Capítulo XX - Leroy

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Eu me lembro de um capítulo de Diário 1.0... capítulo XV – Caminhos. Eu lembro que foi quando eu decidi largar a faculdade de Direito, eu lembro que eu não queria dar o braço a torcer e assumir que tinha cometido um erro. Que eu não servia para aquilo, também era insegurança sobre o que diabos eu faria da minha vida. Eu lembro que minha mãe me abraçou e disse que estaria comigo em cada passo que eu desse, mas a decisão seria minha. Um pouco antes da minha formatura eu perguntei a ela se ela se lembrava desse momento e ela me confessou que não, mas eu acho que nunca vou esquecer das palavras sussurradas naquela noite. Parafraseando Antonio Machado outra vez "caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar." Apenas se lembre que não é porque pegou um caminho que ele sempre deve ser o único, sempre podemos retroceder ou pegar uma direção diferente em uma bifurcação.

Ela abraçou as compras enquanto procurava suas chaves nos bolsos da calça.

- Ah, então você não estava em casa. – Ela ergueu a cabeça assim que ouviu a voz profunda do pai, parou no meio da calçada olhando para o homem de pele escura que lhe olhava atentamente. Os fios de cabelos brancos haviam aumentado desde a última vez que o vira e certamente algumas rugas eram novas. Ela olhou para o homem que estava ao lado do pai e percebeu que ele visivelmente tentou se esconder. – Estava te ligando, achei que era mais uma birra sua.

- O que o senhor está fazendo aqui? – Ela se aproximou, as chaves firmemente seguras em sua mão.

- Jeremy tem algumas audições e eu resolvi vir te ver. – Leroy franziu as sobrancelhas. – É pecado querer ver a filha?

Rachel passou por ele e enfiou a chave na porta, parou por um momento e respirou fundo. Se lembrou da conversa com Hiram e apertou seus olhos bem fechados antes de falar.

- Eu vou fazer o almoço, se vocês quiserem estão convidados. – Ela abriu a porta e passou, quase podia sentir o pai lhe seguindo de perto.

Ela não falou, não se mexeu enquanto o elevador subia. Podia sentir o clima tenso e o ignorou mantendo seus olhos fechados e sua respiração constante, assim que o elevador parou ela andou apressadamente até sua porta e a abriu. O barulho distante de seu celular a fez olhar para a mesa de centro.

- Sintam-se a vontade. – Ela murmurou indo pegar o aparelho, podia sentir os olhos do pai lhe examinando firmemente.

Viu que a ligação perdida era de Sam e a retornou enquanto voltava para a cozinha deixando as compras em cima da bancada. Colocou a ligação no viva-voz e abriu a geladeira para guardar os mantimentos.

- Você está no viva-voz. – Avisou assim que o homem atendeu.

- Está acompanhada? – Sam perguntou curioso. – Preciso me esconder de Quinn?

- Não, não dela. – Ela respondeu enquanto separava os ingredientes do almoço. – Leroy veio para uma visita. O que foi?

- Eu preciso falar com você. – Ela ouviu o suspiro pesado do agente. – Tem como você me encontrar?

- Não posso, tenho compromisso depois do almoço. – Ela respondeu pegando a tábua de corte. – Não íamos jantar com os produtores?

- É sobre isso. – Sam ficou em silencio. – Posso ir ai?

- Estou fazendo caçarola de abóbora. – Ela respondeu com um pequeno sorriso.

- Estou chegando. – Ele falou apressado. – E não ouse não guardar um pouco para mim.

Ela desligou o aparelho e viu o pai espreitando do portal.

- Está tudo bem? – Ele perguntou se aproximando, ela percebeu Jeremy vindo acanhado... entendeu que o homem preferia estar em qualquer outro lugar do que ali.

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