Capítulo XVIII - Casa

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Eu me peguei pensando na maneira como em Diário 1.0 elas são... dependentes. Isso me incomodou. Passei a pensar que o que faz um relacionamento ser sólido e duradouro não é a dependência e sim o companheirismo e o respeito de saber quando o outro precisa de espaço e quando precisa de proteção. Divida a vida, mas não coloque no outro a responsabilidade da sua felicidade. Não faça do outro a sua casa, seja a sua própria fortaleza, mas se permita a encontrar no outro companheirismo. Seja você primeiro e "vocês" depois.

Ela ouvia estalos. Ela sentia o calor. Ela ouvia os gritos. Ela aspirava a fumaça. Alguém a empurrara e ela estava dentro do fosso da banda. Ela não conseguia sair... era tão alto e estava tão quente. A fumaça lhe sufocando lentamente. A atriz olhou para cima e viu Quinn parada na borda do fosso, a autora estava simplesmente lá parada lhe olhando. Rachel queria gritar para que ela corresse, queria gritar para que Quinn se salvasse, já podia sentir as chamas em suas costas. Ela não podia fazer nada enquanto as chamas lentamente avançavam sobre Quinn, olhou em volta e percebeu que as chamas que antes lhe cercavam haviam sumido e ela já não estava mais no fosso. Estava no palco. A plateia queimava e Quinn estava sentada na primeira fileira bem ao centro. Ela não conseguia se mexer, gritar, falar, ela só podia assistir... assistir Quinn queimar lentamente...

Abriu os olhos com a respiração ofegante, seu coração acelerado e a adrenalina correndo em suas veias. Se virou vendo a cama vazia. As cobertas frias indicavam que Quinn havia saído já algum tempo, se levantou ainda se sentindo trêmula e o estomago enjoado era só uma indicação que ela poderia vomitar. Foi até o banheiro pegando seu roupão e rapidamente saiu do quarto seguindo pelo corredor até as escadas. Entrou pelo corredor ao lado e andou até a porta do escritório, a empurrou delicadamente e foi surpreendida por Quinn sentada na escrivaninha escrevendo furiosamente em um papel. Ficou parada olhando para a loira que olhava para o computador e voltava a escrever, então a mulher se levantou e prendeu o papel no quadro. A autora examinava o quadro com atenção, se virou para pegar a caneca na mesa e finalmente percebeu Rachel.

- Hey... - Puxou os fones de ouvido para fora os deixando na mesa. – Eu acabei tendo uma ideia e precisei levantar antes que eu acabasse esquecendo e quando vi... - Ela parou de falar e franziu as sobrancelhas, deixou a caneca na mesa e andou até a mulher lhe segurando pelo rosto. – O que houve?

- Eu tive um pesadelo. – Rachel lambeu os lábios. – Apenas... eu acordei e você não estava na cama.

- Me perdoa. – Quinn acariciou as bochechas da judia. – Quer conversar?

- Sim. – Rachel inclinou o rosto para a mão da mulher.

Quinn a puxou para entrar no escritório e se sentou na cadeira a puxando para seu colo.

- Eu... - Rachel fechou os olhos e se levantou. – Podemos subir?

Quinn salvou o trabalho no computador e fechou o documento antes de desliga-lo. Segurou a mão da atriz e saíram do escritório voltando para o andar de cima, viu Rachel deixar o roupão no chão e voltar para a cama puxando as cobertas. Quinn deitou ao seu lado e a puxou para seu corpo.

- Melhor? – Perguntou acariciando as costas da mulher.

Rachel se apertou a mulher enfiando a cabeça sob o queixo da autora.

- Eu sonhei que estava no teatro. – Começou sentindo o carinho de Quinn. – Primeiro eu estava presa no fosso, o fogo chegando perto, e você estava encima me olhando e então de repente eu estava no palco e você na plateia. E o fogo já não estava perto de mim e sim de você... então eu fiquei parada... - Sentiu a lágrima escorrer e se apertou em Quinn, sentiu o beijo em seus cabelos. – Eu não consigo voltar para o palco, Quinn. Eu não consigo voltar para o palco. Eu me sinto mal só de pensar nisso, eu quero vomitar e chorar...

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