Capítulo XIV - Medo

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Me acompanhem nessa pequena história... uma bela segunda feira no final de agosto de 2017 eu fui trabalhar pela manhã e a noite eu tinha aula. Me sentia cansada, mas não dei muita atenção ao fato. Conforme o dia foi passando eu me sentia mais e mais cansada e usei a minha bombinha de emergência, mas não sai de Niterói afinal de contas eu tinha aula. Eu usei a bombinha 3x num espaço de 1h mais ou menos enquanto o professor fazia a introdução da aula, era a primeira do semestre. Me lembro de olhar para a amiga que estava atrás de mim e falar que iria embora porque não estava aguentando, ela me olhou com medo. Eu não tenho ideia de qual era a minha expressão na hora, mas o amigo que estava ao lado também não parava de me olhar preocupado. Sai da UFF ainda não eram nem 20h e peguei o ônibus de volta para o Rio às 20:20. Veja bem em um espaço de... coloquemos uns 20mins... eu comecei a tremer. Enviei mensagens para os meus pais avisando que estava em crise de asma e estava voltando. Não me perguntem como eu voltei para casa, apenas me recordo que ao invés de seguir a Avenida Brasil o ônibus subiu pela linha amarela e eu fiquei totalmente perdida porque estava simplesmente um breu. Quando eu desci do ônibus meu pai me enfiou dentro do carro e saiu cantando pneus para o hospital, ele disse que eu não tinha cor. Fui atendida e liberada para casa com 2 dias de atestado. Naquela terça-feira eu fiquei na casa da minha avó... perto das 18h eu vim para casa e me lembro de ligar a televisão para ver a novela das 18h(obviamente)... era qualquer coisa de Dom Pedro... e eu senti uma vontade quase louca de tomar limonada. Eu estava bem e respirava bem, levantei do sofá, fui a cozinha, fiz uma limonada e voltei para o sofá. Eu parei de respirar. Eu não tinha forças para gritar por ajuda. Eu não tinha forças para pegar o celular que estava a míseros 40cm da minha mão. Por algum milagre(apenas falando dessa forma) a minha mãe entrou em casa quase que no minuto seguinte, ela olhou para mim e gritou por ajuda. Me enfiaram dentro de um carro e o motorista acelerou tanto que segundo a senhora minha mãe fizemos um percurso de 20mins entre 5 e 10mins. Eu apaguei. Perdi a consciência dentro de um carro enquanto minha mãe me segurava e rezava. Tive uma pequena convulsão pela falta de ar. Eu quase perdi o pulmão direito por uma pneumonia assintomática, o único sintoma que ela me deu foi uma crise de asma. Fiquei 10 dias internada e mais 2 meses de terapia respiratória... você se pergunta agora o porquê eu contei essa história enorme... é porque eu queria que você sentisse medo. O medo te paralisa. O medo te da falta de ar, te faz tremer... apagar... não reagir. Já pensou no que é viver com medo? Bem, acredito que a grande maioria aqui viva, afinal... temos um asno no poder que acha que uma boa surra pode nos "endireitar". Mas você pode imaginar o que é viver com medo de transmitir uma doença a quem você ama? O que é estar sempre vigilante? Isso é mais do que medo... é o mais completo pavor.

Rachel revirava os olhos enquanto Quinn ria baixinho.

- Qual o problema com o carro? – A autora perguntou enquanto prestava atenção nas ruas.

- O problema é que você tem uma maldita Range Rover. – Rachel resmungou olhando pela janela. – Me sinto ainda menor parada do lado.

- E vai ser assim sempre que pegarmos o carro? – Quinn ainda sorria, desviou a atenção para ela por alguns momentos.

- Troque de carro e não será. – A morena resmungou sem dar o braço a torcer.

- Eu não vou trocar de carro porque você não quer se sentir pequena. – Quinn soltou uma risada baixa.

- Pra que um carro tão grande? – Rachel finalmente a olhou.

- Porque eu costumo ir para Los Angeles de carro. – Quinn respondeu calmamente. – São quase 6h de viagem e esse foi o carro mais confortável que eu achei e que cabe todas as coisas que eu carrego.

Ela não conseguia ouvir os resmungos de Rachel, então ligou o rádio sabendo que pelo menos do sistema de som a morena não poderia reclamar.

- Olha... não fica emburrada, a Julie foi gentil o suficiente de nos encaixar hoje, caso contrário só teríamos lugar na semana que vem. – Quinn deslizou a mão para fora do volante e acariciou a perna de Rachel.

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