Capítulo XLIII - Sufocar

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Cometi um erro. Cometi um grande erro. Sem que eu percebesse conduzi Diário e Try para pontos críticos ao mesmo tempo e então estagnei. Por isso comecei a escrever uma outra história e me afundei nela, mas então cometi o erro de conduzi-la a um ponto crítico e estagnei nas três histórias. Muito inteligente da minha parte, eu sei.

Estou há semanas com um engasgo na garganta, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e uma vontade desesperadora de chorar sem sentido algum. Esse engasgo foi me sufocando, simplesmente porque não consigo chorar e não sei porque, não entendo o motivo, mas não consigo chorar. Então eu sinto lentamente que estou sufocando, me afogando... me afundando... e não sei o que fazer.

Ele se sentou perto da cabeceira elevada da cama, ergueu os dedos e tocou os cabelos loiros.

- Está tudo bem Quinn... - Schuster sussurrou. – Tudo vai ficar bem.

*Diário*

- Oh... então é por aqui que você quer começar? – A mais velha perguntou arqueando as sobrancelhas. – Bem... tudo bem.

A mais nova piscou quando saíram para a luz do sol. Era o estacionamento do lado de fora de uma capela.

- Merda. – Quinn murmurou vendo uma versão mais nova de si mesma entrar no carro de Finn.

- Ele te rejeitou por ela e você pensava no baile. – A mais velha a viu se aproximar lentamente do carro. – O que te doeu mais? Perder ele? O baile? A vida que você estava tentando ter de volta e escapou entre os seus dedos de novo?

Quinn lambeu os lábios vendo sua versão mais nova sair do carro e então Rachel saindo da capela acompanhada de Sam.

- Para. – Murmurou.

A mais velha se apoiou em um carro próximo.

- Eu estava com raiva. – Quinn murmurou engolindo a saliva. – Eu estava com muita raiva. Ele... ele... - Quinn parou e olhou para baixo tentando respirar. – Ele estava me deixando porque não me amava... eu não era boa o suficiente para ele me amar... e eu estava me esforçando tanto para agrada-lo. Eu nem ao menos o amava por mais que eu tentasse. Eu estava com tanta raiva dele poder ama-la. Eu... eu estava com tanta raiva dele ser capaz de sentir tudo o que estava sentindo sem um pingo de culpa.

- Você também podia. – A mais velha falou suavemente.

- Não, não eu não podia. – Quinn negou com a cabeça, os olhos fechados bem apertados, o ar estava tão difícil de entrar. – Eu não podia simplesmente me olhar no espelho e admitir que estava apaixonada por ela. Eu não... eu já tinha perdido tanto, estava apavorada de admitir isso e não poder voltar atrás. De ficar só no mundo outra vez.

- Foi por isso que você tentou se matar? – A voz ficou mais suave.

Quinn ergueu o rosto encarando seu próprio rosto mais maduro. As linhas de expressão suaves e aqueles olhos... olhos verdes tranquilos.

- Eu tentei me encaixar, eu tentei do meu jeito torto me encaixar. – A mais nova lambeu os lábios secos. – E acabei com uma doença incurável. Uma doença que fazia com que eu me sentisse suja... quem poderia me amar? Quem poderia me acolher? Quem poderia me aceitar se nem eu mesma conseguia fazer isso? Eu achei que era o mais fácil, eu não teria que ver todos me darem as costas outra vez, mas Santana...

- Sabe, de um jeito meio torto... Santana sempre está lá. – A mais velha ofereceu um pequeno sorriso. – E eu fico feliz por ela ter te impedido. Você não teria recebido tanto amor se ela não tivesse feito.

A mais nova olhou para o carro outra vez, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- Um dia você disse para Rachel que naquela época vocês não tinham maturidade para estarem juntas, lembra?

Diário 2.0 - FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora