Capítulo 21

604 57 6
                                        

Valentina

Um dia de cada vez, esse era o mantra que eu fazia em minha cabeça. Eu tentava de alguma forma, viver um dia de cada vez, tentava com todas as minhas forças viver uma vida normal. Começar de agora, já que eu não me lembrava o que já vivi.

Depois dos dias em que Lorena passou em casa, nos tornamos mais próximas. Conversávamos quase todos os dias, se ela não vinha até em casa, eu ia até a dela. Isso quando a gente não se encontrava em algum lugar no meio do nada.

- Difícil te encontrar. – Lorena disse ao se sentar ao meu lado. – Seus pais precisam te dar um celular, porque se acontecer alguma coisa da pra você pedir socorro. – Eu a olhei meio de canto e falei sem pensar.

- Se acontecer alguma coisa, a última coisa que farei é pedir ajuda.

- Credo Valentina! Vira essa boca pra lá.

Eu não respondi, ela continuou sentada ao meu lado olhando para o mesmo lugar que eu.

Para o nada.

- Porque você gosta tanto de ficar aqui?

Olhei em volta para tentar responder a pergunta.

- Acho que é porque aqui eu fico sozinha e não tenho que tentar mostrar que estou bem quando não estou.

- Então eu te atrapalho vindo aqui? – ela parecia receosa.

- Não! Porque eu não finjo com você. – Me virei de frente para ela – Você me viu tendo uma crise e não saiu correndo, sabe que não sou normal...

- Você é normal! – me interrompeu e eu a ignorei.

- Sabe que eu não sou normal – repeti – e não saiu correndo ou simplesmente deixou de falar comigo. Então... Você não me atrapalha vindo aqui.

- Porque você não se acha normal?

- Eu não conheço ninguém que tenha metade dos problemas que eu tenho.

- E você conhece alguém além de mim?! – ela gargalhou.

Toda debochada, encostou a cabeça no meu ombro e suspirou.

- Você é a pessoa mais normal que eu já conheci.

Respirei de forma lenta, para não deixar transparecer o quão nervosa ela me deixava quando me tocava.

O sentimento era desconhecido para mim, ela me causava sensações que eu não reconhecia. Não sei o que significa.

- Mais então chega de falar de mim – mudei o foco – Me fala de você.

- Você sabe mais de mim do que muitos por aqui.

- Não sei muita coisa, porque todas as vezes que estamos juntas só falamos de mim. E eu cansei desse assunto.

- O que você quer saber? – ela se desencostou e eu senti falta do seu calor.

- Tudo! Quantos anos você tem? Qual sua cor favorita?

- Bom... – ela sorriu tímida – Eu tenho 25 anos...

- Quantos anos você tem? – eu a interrompi completamente chocada.

- 25, por que não parece? – Neguei com a cabeça chocada com a informação.

- Achei que você tinha a minha idade.

- Obrigada!! Vou levar como um elogio.

- E é... – senti minhas bochechas queimarem.

- Obrigada! – ela agradeceu mais uma vez – Bom... Minha cor favorita é roxo...

SentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora