Lembro de falar sobre insegurança... lembro que tinha feito uma analogia com pessoas que tem receio de provar novos sabores de sorvete. Bem, foi uma boa analogia... naquele momento eu achava que eu era o tipo de pessoa que se lambuzava com sorvete. Agora entendi que sou do tipo que gosta da segurança de ter uma taça onde um sabor é conhecido e por cima existe apenas um pouco de um novo sabor. Percebi que ter um pouco de cautela diante de uma decisão é algo necessário para a autopreservação, o problema é quando o medo te impede de tomar uma decisão. Use o medo como trampolim para ir além, mas lembre-se... tudo bem ter uma base conhecida antes de pular.
Tomou um gole da caneca de café olhando pela janela. Ela podia ver a ponte Golden Gates recortada naquela manhã clara, andou até o escritório sentindo a madeira debaixo de seus pés nus. As paredes escuras do quarto lhe receberam quase que com saudades, Quinn olhou para o quadro de cortiça que cobria a parte de trás de sua mesa e caminhou até ela. Deixou a caneca no apoiador que já deixava ali propositalmente, pegou uma caixinha de alfinetes e a lixeira. Começou a retirar os papéis que podia e a descarta-los na lixeira antes de coloca-la no chão e se sentar na cadeira pegando um bloco de notas.
Uma boa caneta tomou lugar entre seus dedos e escreveu os tópicos que havia pensado, o prendeu no quadro e pegou a caneca voltando a se sentar na cadeira e olhar para o papel. Brincava com a caneta a rodando entre os dedos enquanto a mente trabalhava com aqueles três pontos cruciais que ela queria tanto trabalhar.
*Diário*
Rachel estava cortando o que seria a salada que iria ter de almoço, estava quase na hora de sair para o ensaio geral antes da apresentação da noite. Olhou para a caixa de som de onde começou uma melodia desconhecida. Ela gostava de abrir o aplicativo de músicas e colocar em alguma playlist aleatória para descobrir coisas interessantes que fugiriam de seu gosto musical comum. Era a letra que a atraia para aquela que tocava. As vozes dos cantores se mesclavam de forma harmônica, mas a voz feminina tinha uma força que parecia hipnotizar a atriz, eles cantavam sobre alguém que tinha mapas e caminhos traçados onde suas esperanças estavam depositadas. E cada um dos seus planos falhou e a pessoa precisou dar um novo rumo, se reerguer de novo e de novo. Mesmo com hematomas e cicatrizes, a pessoa a quem a música se referia não deixou de tentar, mesmo com medo e sem acreditar na própria força. A música era sobre alguém que tinha tudo para não tentar mais e tinha medo do passado que poderia trazer coisas ruins. A música falava que eram nesses momentos que a pessoa poderia lhe procurar e ela estaria ali, pois mesmo quando tudo estivesse caindo se a pessoa ainda tivesse forças para caminhar ela voltaria para casa. Rachel sentiu a pele arrepiar ao entender que a música poderia ser aplicada a Quinn... e a ela? Apoiou a faca contra a tábua de corte e olhou pela sua cozinha pensando no que aquilo realmente significaria. Ela e Quinn. Ela perdoava a autora e isso era um fato que nunca poderia ser questionado, ela perdoara Quinn ainda na época do colégio. E ela decididamente não seria hipócrita em negar que estava sexualmente atraída pela mulher, algo em Quinn... nessa nova Quinn que se mostrara... era fascinante. Talvez fosse a desenvoltura com a qual falava. A firmeza com a qual se colocava. A surpreendente abertura emocional que a mulher exibiu. Ou o olhar... talvez fosse o olhar que Quinn tinha ao lhe encarar... ela nunca realmente parara para prestar atenção nos olhos de Quinn, eram uma mistura de verdes com castanhos que ela não podia definir. Mas a mulher loira lhe olhava com uma ternura e uma intensidade que para Rachel eram desconhecidos, era uma forma sensual e eletrizante. Rachel fechou os olhos engolindo a saliva que se juntara em sua boca, respirou lentamente soltando o ar pelos lábios entreabertos. E aqui estava ela, uma mulher de 28 anos que ganhara 2 Tony's e 1 Drama Desk, que já fora noiva e conhecia os prazeres de um corpo feminino. Pegou o celular e discou rapidamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário 2.0 - Faberry
RomanceQuinn Fabray se tornou uma autora de sucesso e está em turnê para a promoção de seu último livro. Uma das paradas é em New York e em uma noite de autógrafos ela recebe uma visita inesperada. Para Rachel Antigamente os viajantes utilizavam as estrela...