Valentina
Meus dedos doíam demais, minha mão latejava. O inchaço foi instantâneo, mostrava que a pancada tinha sido violenta. A raiva que brilhava em seus olhos, era aterrorizante.
- Heitor, você enlouqueceu? - Ayla gritou desesperada.
Minha namorada pegou minha mão e avaliou os hematomas, enquanto eu escorregava lentamente pela parede me contorcendo de dor.
- Ela precisa de uma médico! - Ayla foi enfática.
- Eu não estou nem aí... - falou com frieza - assim ela pensa duas vezes antes de fazer uma besteira.
Ele caminhou até a sala e parou no meio do caminho.
- Venha as duas pra cá, agora! - ele rugiu - porque se vocês tentarem mais uma besteira eu não sei do que serei capaz.
Fechei os olhos e tentei desviar meus pensamentos da dor que me consumia, eu tinha certeza que havia quebrado.
Me levantei com ajuda da Ayla, sentindo cada pedacinho do meu corpo tremer de dor.
- Nos vamos sair daqui - Ayla sussurrou nos meus ouvidos - Eu te prometo.
Apenas assenti com um movimento de cabeça, não conseguia pronunciar uma palavra se quer. Sentia meu estômago embrulhar tamanha era dor que me consumia.
Me sentei novamente no mesmo lugar de antes, só que agora a Ayla estava ao meu lado.
- Eu vou procurar alguma coisa para apoiar sua mão.
- Hum hum... - eu não conseguia falar.
- Aonde você pensa que vai?
- Vou pegar alguma coisa para estabilizar a mão dela - ela se virou para ele e o olhou com frieza - E você não vai me impedir.
Ayla foi até a cozinha e trouxe fita e um livro de culinária da sua mãe, o dobrou e pediu para que eu apoiasse a mão.
- Vai doer um pouco tá!! - ela me disse com todo o carinho possível.
A garota dos olhos claros apoio o livro no chão, pegou minha nhã mão com carinho, me fazendo gemer de dor.
- Calma vamos dar um jeito... - ela tentava me acalmar - Toma! - ela me deu um copo com água. - abre a outra mão. - estendi a mão que ainda estava boa e ela depositou um comprimido - Toma, vai amenizar sua dor. - Tomei sem pestanejar, porque tudo o que eu queria era que aquela dor sumisse.
Fechei meus olhos por alguns instantes e tentei deixar a dor de lado. Eu tinha feito aquilo para ajudar uma criança. Ela não precisava passar por aquilo, o Heitor não tinha direito de infligir tanta dor em uma menina que não tinha nada haver com a nossa história.
Uma criança que não tinha nada haver com as suas frustrações.
- Obrigada!! - Ouvi Ayla sussurrar.
Quando abri os olhos, vi que ela já tinha prendido minha mão para ficar esticada e reta. Seus olhos nos meus transbordando gratidão por algo que eu não entendia. Mais lá no fundo daqueles malditos olhos verdes eu conseguia ver a dor, ou talvez fosse desespero em sair dali.
- Não precisa me agradecer. - Dei um meio sorriso - Eu tinha que tentar algo.
- Você fez mais do que eu seria capaz de fazer - ela suspirou e encostou na parede olhando para o teto. - Eu estava com medo dele machucar ela, não conseguia pensar direito. Eu estou com medo dele te machucar, não sei o que serei capaz se ele tocar em você mais uma vez.
- Você não vai fazer nada.
- Como eu queria acreditar nisso - ela me olhou mais uma vez - Eu não conheço aquele cara que está sentado ali, ele parece ter enlouquecido. Não tem nenhum traço do Heitor que eu conheço.

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Sentimentos
RomanceEstava ali, na minha frente o tempo todo. Eu não consegui enxergar, tive que perder para entender, não sei. Ela estava ali, eu Ayla nunca soube o que fazer. Agora eu Valentina já havia decidido que o fim era a solução. Agora estamos em um empasse qu...