Capítulo XLIV - Tempestade

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Demorei? Acho que sim, né...

Esse capítulo e o que vai vir a seguir são um pouco difíceis. Eu não estou bem... mentalmente falando. Eu não ando nada bem e infelizmente, Diário mexe com coisas difíceis em mim e esse ponto da história está pesado. Estou tentando manter na mente que mesmo depois de uma noite de tempestade o sol sempre nasce. Clichê? Sim, mas é a verdade.

- Para! – Quinn gritou no meio da frase do pai.

A cena congelou. O mundo congelou. O choro da mãe, o olhar confuso e assustado de Finn... seu próprio choro parou. Aquela Quinn de 16 anos. Aquela menina apavorada e com tanta raiva estava congelada com a mão no rosto.

Apoiou as mãos nos joelhos e inclinou o corpo na direção do chão tentando respirar. Reviver aquela cena, toda aquela dor... reviver tudo aquilo era tortura, ela tinha que concordar.

- Respire, Lucy. – Ouviu sua versão mais velha falar. – Se lembre de respirar.

Ergueu o rosto e viu seu próprio rosto mais velho tentando conter as próprias emoções.

- Ele sempre foi um babaca? – Perguntou endireitando o corpo. – Finn. Ele sempre foi babaca?

- Na nossa história? Sim, em outras também. – A mais velha se aproximou lentamente. – Finn raramente entende o porquê de Rachel ficar conosco. É triste, ele é importante para Rachel, então é sempre doloroso para ela.

- E para nós?

A mais velha inclinou a cabeça.

- É difícil. – A mais velha encolheu os ombros. – Para ser honesta, Finn foi importante para nós de algum jeito. Ele é um imbecil, não vou negar, mas ele teve uma importância na nossa vida. Então quando ele nos ataca sem reservas de nos machucar, ele consegue.

A mais nova respirou fundo e deu as costas para a cena. A mais velha ficou em silencio.

- Você disse que ele te rejeitou.

A mais velha suspirou antes de se sentar na mesa ao lado da versão muito mais nova das duas. Olhou para Russell.

- Era noite de natal, eu criei o habito de fazer caridade durante o natal. Estava com Benjamin e Frannie servindo o almoço no centro comunitário, quando Russell apareceu. – Lambeu os lábios ainda olhando para o pai. – Ele ficou com vergonha e fugiu, eu fui atrás. Eu disse como eu ainda o queria na minha vida, como eu... como eu queria que meus filhos o chamassem de avô. Ele me rejeitou, mas queria Benjamin, ele não me quis... eu estendi a mão para ele, mas ele simplesmente não me queria. Ele morreu naquela noite, ele tinha um problema cardíaco e simplesmente morreu sozinho em uma praça. A ironia é que... eu estava lendo Grinch para as crianças.

- Em algum momento você conseguiu perdoa-lo?

- É complicado... - olhou para a mulher que ainda estava de costas. – Ethan nunca tinha ouvido falar sobre o meu pai, nosso pai..., mas um dia eu precisava viajar para divulgar um livro. Durante a conversa, Ethan falou o nome de um dos meus lugares favoritos em Paris... quando eu perguntei como ele sabia aquele nome, a resposta dele foi "vovô Russell".

Lentamente Quinn virou o rosto para encarar sua versão mais velha. Ela levou um momento para se examinar. Examinar aquela Quinn, a Quinn que tinha uma história parecida com a sua. A forma como os fios de cabelos brancos se misturava aos loiros, as pequenas rugas próximas aos olhos... as linhas de expressão entorno dos lábios. Instintivamente ela soube que aquela versão mais velha de si mesma sorria muito... o pescoço esguio já começava a apresentar alguns sinais da idade.

- Sabe... eu o queria tanto na minha vida. Queria que ele fosse meu pai...queria que ele sentisse orgulho de mim, mas ele não queria. – A mais velha continuava olhando para Russell. – De algum jeito que eu nunca vou poder entender... meu filho sabia sobre ele e sobre algo que eu nunca tinha contado. Gosto de pensar que Russell tentou se redimir, mesmo depois de morto, que ele encontrou paz e amor.

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