Capitulo 36

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Valentina

No dia em que eu desejei minha morte, nunca pareceu um motivo nobre, mas era insuportável a dor que me causava. Era algo arrasador não conseguir dominar o sentimento.

Me senti quase da mesma forma, quando eu dei minha cara a tapa, juntando o pouco de coragem que me tinha e fui a sua casa.

Seus cabelos desgrenhados e a cara de quem tinha acabado de acordar, me deixou em alerta. Mas só então quando a voz de uma mulher pedindo suas roupas ecoou, que eu entendi.  Ela estava acompanhada e nem um pouco preocupado com o fato que eu estava aqui entregue.

Primeiro uma desculpa esfarrapada, depois um semblante de quem estava arrependida e não sabia o que fazer para consertar.

Senti uma pontada de mágoa e muita dor. Ela não me devia nada, mas eu não me lembrava de como era horrível vê-la ou apenas saber que Ayla estava com outra pessoa.

Fiquei tão desnorteada que andei sem rumo durante algum tempo, encontrei uma praça, me sentei  e chorei.

Completamente desolada e sem ter a menor noção do que eu iria fazer, liguei para minha irmã,  uma voz amiga era bom naquele momento.

- Alô?! – ela me atendeu.

- Oi... – falei baixinho.

- Valentina? Você está bem? – Sua preocupação foi imediata.

- Não! – desabei a chorar.

Eu chorava e em meio a soluços contava o que tinha acontecido. 

- Calma Valentina – Minha irmã pediu – Ela deve estar em negação, não a culpe.

- É que dói tanto. – Solucei mais uma vez – Parece que está arrancando meu coração com as mãos  - dramatizei.

- Nossa como você está exagerando. – minha irmã riu – Eu sei que deve estar sendo horrível, mais ela precisa de tempo e você sabia muito bem que não seria fácil.

- É eu sabia...

- Se concentre em outra coisa, sei que o seu foco é ela, mas de a Ayla tempo. O que você tem feito?

- Estou perdida... – Eu ri – Me sentindo uma estranha no ninho.

- Decidiu ficar definitivamente por aí? – sua pergunta era só uma confirmação.

- Sim, independente do meu desenrolar com a Ayla. Eu vou ficar por aqui.

- Que bom, não volte.  – ela pediu.

- Porque? – Não entendi.

Ela ficou em silêncio por um tempo.

- Vanessa? – Forcei.

- A Lorena está desfilando com um rapaz de classe alta aqui da cidade. Não sei ao certo quem é...

- Eu sei... E não me importa.  Espero que ela seja feliz, muito feliz. – minha voz era seca e eu sentia um pouco de raiva.

É lógico que ela estava com ele.

- Ela andou falando de você.

- Falando o que? – minha raiva foi aumentando.

- Que você não... Deixa pra lá Valentina.

- Vanessa começou agora termina. – Forcei a barra.

- Ela estava dizendo que você a seduziu e virou a cabeça dela para não ficar na rua. – Eu gargalhei.

- Sério? – fiquei com mais raiva ainda.

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