu queria naquele momento é sair de dentro daquela casa, eu não conseguia olhar para o meu pai sem sentir náuseas. Eu nem sequer imagino como eu iria olhar para minha mãe.

Eu precisava tirar essas história a limpo, mais eu não fazia ideia de por onde começa.

- Eu vou te levar para o hospital. – meu pai anunciou.

- Não! – gritei – eu estou bem! – baixei o tom.

- Então hoje você fica em casa e se até a noite você não estiver melhor, iremos para hospital. Ok?! – Aquilo não era exatamente uma pergunta.

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