Capítulo 14

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Valentina

Tudo estava acontecendo rápido demais. Entre eu e a Ayla as coisas estavam evoluindo mais cedo do que eu imaginei, isso era bom. Mais em casa as coisas não estavam diferentes.

Muito pelo contrário, eu me mantinha o máximo de tempo possível na rua, para não estar dentro de casa. Eles não sentiam a minha falta.

Aquilo me machucava um pouco, porque no fundo eu ainda me sentia o patinho feio da família, aquela que ninguém quer e que está ali apenas para não estar joga no lixo ou na rua sem direção alguma.

Então para não me sentir pior do que eu já me sentia, minha melhor opção era evitar de estar em casa. Porque desde que terminei com Bruno os olhares condenadores tinham se tornado algo constante.

- Não te vejo mais em casa?

Me virei e vi meu pai sentado em sua poltrona, ainda estava escuro, eu estava saindo antes mesmo de meus familiares acordarem

- Eu estou muito atarefada. – justifiquei.

- Saindo cedo e chegando tarde. Tem dormido pouco e não tem estado na igreja com frequência.

- Eu sempre vou a igreja, só não me sento mais no mesmo lugar de antes.

- Posso saber o motivo?? – ele indagou.

- Por que não me sinto mais a vontade em me sentar no mesmo lugar que antes. As pessoas ficam me encarando desde que terminei com o Bruno. É como se eu tivesse cometido um crime.

- É que as pessoas achavam que vocês dois formavam um casal abençoado por Deus. Todos achavam que não havia a possibilidade de um casal como vocês se desfizesse.

- Mais eu não amo ele, não posso dizer que não foi bom estar com o Bruno. Mas eu também não posso ficar com uma pessoa só porque todos acham que formamos um casal perfeito. – Eu estava tentando ser o mais clara possível.

- Você não deu chance de Deus fazer a obra no relacionamento de vocês. Ele tem um propósito na sua vida minha filha, você só tem que ter paciência.

- Eu estou sendo paciente, meu pai. Só que eu decidi que serei feliz e não vou me dar o trabalho de deixar as pessoas alegres. Eu quero e eu vou ser feliz do meu jeito e não do jeito dos outros.

- Sua felicidade é tudo o que importa. – ele disse com carinho.

- Será que você realmente se importa com a minha felicidade? – ele arregalou os olhos espantado com a minha ousadia – Por que não me diz a verdade? – eu estava com esse assunto engasgado.

Eu precisava que eles me dissessem toda a verdade.

- Eu realmente não estou entendendo aonde você quer chegar.

- Ok, então eu serei mais clara. – eu coloquei minha mochila no chão e me sentei no sofá de frente com ele – Por que você nunca me contou que eu sou sua filha com outra mulher? – eu falei com muita serenidade.

Não tinha porque fazer alarde ou discutir sobre. Meu pai arregalou os olhos espantado.

- Como você sabe disso? – ele me perguntou chocado.

- Então você está me confirmando que é verdade?! – eu ainda o questionava.

- Espera aí, você está jogando comigo? – meu pai se levantou bancando o ofendido.

- Eu não estou jogando com você. – usei o mesmo tom – eu estou te afirmando que eu sei que minha existência é por causa da sua traição.

- Quem te falou esses absurdos? – ele ainda tentava se esquivar do assunto.

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