Valentina
Os meses passaram tão de pressa que já era dezembro. É natal!
E como eu amo essa data, era nessa época que as coisas na minha casa ficavam leves e felizes. Como se todos os problemas ou implicância com a minha existência sumisse em um passe de mágica.
Então eu amo natal.
- Eu acho que podíamos fazer na sua casa. – eu estava trocando de roupa e a Ayla estava no banheiro. – podemos chamar seus pais, a Anya e a namorada dela...
- Não sei, não. Valen, preciso falar com meus pais pra ver o que eles vão fazer nesse ano. – ela me interrompeu.
- Como assim?! – coloquei a cabeça para dentro do banheiro para olhar pra ela – Você não passa o Natal com eles?
- Não nos últimos anos. – ela não me olhava – o que foi? – ela me olhou pelo espelho finalmente.
- Eu não acredito que você ficava sozinha nessas datas. – eu estava indignada, balancei a cabeça negativamente.
- Eu só não tinha nada o que comemorar. – ela deu de ombros.
- Qual é Ayla?!
- Valentina, eu vou ligar pra eles.
- Hoje? – eu insisti.
- Vou ver se consigo... – eu sabia que ela não ia ligar.
Mais o assunto acabou. Eu ainda me surpreendia com as coisas que a Ayla tinha deixado de fazer após minha suposta morte.
Ela simplesmente morreu junto comigo.
Era assustador.
Eu sabia o quanto a Ayla era intensa, mas não a ponto de desistir das coisas que a deixava feliz, tanto quanto eu ficava. Natal era uma dessas datas.
As vezes ela passava na minha casa ou eu na casa dela. Mesmo quando não podíamos passar a véspera juntas, o dia de Natal nos duas tinha que se ver.
E eu quero muito que possamos passar essa data em paz. Por que esse sentimento perdurava em mim.
Eu estava trabalhando, a Lorena não havia aparecido outra vez, era como se ela tivesse caído no saguão do prédio onde moro e sumido num passe de mágicas. Nesse meio tempo não ouvi falar mais nada sobre o Heitor, o que me deixava mais feliz ainda.
Ayla se aproximou significativa da sua família de novo, o que aos olhos da minha sogra é um milagre, já que a Ayla não se esforçava nem um pouco em tê-los por perto.
Em alguns jantares que conseguimos nos reunir era uma festa. A presença da Ayla era comemorada já que ela nem sempre estava presente.
- Você realmente se isolou. – eu disse uma noite dessas.
- É complicado. – essa era sua única explicação.
- Me promete uma coisa? – parei de guardar a louça e encarei minha namorada – se acontecer qualquer coisa comigo...
- Para! – Ayla disse exasperada.
- Me deixa falar.
- Não, Valentina. Eu não vou ficar aqui ouvindo você dizer que pode acontecer alguma coisa ruim...
- Ayla, e pode...
- Chega! – ela jogou o pano de prato na pia e saiu da cozinha.
Sua reação era surpreendente. Eu não imaginava que esse assunto ainda era delicado pra ela.
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Sentimentos
RomanceEstava ali, na minha frente o tempo todo. Eu não consegui enxergar, tive que perder para entender, não sei. Ela estava ali, eu Ayla nunca soube o que fazer. Agora eu Valentina já havia decidido que o fim era a solução. Agora estamos em um empasse qu...