Capítulo XXI - Respirar

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Às vezes você está tão cansado e tão oprimido que não tem nada a dizer. Apenas quer ficar em silêncio tentando respirar para não sufocar.

Ela se sentou na frente da mulher que imediatamente lhe serviu a xícara de café. Rachel olhou atentamente para a mulher que estava ocupada em lhe estender a xícara.

- Obrigada. – Murmurou com um pequeno sorriso.

- Como você está? – Ela perguntou olhando para a pequena judia.

- Estou bem. – Rachel deu um pequeno sorriso e viu a mulher arquear as sobrancelhas escuras. – Ainda não consigo mentir para a senhora, não é mesmo?

- Você é uma ótima atriz, mas mente terrivelmente. – Carmen Tibideaux a olhou por cima dos óculos. – E eu ouvi pelo meio que você dispensou algumas peças.

Rachel suspirou e tomou um gole do café.

- Estou... tentando. – Ela respondeu e viu a mulher acenar positivamente com a cabeça. – Acho que preciso de um tempo dos palcos, talvez explorar outras coisas... focar mais em mim.

- Cansou? – A mulher perguntou ainda examinando Rachel atentamente.

- Não... quer dizer... - Rachel suspirou. – Oito shows por semana podem ser cansativos, as entrevistas e fotos... cansa, mas nunca consigo me cansar da sensação de atuar e estar lá. O problema é que eu preciso de um tempo para me curar, eu não sei se essa é a palavra apropriada.

A mulher concordou com a cabeça outra vez como se tivesse gostado da resposta. Rachel sempre se sentia exposta pelo olhar penetrante da mulher.

- Eu imaginei que fosse algo assim, quando ouvi dizer que você havia recusado o papel principal em Waitress. – Ela falou calmamente. – E um papel em Hairspray... - Ela tomou um gole da xícara e suspirou. – Tenho uma proposta.

- Uma proposta? – Rachel arqueou as sobrancelhas.

- Talvez você aceite dar algum curso aqui em NYADA? – Carmen se inclinou colocando a xícara na mesa. – Um curso curto de aperfeiçoamento para as classes avançadas, nada muito extenso, mas algo para te fazer se inspirar.

Rachel arqueou as sobrancelhas e exibiu sua surpresa.

- Aqui? – Perguntou erguendo um pouco a voz, limpou a garganta. – Quer dizer...

- Bem, você fez uma graduação dupla... - Carmen encolheu os ombros. – Você também é uma professora habilitada de atuação, e se quiser pode conseguir habilitação em canto e dança também... se for mais do seu agrado NYADA sempre estará disposta a te receber.

Rachel ficou parada e em silencio olhando para a mulher, não sabia o que responder.

- Pense a respeito. – Carmen falou com o mesmo tom professoral de sempre. – Converse com seus pais, seu agente, sua namorada... apenas pense a respeito antes de negar.

Concordou com a cabeça. Ela pensaria no que fazer... ainda precisava de um salário no final das contas. Carmen se ergueu outra vez.

- Agora que tiramos isso do caminho... - Ela falou enquanto pegava uma pasta. – Eu gostaria de falar com você sobre outro assunto. Com este... infeliz acidente... se criou uma ferida que está sangrando lentamente, todos sentiram. Fomos atingidos, fossem ex-colegas de trabalho, amigos, maquiadores... perdemos pessoas naquele dia. E acredito que precisamos fazer algo para começarmos a... nos curar... - Ela sorriu com o termo. – Sim, você usou a palavra correta. Todos nós precisamos de tempo para nos curarmos e precisamos nos sentirmos uteis em algo, é por isso que NYADA quer fazer uma ação social. E eu gostaria que você estivesse presente.

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