Capítulo 18

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Ayla

O trauma foi grande, já se passaram três meses e minha vida nunca mais voltou a ser a mesma. Eu assusto a cada barulho inesperado que acontece.

Minhas juntas doem com a possibilidade de algo parecido acontecer. Meu peito dilacera por saber que só coisas ruins aconteceram desde então.

Nada!

Nada me fez bem, eu me sinto triste e assustada, tenho medo de que aconteça alguma coisa com a minha irmã e eu não estar lá para protegê-la.

Apesar de que o Heitor está preso e não sairá de lá tão cedo, o promotor estava pegando pesado nas acusações. Ele não iria perdoar.

- Ele vai pagar caro, por tudo que você passou. - eu me encolhi na cadeira diante de tanta firmeza.

Os dias já não eram o mesmo sem ela e nada do que eu fazia parecia me fazer esquecê-la.

Valentina!

A dor de não tê-la mais ao me lado me rasgava as entranhas e me deixava cada vez mais fraca. Não existia dor pior, não havia promotor - com gana de justiça - que faria minha dor passar.

Não havia mimos dos meus pais ou da minhas amigas, que me fazia esquecer aquela horas de horror.

Não havia horas de terapia que me fizesse enxergar o lado bom de estar viva e não tê-la ao meu lado.

Eu tentava com todas as minha forças continuar a minha vida e não deixar que aquele dia fatídico fosse o pioneiro das minha decisões.

Porém minha vida hoje se resume aquele dia, eu repassava cada minuto e tentava enxergar o que eu poderia ter feito de diferente para chegar num final melhor.

Quase me tornei uma matemática, tentando equações diferentes para explicar porque eu não conseguia tira a Valentina da minha frente, sendo que sou mais forte que ela.

A moça dos cabelos cacheados havia tirado forças de algum lugar, e eu fui fraca em fazê-la desistir de ficar na minha frente enquanto o Heitor a ameaçava com veemência.

Ele rugia as palavras e cuspia ódio pra todos os lados daquele cômodo, mas palavras hoje já não eram mais necessária. Apenas o silêncio me martirizava.

- Você precisa falar. - minha terapeuta insistia.

Todas as vezes que eu tinha sessão com ela era assim. Eu me sentava no divã e ficava olhando para o teto, sentia meus olhos arderem e do começo ao fim eu apenas chorava. Saia de lá sem dizer um palavra, porque não havia palavras para expressar o que eu estava sentindo.

- Como foi hoje? - minha mãe perguntou quando já estávamos no carro.

- O de sempre... - dei de ombros.

- Ayla você precisa falar, isso vai te ajudar.

- Pra que mãe? - falei com rispidez - vai me ajudar a esquecer o que aconteceu? Vai trazer minha namorada de volta? Vai me fazer ser a garota que eu era antes de tudo isso? - meus olhos ardiam - Eu não consigo - respirei cansada de lutar - Eu só não consigo - falei jogando a toalha.

Abrindo mão de tentar fazer alguma coisa para que as coisas voltasse ao "normal".

- Eu sinto muito , filha! Não tem nada mais que eu queira do que te ver bem outra vez.

- Então traz ela de volta!! - comecei a chorar.

- Eu não posso e você sabe muito bem disso.

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