Capítulo 41

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Valentina

Os meses passaram tão de pressa que já era dezembro.  É natal!

E como eu amo essa data, era nessa época que as coisas na minha casa ficavam leves e felizes. Como se todos os problemas ou implicância com a minha existência sumisse em um passe de mágica.

Então eu amo natal.

- Eu acho que podíamos fazer na sua casa. – eu estava trocando de roupa e a Ayla estava no banheiro. – podemos chamar seus pais, a Anya e a namorada dela...

- Não sei, não.  Valen, preciso falar com meus pais pra ver o que eles vão fazer nesse ano. – ela me interrompeu.

- Como assim?! – coloquei a cabeça para dentro do banheiro para olhar pra ela – Você não passa o Natal com eles?

- Não nos últimos anos. – ela não me olhava – o que foi? – ela me olhou pelo espelho finalmente.

- Eu não acredito que você ficava sozinha nessas datas. – eu estava indignada, balancei a cabeça negativamente.

- Eu só não tinha nada o que comemorar. – ela deu de ombros.

- Qual é Ayla?!

- Valentina, eu vou ligar pra eles.

- Hoje? – eu insisti.

- Vou ver se consigo... – eu sabia que ela não ia ligar.

Mais o assunto acabou. Eu ainda me surpreendia com as coisas que a Ayla tinha deixado de fazer após minha suposta morte.

Ela simplesmente morreu junto comigo.

Era assustador.

Eu sabia o quanto a Ayla era intensa,  mas não a ponto de desistir das coisas que a deixava feliz, tanto quanto eu ficava. Natal era uma dessas datas.

As vezes ela passava na minha casa ou eu na casa dela. Mesmo quando não podíamos passar a véspera juntas, o dia de Natal nos duas tinha que se ver.

E eu quero muito que possamos passar essa data em paz. Por que esse sentimento perdurava em mim.

Eu estava trabalhando, a Lorena não havia aparecido outra vez, era como se ela tivesse caído no saguão do prédio onde moro e sumido num passe de mágicas.  Nesse meio tempo não ouvi falar mais nada sobre o Heitor, o que me deixava mais feliz ainda.

Ayla se aproximou significativa da sua família de novo, o que aos olhos da minha sogra é um milagre, já que a Ayla não se esforçava nem um pouco em tê-los por perto.

Em alguns jantares que conseguimos nos reunir era uma festa. A presença da Ayla era comemorada já que ela nem sempre estava presente.

- Você realmente se isolou. – eu disse uma noite dessas.

- É complicado. – essa era sua única explicação.

- Me promete uma coisa? – parei de guardar a louça e encarei minha namorada – se acontecer qualquer coisa comigo...

- Para! – Ayla disse exasperada.

- Me deixa falar.

- Não, Valentina. Eu não vou ficar aqui ouvindo você dizer que pode acontecer alguma coisa ruim...

- Ayla, e pode...

- Chega! – ela jogou o pano de prato na pia e saiu da cozinha.

Sua reação era surpreendente.  Eu não imaginava que esse assunto ainda era delicado pra ela.

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